sábado, maio 31, 2008



CASA CASA CASA


Uma casa ampla, translúcida. As paredes de vidro convidam a luz a invadir os cômodos, cortados por concreto. E integram o dentro e o fora. Foi nesse ambiente que cresceu o escritor e filósofo suíço Alain de Botton. Talvez os traços retos e permeados de contemporaneidade de sua primeira morada sejam os pilares para suas atuais idéias sobre o habitar. Parte da função de qualquer construção é refletir sua época e sua localização, afirma. Radicado na Inglaterra, o escritor está entre os maiores responsáveis por levar o debate filosófico para as ruas. Alain de Botton já enveredou por temas como amor, filosofia e turismo em seus ensaios. E centra sua reflexão sobre a arquitetura em torno do quanto ela pode representar nossas aspirações e nos ajudar a desenvolver ao máximo nosso potencial humano. É sobre isso que o autor fala nesta entrevista. O tema também é discutido no DVD Arquitetura da Felicidade, escrito e apresentando por ele, um lançamento que VIDA SIMPLES traz para você este mês, já nas bancas.

Qual é a relação entre arquitetura e felicidade?

A beleza tem grande influência no nosso humor. Quando falamos que uma cadeira ou uma casa é bonita, o que realmente estamos dizendo é que gostamos do modo de vida que ela nos sugere. Aquele objeto tem um jeito que nos atrai: se, em um passe de mágica, ele se transformasse em uma pessoa, gostaríamos dela. Mas a beleza não necessariamente nos faz sempre felizes todos nós sabemos quando nossos problemas são grandes demais para serem resolvidos por uma pintura ou uma vista agradável. Porém, belos cenários são lembretes de momentos de satisfação e bem-estar. Eles se tornam importantes exatamente porque não estamos sempre felizes. Alguém que estivesse sempre feliz encontraria muito pouco valor numa arquitetura bonita.

O lugar onde estamos pode afetar nosso humor?

Seria conveniente se pudéssemos manter o mesmo humor independentemente de estar em um hotel barato ou em um palácio. Mas, infelizmente, somos altamente vulneráveis às mensagens que emanam das coisas que nos cercam. É claro que, por si só, a arquitetura não pode nos transformar em pessoas sempre contentes. Tome como exemplo as insatisfações que podem surgir mesmo nos lugares mais idílicos. Poderíamos dizer que a arquitetura nos sugere um estado de espírito, mas podemos estar tão confusos internamente que não conseguimos captá-lo. Poderíamos fazer uma comparação com o clima: um belo dia pode mudar substancialmente nosso estado de espírito. Mas, com o peso de problemas amorosos ou profissionais, por exemplo, não há céu azul nem construção, por melhor que seja, que nos faça sorrir.

Daí a dificuldade de tentar elevar a arquitetura a uma prioridade política: ela não tem nenhuma das indubitáveis vantagens da água potável ou do suprimento de alimentos. Ainda assim, continua sendo vital.

Beleza é uma promessa de felicidade?

Certa vez, o crítico de arte britânico John Ruskin observou que toda boa construção deve promover duas coisas: abrigar-nos e falar conosco. Falar das coisas que julgamos ser importantes e de que precisamos ser lembrados com freqüência. Em essência, as construções nos falam sobre o modo de vida mais apropriado para ser desenvolvido dentro e ao redor delas. Falam sobre certos estados de espírito que elas procuram encorajar e sustentar em seus habitantes. Enquanto nos mantêm aquecidos e nos auxiliam com sua funcionalidade, simultaneamente, as construções nos convidam a ser um tipo específico de pessoa. Elas falam de visões particulares de felicidade. Essa noção coloca no centro dos dilemas arquitetônicos a questão dos valores com que queremos viver e não apenas que cara desejamos que as coisas tenham.

Por que é comum os casais brigarem por causa de sofás?

Um determinado sofá pode sugerir todo um estilo de vida, uma atitude diante da existência. Essas discussões, comuns nas lojas de móveis, partem, na verdade, de um conflito sobre o que é significativo e realmente vale a pena. De um sofá geométrico de design italiano, um homem diria: Amei esse sofá. Na verdade, o que o atrai é a ordem, a lógica e a racionalidade que a peça sugere. Enquanto isso, sua esposa reclamaria dessa mesma peça porque ela adoraria infundir em seu casamento as virtudes da calma, da doçura e do romantismo que ela detecta numa chaise-longue estilo século 18. Por isso, as brigas nas lojas de móveis são inteiramente lógicas: algumas realmente colocam as coisas em jogo. Não deveríamos nos sentir constrangidos de desistir de uma pessoa por causa de seu gosto para sofás ou para canecas de cerveja.

Como uma casa pode integrar nosso mundo interior com o exterior?

O gosto das pessoas nos diz muito sobre o que falta na vida delas. Aqueles que decoram suas casas com bonecas ou ursos de pelúcia freqüentemente estão escapando de algo muito duro e cruel em suas vidas, enquanto aqueles cujas casas são brancas e completamente vazias estão usando a decoração para afastar sentimentos de caos e desordem. Então, por que tanta gente ama coisas passadistas? Estamos saudosos de um passado rural justamente porque estamos muito longe de ter uma vida rústica. Queremos nos afastar daquilo que pensamos que já temos demais: concreto, tecnologia. Muitas pessoas odeiam a arquitetura modernista exatamente por acreditar que ela não ajuda a contrabalançar sua psique, por ela oferecer mais daquilo que já se tem em excesso. Ainda assim, eu defendo a idéia de que parte da função de uma construção é refletir os valores e características de seu tempo e sua localização. Uma construção que ignora seu contexto cultural tem o mesmo problema de qualidade que uma casa nos trópicos, ou perto de montanhas, que tem janelas que não abrem.

Como seria a casa perfeita?

A casa é um lugar que dá suporte a quem você gostaria de ser idealmente: ela ajuda você a se manter em suas condições mais favoráveis e vantajosas. Ela lhe traz calma, se você é uma pessoa inclinada a entrar em pânico. Ela o remete à tranqüilidade da natureza, quando sua vida parece tomada pela rotina inflexível do mundo concreto. Ela lhe devolve a elegância que a vivência urbana diária o fez perder. Em outras palavras, a casa é um lugar de abrigo, não meramente físico, mas, ainda mais importante, psicológico.

Terei minha casa com um lustre colorido, uma luminária moderninha escrito "Sexo", um tapete de tigre (falso, lógico), bonequinhas Matrioska, aquela maçã vermelha metálica anos 50, uma chapeleira com chapéus de inverno, ao menos um preto de veludo e um de onça. Um sofá com esquina que tem espaço pra eu deitar de um lado e meu marido do outro e dá pra fazer outras cositas também. Almofadas com cores lisas misturas com outras com estampas. Ah! Um baleiro de vidro repleto de balas e docinhos pra oferecer às visitas, um biombo japa, uma tv bem grande com um DVD e os 100 canais da net, uma cama super king size com quatro travesseiros, dois pra ele e dois pra mim. Vou levar meu edredon de onça e meu poster "A serpente" do Klymt. Vai ter uma Barbie das bem glamourosas de enfeite! Sim, o Felipe sabe que eu sou assim excêntrica e o melhor elogio que eu já recebi dele é que se eu não fosse assim não seria eu. Dá muita felicidade ser reconhecida e amada exatamente pelo que a gente é. Da parte dele, meu amor deve querer um quadro com a cara do Dr Freud (meu marido é psicólogo e psicanalista), outra do Foucault e uma Deleuze também... além de objetos relacionados ao Futebol Americano. Ele joga futebol americano. Pode soar violento, mas pra mim é sexy e viril. Ele também vai querer algo que lembre pôquer, que ele ama! Objeto Coca-cola tb não podem faltar, ele é amante de coca-zero. Se eu pudesse comprava uma máquina de coca-zero pra nossa futura nova casa, será que pode? Rsrsrsrs... As coisas meio japa ele também vai adorar e eu vou dar pra ele um quadro de mar. Ele queria morar de frente pro mar, mas já que é muito caro, eu vou botar o mar dentro do quarto dele em forma de quadro, de frente pro nosso mar de cama super big sexy delicious confortable king size, com docéu ou um charmoso mosquiteiro. Ao menos uma parede vermelho coral eu não abro mão. Terei também uma torradeira que marca o pão de fôrma com uma carinha de Smile pra reforçar minha felicidade matinal e muito abajour pela casa toda pra fazer uma iluminação indireta agradável, bonita e sensual pro young lovely couple! Sim, veru young, ele faz 27 e eu 30. Viva os pombinhos!

JULIA

sexta-feira, maio 30, 2008




Egeo dolce woman

Fragrância inspirada no lado doce da vida. Para mulheres que são movidas pela paixão e sedução.
Estou in love com este perfume!

Fragrância:

Notas de saída: Sorvete de Framboesa, Nectarina.

Notas de corpo: Algodão Doce, Anis, Violeta, Madressilva.

Notas de fundo: Âmbar, Baunilha, Fava Tonka, Sândalo, M

quinta-feira, maio 29, 2008



Les chandeliers d'amour


Meu sonho de consumo atual é um lustre colorido da loja Iliá. Eu sou apaixonada
por lustres. Eu tive um namorado que tinha um lustre de cristal, daqueles clássicos, transparente em sua sala de jantar. Um luxo, não? Eu poderia tranquilamente usar uma daquelas peças maravilhosas e fazer um belo pingente ou mesmo um brinco (se o cristal não fosse tão pesado, ok).


Parafraseando o título em português do filme "Les parapluis de Cherbourg" (Os guarda-chuvas do amor) eu coloquei "Les chandelier d'amour" porque o objeto do meu desejo atualmente é o tal lustre.
Quando há animação sexual no ar é divertido usar os termos"subir no lustre" ou no abajour.

Também descobri navegando na internet um lustre em forma de genitália masculina. Muito inspirador e divertido, mas este, infelizmente não está a venda.
Aqui em casa nunca teve um lustre de verdade e eu preciso ter um em meu quarto. Preciso mesmoooo.

Eu não colocaria um clássico, todo transparente porque gosto de cores e do que para a maioria dos mortais é considerado over. Quero comprar e quero AGORA, rsrsrsrs...


beijos


La Rubia Chandelier

sexta-feira, maio 23, 2008





22/5/2008 01:03:00

Confira a crítica do musical 'A Noviça Rebelde'

Clássico da Broadway, espetáculo reinaugura o Teatro Oi Casa Grande, no Leblon

André Gomes


Foto Divulgação








Rio - Terça-feira, inauguração do Teatro Oi Casa Grande, pré-estréia de ‘A Noviça Rebelde’. Na platéia, uma menina de quatro anos cantarola os versos das canções.

É a prova de que o musical de Richard Rodgers e Oscar Hammerstein não envelheceu. Segue intacto na memória de pais que o apresentam aos filhos na versão cinematográfica de 1965. A que vemos na montagem brasileira que estréia hoje para público é fiel ao original da Broadway, de 1959.

Dirigida por Charles Möeller com letras traduzidas por Claudio Botelho, nossa noviça tem o frescor, portanto, de apresentar canções e situações que não entraram no filme. Tudo emoldurado pelos cenários magníficos de Rogério Falcão, que recriam as montanhas austríacas, a propriedade dos Von Trapp e a igreja de onde Maria parte para cuidar dos sete filhos do capitão. Möeller e Botelho embarcaram na aventura de encenar o mais popular musical de todos os tempos cientes dos desafios.

O obstáculo das traduções das canções foi superado com louvor: as versões de Botelho são fluentes e casam com a sonoridade das originais, que o digam ‘Do-Ré-Mi’ e ‘So Long, Adeus’. A cantá-las, o carismático elenco infantil é um dos trunfos do musical. A caçula, Thayani Campos, rouba todas as cenas e Hugo Carvalho (igual ao Harry Potter) faz um Kurt impagável.

A dupla acertou ao escalar Kiara Sasso como protagonista. Sua voz, impecável, segura a missão de estar presente em quase todas as músicas. Mirna Rubim, como a madre superiora, tem performance vocal arrebatadora em números como ‘Sobe a Montanha’ (‘Climb Ev’ry Mountain’). Herson Capri, por sua vez, está ótimo na sisuda figura do Capitão que com o tempo deixa o coração amolecer, mas sua limitação vocal é um revés.

As figuras do excêntrico Max e da baronesa são responsáveis por cenas divertinas, graças à sintonia entre Solange Badim e Fernando Eiras. Bruno Miguel, como Rolf, brilha em ‘Dezesseis e Dezessete’. Os figurinos de Rita Murtinho vestem os personagem com adequação e a luz de Paulo César Medeiros é elegante.

A montagem só tem a crescer com a temporada — entre as conquistas, um pouco mais de emoção aliada à já elogiada técnica seria desejável. Programa indicado à toda a família, esta montagem de ‘A Noviça Rebelde’ é a prova irrefutável da excelência alcançada por nossas produções no gênero.

Jornal O Dia


Deixando o público de bom humor


Crítica "A Noviça Rebelde": Um espetáculo encantador e agradável ao ouvido


Usando o texto do original para teatro e não o roteiro do filme, “A noviça rebelde” em cartaz é exemplar, emociona, diverte, deixa todo mundo de bom humor. A trama é uma romantização da história da família Von Trapp, com base em alguns episódios verdadeiros. Os autores foram dos primeiros a encontrar a fórmula para o verdadeiro musical americano, no qual a música se integra na ação dramática, faz caminhar a ação e, ao mesmo tempo, embala ouvidos e corações. Particular atenção merece a fluência da tradução de Cláudio Botelho, já um especialista no gênero.

A montagem usa lindos cenários, de Rogério Falcão, mas não se trata de clone: marcas, andamentos e tons são nacionais, dentro dos limites de liberdade que o musical permite; os figurinos de Rita Murtinho são ótimos, e a luz de Paulo César Medeiros, a não ser por pequenos tropeços de estréia, é de grande categoria. A direção musical é de Cláudio Botelho e Marcelo Castro, que rege a orquestra com grande contribuição para o sucesso.


A Madre Superiora de Mirna Rubim se destaca

A direção de Charles Möeller é leve e elegante, com um belo trabalho com o grupo infantil, sempre natural e, ao mesmo tempo, impecavelmente disciplinado. Seu manifesto carinho para com os musicais colore todo o trabalho, cuja alegria envolve a platéia. Em um espetáculo como “A noviça rebelde”, é difícil avaliar contribuições individuais, já que o conjunto do espetáculo é o que fica na memória. Mas, sem dúvida, o conjunto das freiras e, principalmente, a Madre Superiora de Mirna Rubim estabelecem desde logo a qualidade vocal do conjunto. Os sete filhos do Capitão estão encantadores e de um profissionalismo impecável; Dudu Sandroni e Ada Chaseliov estão corretos; Bruno Miguel defende bem o jovem Rolf; a Baronesa de Solange Badim tem a voz e a elegância adequadas ao papel, enquanto o Max de Fernando Eiras é uma criação divertida que dá vida à cena. O Capitão de Herson Capri é competente e elegante, e Kiara Sasso tem linda voz e se integra muito bem com as crianças. É impossível falar de todo o elenco, a não ser para dizer que o conjunto está mais do que satisfatório.

“A noviça rebelde” é um espetáculo encantador, lindo, agradável ao ouvido, e mostra mais uma vez que, quando se quer trabalhar com amor, o teatro brasileiro pode alcançar níveis de qualidade excepcionais.



Por Barbara Heliodora - O Globo - 22/05/08.
A magia dos Von Trapp

Versão de Charles Möeller e Cláudio Botelho acerta ao realçar o que deu certo no clássico de 1959

Macksen Luiz

Um clássico é um clássico, seja a que gênero pertença. Na área das comédias musicais, do selo Broadway, A noviça rebelde, da dupla Richard Rodgers e Oscar Hammerstein II, merece o epíteto de clássico, não só pela música marcante como pela história real derramada de romantismo e difusão internacional pelo cinema. Por mais que sejam conhecidas a trama e as canções, a presença das crianças e da noviça cantantes continua a ser um tiro certeiro na boa recepção das platéias. Essa inesgotável adesão do público a este musical de quase 50 anos se explica pela renovação geracional e pelo lastro que se criou.

A montagem de um espetáculo que está na memória coletiva não dá margem a qualquer invenção ou novidade. O importante é acentuar os elementos que mantêm a popularidade e as imutáveis reações de aceitação das platéias. A versão de Charles Möeller e Cláudio Botelho, que inaugura o confortável e bem equipado Oi Casa Grande, segue com rigor, profissionalismo e qualidade técnica a cartilha do bom musical. Nada parece fora de lugar, tudo milimetricamente ordenado em duas horas e meia. O coro das crianças provoca o esperado aplauso, a cena romântica do capitão Trapp e Maria sugere suspiros, a última cena eleva o espectador ao apoteótico grand finale.

A dupla de diretores sabe como conduzir a platéia por cada uma dessas trilhas de efeitos, a começar pela tradução de Cláudio Botelho, que, uma vez mais, transpõe rimas precisas e espírito musical as canções originais. A tradução é escorreita, com musicalidade que adere ao ouvido. A direção musical de Botelho e Marcelo Castro e a orquestra de 15 instrumentistas estão perfeitas.

O cenário de Rogério Falcão, que aproveita as possibilidades técnicas oferecidas pelo novo teatro, enche os olhos com o sobe-e-desce de ambientes, a entrada de adereços e as projeções, essas um tanto menos eficientes. Os figurinos de Rita Murtinho complementam esse visual de apelo aos olhos. A iluminação de Paulo César Medeiros também explora os recursos da nova casa de espetáculo, em feérico jogo de luminosidades. A parte técnica funciona com precisão, o que confirma a maturidade do teatro brasileiro para o musical importado.

O elenco é extensão da mesma sofisticação técnica. Capazes de cantar, dançar e interpretar, sem que tais habilidades sejam exceções em palcos brasileiros, os 44 atores demonstram mais do que afinada formação, mas depurada disciplina para transmitir, com leveza, as exigências de um musical da Broadway. O coro das freiras, com destaque para Mirna Rubim, ocupa a cena com harmonia poderosa e ganha a platéia com a sua autoridade vocal. As crianças, de infalível comunicabilidade com o público, equilibram as bem preparadas vozes com interpretações simpáticas. Kiara Sasso, com voz límpida e tipo físico que se ajusta à meiga Maria, cumpre as suas funções em cena sem deslizes. Herson Capri, ainda que não seja cantor, desempenha com facilidade o que se exige do capitão Trapp.

Solange Badim tem bons momentos cantando e atuando. Fernando Eiras tira o melhor partido, enfatizando o humor, do individualista Max. Dudu Sandroni e Ada Chaseliov têm participações discretas, como exigem os seus circunstanciais personagens. Os demais atores, em papéis menores, não destoam do equilibrado conjunto de um musical bem-realizado, que reforça a expectativa de encontrar o já conhecido e de se encantar com os efeitos de uma história tantas vezes contada.

[ 22/05/2008 ]
Fiquei muito feliz com esta crítica de Macksen Luiz do Jornal do Brasil!

quinta-feira, maio 22, 2008



Amor, amo muito você! Momento egotrip "love of my life" breguinha, mas não menos sincero, amei!


quarta-feira, maio 21, 2008

DO NOTHING, DO IT IF YOU CAN

Ist's a huge thing

Pessoas passionais, extrovertidas e espontâneas como eu sempre fazem algo, ou dizem o que pensam, o que sentem. Tudo isso é pra eu me sentir melhor, pra deixar as coisas em pratos limpos, ou mesmo porque sou assim mesmo, impulsiva. Se eu ficar muito aborrecida sou do tipo que pode ensaiar colocar as mãos nas cadeiras pra dizer o que sinto quando algo me desagrada.

Mão nas cadeiras pra uns e dedo no rosto do interlocutor pra outros é sinônimo de força, combatividade e uma maneira não se omitir à respeito das coisas. Muitas vezes o dedo no rosto é pertinente porque o mundo tá cheio de gente sem noção que precisa ouvir umas poucas e boas quando fazem coisas ou dizem coisas que nos desrespeitam. Concordo com essa atitude em algumas situações porque detesto gente omissa. Detesto gente covarde, que fala pelos cantos, na sombra...

Mas tem uma outra situação que me interessa mais e que requer muito mais força, na qual tenho pensado, que é mil vezes mais difícil de segurar (ao menos pra mim) que é o "do nothing moment".

DE JULIA Porto PRA JULIA Porto

-E agora, o que eu faço? O que eu falo? Falo alguma coisa?

_ Não, não faça nada..

_ Como não? Vou ficar de braços cruzados?

_ Pode cruzar ou não, pode sentar, pode tomar um chá, mas com relação ao que te aflige não faça nada, não dê opinião. Não faça nada.

_ Mas "fazer nada" não é nada, horas!!!!

_ Você se engana, não fazer nada é fazer muita coisa na maioria das vezes. Se segura, não faz nada.

_ Mas eu quero fazer algo, dizer algo...

_ Eu sei que você quer, mas se segura. Eu sei que é difícil pra você. A maioria luta pelo contrário, pra conseguir tomar a iniciativa, pra dizer o que pensa, o que sente... você não... eu te conheço bem, eu sei como você se sente.

_ Seja forte, bunitona. Você que adora idiomas e adora expressões inglês: DO NOTHING.

segunda-feira, maio 19, 2008





CAMARIM LUXO SÓ!



Estou dividindo camarim com outras atrizes/cantoras maravilhosas! O clima é divertdíssimo e amo minhas amigas Esterzinha, Reja, Mangabinha, Maíra, Nanda e Paolita! Esta semana é a minha estréia no teatro musical! A voz está em cima, a interpretação idem, o coração está calmo e minha bancada no camarim, das 7 fêmeas, é a mais perua, claro! Com direito a um buda fúcsia, uma caixa de onça, meu nome em imã rosa pink, imã de Marilyn Monroe e fotos de my life.
Segunda-feira, dia 19 é a primeira pré-estréia de A NOVIÇA REBELDE, terça tem outra, e quarta mais outra até a estréia oficial dia 22 de maio. Quero que vocês, amigas blogueiras, vão me prestigiar quando puderem, ok?

Beijos!

Julia Porto :)))) Estou muito feliz!



Amigas blog girls! Tomem nota desta dica imperdível deste Guia de perfumes. Comprei há uns dois meses atrás e agora lembrei de dividir mais esta com vocês. É bem divertido e informativo sobre o mundo dos aromas. Eu, por exemplo descobri que TODOS os perfumes que eu gosto tem a baunilha presente intensamente. São eles: Dune, Lolita Lempika, Amarrige e até... acreditem... a colônia Ops! do Boticário. Sim, baunilha é uma das fragrâncias mais doces que há e é onde eu me encontro. É sexy e provocante. Meu mundo está perfeito porque meu namorado AMA sentir o cheirinho doce dos meus perfumes, se ele não gostasse não daríamos certo.

GUIA DE PERFUMES

Renata Ashcar lançou no início do ano, no mês de março, o Guia de Perfumes (Duetto Editorial, 114 págs., R$10,50). Atual curadora do Museu do Perfume de Curitiba e especialista no assunto, Renata, que também é autora de Brasilessência: A Cultura do Perfume, pretende ajudar o leitor a escolher a fragrância que melhor combina com suas pele e personalidade. O guia catalogou e classificou, conforme critérios como família olfativa, marca e modelo, centenas de perfumes. O volume traz, ainda, curiosidades sobre alguns produtos. Os perfumes são divididos por famílias olfativas e tipos de fragrâncias entre suas marcas e modelos, contando histórias e curiosidades, além do uso e da escolha do perfume ideal de acordo com cada personalidade. Uma publicação essencial para quem quer escolher os perfumes que melhor interagem com sua pele!

O que são notas?

Um perfume é resultado da mistura de 75 a 200 essências, por isso a emissão dos seus odores são divididos em três etapas, as chamadas notas, cada qual com seu tempo de duração:

Notas de cabeça – é a primeira impressão do perfume. Demora cerca de três minutos para evaporar;


Notas de coração – é o verdadeiro cheiro do perfume e se mantêm na pele de cinco a oito horas;


Notas de fundo – são as notas que dão corpo ao perfume. Podem durar até 24 horas.

Vale a pena questionar com o vendedor sobre a nota de coração do perfume que você deseja para ter certeza se aquela fragrância realmente o satisfará.


beijos beijos!

Julia :)

domingo, maio 18, 2008


O SEXO E A CIDADE

Estou ansiosa para assistir o filme "Sex and the City". Sou apaixonada pela série, desde que começou a passar no Multishow em 2003. Eu e minha mãe nos reuniamos no meu quarto ou no quarto dela pra assistirmos juntas, ela também é fã incondicional do quarteto mais divertido de NY, ama moda e Nova York e suas paisagens, bares, lojas, ruas... tudo isso que nos encanta sempre.
Eu adoro as meninas Carrie, Charlotte, Miranda e Samanta.

Só de vez em quando implico com os "nojinhos" da Charlotte com relação ao sexo. Eu sei que a personagem é pudica, mas realmente não me identifico. Fiquei feliz que no fim da série ela ficou mais humana e tal. Mas sim, claro, já morri de rir muitas vezes com ela, como num episódio que o cara empurra a cabeça dela pra que ela faça um "blow job" e ela fica irritada. Empurrar a cabeça da moça é péééééssimo rapazes! Não façam isso! Acho a Charlotte fofa e amiga, apesar de às vezes ser um pouco bobinha demais, um pouco caricata.


Miranda é divertida, irônica, prática e pouco afetiva quando se trata de palavras fofas ou declarações de amor, mas é linda, é uma red head cheia de personalidade, diz o que pensa de forma natural e tem momentos de ira, que qualquer uma de nós também tem.


Samanta sou eu uns 4 graus a mais, hehehe... eu jamais transaria com um garço no meio de uma festa, e não, não sou a putona da parada. Acho ser "putona", assim, declaradamente, totalmente over, há momento pra isso, hehehe... Mas ela é como eu por ser a mais sexual. Ainda por cima é loira, se acha, é segura e não liga quase nada pro que os outros estão pensando, desde que a maquiagem esteja impecável. É uma amiga fiel e leal sempre. Segura a onda das amigas e quando quer vai lá e pega, ou ao menos tenta.

Depois da Jessica Parker ela é minha predileta. Agora sobre
Carrie. Carrie é tudo de bom. E pra mim é um mixto de todas. É romântica, sabe ser atirada quando quer, tem postura crítica, não é pudica, nem putona. É a mais humana... tenta acertar, mas tem seus momentos de fragilidade, erra, é bem sucedida aqui e se ferra acolá. É gente de verdade! É fofa, é meiga, glamourosa... mas também já voltou pra casa em prantos com o rímel borrado. Carrie, me like you! Como fofamente uma vez ela disse imitando uma chicana falando inglês, sim!!!! Absofuckinlutely! As Samanta would say...

beijos

Julia

quinta-feira, maio 15, 2008




JOCELYN PODEROSA

A linda e talentosa Joss Stone se apresenta no RJ dia 13 de junho. Sou fã!!!! A ruiva que era loira é tudo de bom!

A música do anúncio da Chanel é um original do lendário Nat King Cole, mas que é interpretada pela cantora inglesa Joss Stone. A canção foi feita especialmente para o anúncio, e embora não pertença ao novo álbum da artista, quem comprou o álbum "Introducing Joss Stone" de 2007, tem direito a fazer o download gratuito da faixa L-O-V-E em www.jossstone.com/bonus a partir de instruções que estão no cd original.
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Cante Junto!


(cover of Nat King Cole )

L is for the way you look at me
O is for the only one I see
V is very, very extraordinary
E is even more than anyone that you adore can

Love is all that I can give to you
Love is more than just a game for two
Two in love can make it
Take my heart and please dont break it
Love was made for me and you



L is for the way you look at me
O is for the only one I see
V is very, very extraordinary
E is even more than anyone that you adore can

Love is all that I can give to you
Love is more than just a game for two
Two in love can make it
Take my heart and please dont break it
Love was made for me and you
Love was made for me and you
Love was made for me and you

quarta-feira, maio 14, 2008


Eu adoro seriados de Tv. Já me diverti e derramei lágrimas com ER, já tive minha época Cold Case, sou eternamente apaixonada por Sex and the City (tenho quase toda a série em DVD) e, atualmente assisto "House", o médico excêntrico (complexo e complexado) mais metido, chato e charmoso de todos os tempos e Grey's Anatomy, que amo! Sim, tenho meus personagens prediletos e uns que me me irritam muito também. Sou fâ da Dr Callie (Sarah Ramirez) e custo a acreditar que alguém como ela se interessaria pelo insosso mosca morta Dr Omalley. Se eu fosse médica, se eu fosse morena, se fosse uma típica latina... eu seria a Dr Callie: cheia de personalidade, fofa, simpática, às vezes durona, mas não menos linda e original. Coloquei esta foto dela de uma campanha publicitária que encontrei na internet. Sarah Ramirez arrasaaaa! Great Anatomy! Adorei! beijos e até a próxima! Julia :)

terça-feira, maio 13, 2008

Como boa cantora/atriz, artista de palco aplicada, fora exercícios para malhar a voz e maneiras de interpretar, eu tenho me aprimorado e testado novas formas de me maquiar. Meu personagem no musical "A noviça rebelde" é uma freira, mas em um outro momento faço também a mulher do chefe do partido nazista alemão. Aliás, nessa cena, meu vestido é um arraso de lindo! Parabéns à figurinista Rita Murtinho! É um rosa antigo com rendas, maravilhoso! Roubei até um retalho na prova da roupa. Não resisti.

Voltando ao make-up. Não. Não pode ser à la drag, mas como palco é palco preciso marcar bem o contorno dos olhos. Adoro essas coisinhas de beleza! Que bom que posso fazê-lo sem culpa e ainda ser remunerada por isso! Viva a arte!

Beijos

Julia :)

domingo, maio 11, 2008


Nunca pensei que um homem pudesse sentir saudade
Dizem que a palavra não existe em nenhum outro idioma
Mas eu conheço o seu significado:
A alma procura a outra
Na velocidade do desatino
Não há lugar senão para a busca
Nenhuma satisfação que não seja o encontro
Nenhum engano possível
Porque a alma sabe exatamente
Qual a outra é
É aquela
em tudo maravilha
Que encontrada seria uma
No eterno abraço
Porque não cala o trovão na mente?
Porque não seca a lágrima da obsessão?
Porque não cessa
Essa falta que enfraquece essa dor que apenas cresce?
Porque não fecha o peito ardente?
Demente
No teu abismo presente ouve o ruído dos pássaros
Então cai eternamente
Eu não sei se é verdade que de saudade também se morre
Mas é melhor morrer do que sentir saudade.

Domingos de Oliveira, do filme "Separações".


Vamos ter um filho?
Vamos escolher o nome dele?
Deixa eu te alegrar quando você estiver triste?
Te ninar quando estiver cansada?
Vamos fuder o dia inteiro?
Deixa eu te fazer uma massagem com creme?
Vamos aprender a tocar piano juntos?
Vamos fuder o dia inteiro?
Deixa eu ajoelhar, Glorinha, e beijar a tua mão?
Vamos ser tão felizes que fiquemos calmos?
Tão calmos que fiquemos fortes?
Tão fortes que possamos ajudar todos os amigos que precisarem?
Vamos fuder o dia inteiro?
Vamos aceitar tudo que o outro é?
Defender tudo que o outro é?
Amar tudo que o outro é?
Vamos fuder o dia inteiro?"

Quem não viu o filme Separações, veja! Eu sou suspeita para falar porque amo o diretor/escritor/ator Domingos de Oliveira. Este texto dele no filme, em um momento em que se declara para sua amada, é lindo demais!

beijos em todos

Julia :)



sábado, maio 10, 2008


AGRESSIVA

Por Julia Porto

Sou uma pessoa bem humorada na maior parte do tempo. Até na hora de acordar, que muitos se queixam da tromba e muxôxo de outros, comigo não é assim. Ou acordo bem, ou acordo normal, ou alegrinha. Só me levanto de mau-humor se estiver com algum problema mais complicado pra resolver logo pela manhã ou se tiver dormido mal na noite anterior.

Mas toda vez que penso em mau-humor, temperamentos e agressividade eu não entendo muito bem porque colocam tudo no mesmo balaio de gatos. São coisas totalmente diferentes, não?



AGRESSIVA IN A BAD WAY



Em algumas situações eu sou agressiva e até muito agressiva e isso me incomoda muito. Sou muito amorosa ao mesmo tempo, de modo que (ainda bem!) nem sempre meu lado negro se ressalta tanto. Só fico triste quando as pessoas não percebem que às vezes só estou sendo espontânea e nada mais, de modo que o outro, por conta das neuras dele, é que se sente agredido. Na minha casa por exemplo às vezes me confundem. Às vezes me tomam por mau-humorada mas eu sou mesmo é o clássico tipo pavio curto. Não. Não acho bonito, não me vanglorio, e nem fico expalhando isso por aí. Mas sou. No entanto nos últimos tempos tenho conseguido melhorar. Acho que porque minha ótima análise me leva a muito boas reflexões e porque assumi pra mim mesma que tenho uma agressividade latente que precisa ser deslocada para algo produtivo: escrever no blog, cantar (que é meu trabalho), caminhar, correr, levantar pesos na musculação, spining e até estou cogitando comprar um saco de boxe (com luvas purple ou cor-de-rosa, claroooo!!!).

Não me sinto impelida a ser agressiva com ninguém, apenas me defendo quando junlgo que vale a pena. E hoje em dia penso 5 vezes antes de me defender com uma resposta mais enfática. Isso porque na grande maioria das vezes é o outro que está jogando as frustrações dele em você. Quando noto que o problema é do outro eu simplesmente saio à francesa, con gentileza, mas desvio. Se tiver a ver comigo e for alguma fala interessante ou significativa pra mim, aí eu converso e fico feliz. Ou até me defendo para também não ser neutra. Neutralidade me irrita (hahahaha!).

Ao assumir mesmo, que sou um tanto quanto irratadiça com as coisas, muito mais do que deveria, e que muitas vezes passo dos limites agredindo o outro e faço mal a mim mesma em meus estados de surtos coléricos, estou conseguindo parar e contar até 10. Às vezes até 20. Confesso.

Meu namorado foi o único que já notou mais nitidamente minha mudança na prática. Outro dia foi muito engraçado que eu me controlei muito pra não explodir por conta de uma besteira qualquer, mas consegui! E o mais hilário foi que ele percebeu e veio me dar parabéns, rindo, achando graça por eu estar sendo mais paciente e tranquila com uma situação que normalmente me deixaria cheia de implicâncias e muito irritada. Mas eu estava fazendo muito esforço, um esforço consciente. Pensei: se não for agora, no olho do furacão, não vai adiantar explodir e depois pedir desculpas a ele e o pior, ficar de mal comigo mesma.

Fiquei super feliz que ele percebeu! Foi muito difícil me controlar, mas consegui. O meu grande esforço pra ficar mais zen e o bom resultado que veio à galope, assim, com uma resposta positiva me fez começar a chorar. Eu sentia que estava me desafiando, e mesmo com um chorinho final, me venci em mais um momento para continuar melhorando.



AGRESSIVA IN A GOOD WAY



Eu costumo falar da percepção do meu namorado, porque ele é um cara que me conhece muito bem e conhece melhor ainda a alma humana. Ele é um ótimo psicanalista em início de carreira e eu prezo demais as opiniões dele acerca deste tema.

Obviamente ele não gosta dos meus surtinhos de irritação mas ele gosta do meu "ser agressiva" quando se refere à tomar inciativas, quando acha que sou passional e vibrante com todo bom sentido dessas palavras. Então, por curiosidade fui olhar no dicionário e vi que esta esta palavra "agressividade" é sinônimo também de "combatividade". Só que não são sinônimos exatos. Ser combativo é ser lutador, ter raça pra enfrentar adversidades e tal.

Mas algumas vezes o Felipe diz que sou mais "agressiva" que muitas mulheres. E nesses momentos ele sempre tem um leve riso de canto de boca e me chama de agressiva com um mixto de seriedade e leve malícia, me fazendo quase um elogio. Nesse caso ele não se refere à minha "combatividade", acho que deve ser à minha pulsão de vida.

Pulsões: a Psicanálise conclui pela existência de um conflito inerente ao ser humano, conflito este entre a “pulsão de vida” e a “pulsão de morte”. A pulsão de vida tem como seus derivados a amorosidade, a criatividade, o desejo de expansão, a generosidade, em fim, tudo aquilo capaz de mobilizar a energia humana para a criação, expansão e manutenção da vida. A “pulsão de morte” expressaria uma tendência para o retorno à imobilidade, que é o nosso ponto de partida (Tu és pó, e ao pó tornarás). Seus derivados seriam a auto e hetero destrutividade, a agressividade, o marasmo, a auto limitação de vida, e por aí vai.


Beijos nas blogueiras queridas do Rio, Sampa e Porto Alegre ou de onde mais vocês estiverem me acessando. Leiam esta ótima matéria abaixo que retirei da Revista Vida Simples, ainda sobre o motor da agressividade. É bem interessante!


Essa nossa sombra



Por Liane Alves da Revista Vida Simples

Tenho um amigo que é totalmente zen. Ninguém tira o moço do sério. Foi despedido por causa de uma sacanagem feita por um colega de trabalho (e ele não conseguiu balbuciar uma frase sequer em sua própria defesa), vez por outra recebe em sua casa amigos que aparecem para ficar uma semana e estendem o prazo para longos três meses e já vi gente pegar alguns bons CDs da sua estante com um cínico e deslavado depois eu devolvo sem que ele esboçasse um único gesto para impedir. Meu amigo não consegue expressar sua agressividade. Num mundo onde a maioria não tem a menor cerimônia em arreganhar os dentes e abrir seus caminhos com os cotovelos, ele tem horror em ver nele mesmo essa reação primitiva que solapa a vida dos outros mortais (ele não, ele não...). Até que um dia, na minha casa, depois de umas três ou quatro caipirinhas, meu amigo começou a despejar ódios e fúrias que provavelmente tinha guardado desde a infância. A minha mesa da cozinha, que já não é essa fortaleza, tremia a cada soco seu, por causa da prepotência de um, da falsidade do outro. Cada gozação recebida, cada injustiça passada estava registrada em sua memória. Tive a impressão de que, se o rapaz dos CDs passasse por ali, teria sua mão decepada, e o colega de trabalho, os dentes moídos. Os hóspedes inconvenientes seriam postos para fora a sopapos. Depois de socar e socar, terminou chorando pelo verdadeiro motivo de sua ira: a incapacidade de entrar em contato com as emoções negativas.

Bem, minha cozinha está longe de ser um set terapêutico, mas, ao encontrar o moço alguns dias depois, vi um sorriso em seus lábios que não estava ali antes. Ele se sentia um pouco envergonhado, sim, mas feliz. Um peso enorme havia saído de seu coração, me garantiu. Um alívio. Estava supercontente por ter descoberto que era capaz de expressar sua agressividade. Claro, ele reconhecia que ainda tinha de aprender a saber como aplicá-la na hora certa, a regular seu volume, e que isso custaria tempo e trabalho. Tinha encontrado cara a cara seu lado negro, sua sombra, de quem tinha tanto pavor (a ponto de negar sua existência). A partir daquele momento, me assegurou, tudo era uma questão de calibragem. Pode ser imaginação minha, mas a partir desse dia passei a ver muito mais cor e vida em seu rosto.


Quem, eu?!



É muito difícil mesmo mexer no caldeirão das bruxas. Ali tem asa de morcego, rabo de lagartixa, perninha de aranha. Sem contar que o cheiro da gororoba não é nada agradável. O problema é que o caldeirão das bruxas não está ali fora, está aqui dentro. A gente disfarça, tenta negar (O quê? Essa asinha de barata é minha?! Esse sapo costurado sou eu?!), mas a verdade é que nossa sopona está lá o tempo todo, cozinhando e fervendo. Muitas vezes com a tampa fechada.

E por que não mexemos no caldeirão logo de vez, já que está ali mesmo e não dá para dizer que ele não existe? Ora, porque nos pelamos de medo, ué. Vai que o caldeirão entorna? Vai que nos queimamos com seu conteú do? Vai que a gente precise encarar quem a gente realmente é? É por isso que só é aconselhável mexer no caldeirão com uma colher de pau beeem comprida. Por algum tempo, o panelão vai ter de ficar a uma distância razoável, como se não nos pertencesse. Assim, sob a luz da consciência e com um certo distanciamento, a gente consegue ver bem direitinho o que tem lá dentro. Até que chega um dia, depois de observar bastante, que a gente é capaz de dizer coisas como: Nossa, é mesmo, eu fiquei com tanta inveja dela que... Ou: Tava me mordendo de ciúmes quando... O conteúdo do caldeirão é assimilado, reconhecido e, quando possível, transformado. Assumimos nosso lado B. O inferno agora não é mais só o outro, nós também temos carteirinha de sócios beneméritos. A partir disso, a gente fica mais humano, mais relax. E as pedras que tínhamos reservado para atirar no próximo escorregam naturalmente da mão. A luz da consciência também deixa o caldo mais clarinho, menos malcheiroso e mais fácil de mexer. Dizia o psicanalista suíço Carl Jung que é melhor ser inteiro que ser bom. Mas, para atingir essa totalidade e alcançar essa integração, é preciso ter a disposição de dar o primeiro passo: encarar para valer o nosso lado negro da Força.


Encontro com Darth



Lembra o Darth Vader do filme Guerra nas Estrelas? Alto, imponente, capa negra esvoaçante, voz sintetizada. E o capacete. Darth Vader não seria Darth Vader sem o capacete. Com aquela máscara metálica, ninguém sabia sua identidade, quem ele era ou, pior ainda, o que ele era. Sua capacidade de espalhar terror, seu poder e seu fascínio vinham disso. E aí, no fi m do filme, quando o jovem Luke Sky walker encurrala o bicho e é retirado o capacete, a gente vê aquele vermezinho branco dentro, um homem fraco, deformado, sem voz. O mago das trevas tirava sua força do que parecia ser, alguém poderoso e invencível, não do que realmente era, uma coisinha frágil, encolhida. O homem da capa preta não passava de um tigre de papel, uma sombra que só tinha poder enquanto... sombra.

Nossas emoções negativas, como medo, ódio, raiva, ciúme, inveja, cobiça, rejeição, ansiedade, pena de si mesmo, fraqueza ou desejo de falar mal dos outros, entre outras, também são assim. Elas parecem poderosas, invencíveis, mas se a gente descobrir como elas se formaram, de onde elas vêm e como funcionam, vamos ver que não passam de uma semente minúscula que se agigantou, alimentada por nós mesmos, diz a psicóloga paulista Maria Lúcia Albuquerque, especialista em terapia familiar. Quando nos damos conta de como tudo surgiu e o que realmente se esconde atrás desse tipo de emoção, todo o castelo que construímos a partir dela desmorona. E aí, bye-bye, sombra.

O filme também nos dá outra excelente pista com relação a Darth Vader. Revela-se que ele é o pai de Luke. O jovem guerreiro lutava contra alguém que estava muito mais próximo do que ele próprio podia imaginar. Darth Vader não era uma pessoa de fora, mas de dentro, da família, do mesmo sangue. Portanto, alguém íntimo, quem sabe até bem parecido. As emoções negativas também estão associadas a nós, a nossa maneira de ver o mundo. Não dá para dizer que elas são uma coisa e nós outra. Elas nos espelham, diz Maria Lúcia.

Outra boa indicação: o ódio de Darth Vader nasceu por causa de um sentimento de rejeição, experimentado ao ser excluído pela Força. E quem, depois de um acontecimento desse porte, já não escutou aquela vozinha ressentida dizendo dentro da gente: Ah, é assim, é? Então vocês vão ver... Pois é, Vader também ouviu e foi atrás. Exagerou, é verdade. Mas dá para compreender. Ainda mais por alguém como Luke, que conhecia a rejeição bem de perto, sendo ele mesmo um enjeitado. Quando a gente compreende as razões da sombra, é possível abraçá-la, integrá-la, e ver como seus motivos geralmente são tão pequenos, tão bobos. A sombra pode ser grande, mas seus motivos são quase infantis.

O problema é que Darth Vader extrapolou. Ele poderia ter pego a raiva do ah, é assim, é? e fundado uma versão bem mais moderna e sofisticada da Força. Ou ir para um planeta bem distante e esquecer de uma vez por todas essa história de competição, de maior e melhor, e ser feliz ao lado de uma marciana bonitona. Como diria meu amigo, faltou calibragem. É o que geralmente nos falta mesmo ao lidar com nossas emoções.


O peso da balança



Uma pergunta fundamental é: quem, ou o quê, reage dentro de nós de forma tão automática? O que detona as emoções? Quem aperta o gatilho mais rápido do Oeste?

A palavra emoção tem a mesma raiz da palavra movimento: motio, ou ação. E o que tem movimento tem vida. São as emoções que nos impulsionam à ação e que nos fazem sentir o gosto da vida. E elas fazem parte dela, tanto as chamadas emoções positivas como as negativas.

A questão é que são as emoções negativas que nos fazem mal. Elas podem ser naturais, fazer parte da gente, mas isso não impede sua ação nociva. Tanto sua expressão exagerada e contínua como a não-expressão inconsciente podem nos prejudicar. Hormônios entram em ação, órgãos são atingidos, sistemas internos, desequilibrados. E muita energia é perdida. Tudo isso por quê? Uma das respostas é porque estamos à mercê de uma estrutura psicológica reativa que nos impulsiona a agir quase sempre da mesma maneira. Isto é, segundo vários sistemas de pensamento, temos um padrão emocional predeterminado que responde quase automaticamente aos estímulos.

Os antigos gregos chamavam essa tendência reativa emocional de humores. Um tipo sanguíneo, por exemplo, normalmente reagiria exteriorizando abertamente sua raiva, seu ciúme, sua fúria. Um tipo mais bilioso (de bile, secreção do fígado) tenderia a remoer mais seus sentimentos. E um melancólico poderia sentir tristeza ou depressão.

As medicinas indiana e chinesa também se baseiam na idéia de que existem determinados padrões emocionais e energéticos que condicionam as pessoas desde o nascimento. Para os indianos, eles estão baseados em diferentes combinações de três forças: pita (fogo), vata (ar) e kapa (terra). Se uma pessoa é kapa kapa, por exemplo, vai ser calma e bonachona. Se é pita vata, elétrica e impaciente e assim por diante. Para os chineses, os fatores de infl uência que regem os diferentes tipos humanos são relacionados aos cinco elementos: madeira, fogo, terra, metal e água, balanceados de acordo com a data em que nascemos. A astrologia (tanto a ocidental como a oriental) é outra tentativa de conhecer melhor esses padrões reativos emocionais, representados pelos signos.

Na psicologia, outros fatores de influência sobre as emoções foram descobertos e pesquisados. Freud trouxe o peso do inconsciente nas respostas emocionais, Jung acrescentou a importância do inconsciente coletivo e da força dos arquétipos (foi ele também que criou a classifi cação de introvertidos e extrovertidos). Outras correntes da psicologia, como a comportamental, referem-se a padrões reativos, mas motivados pelas vivências de cada um, isto é, aprendidos a partir de nossas experiências. A moderna psiconeurobiologia também confi rma a tese dos padrões: os circuitos cerebrais tendem a se repetir na mesma confi guração se não há estímulos para sinapses (conexões entre os neurônios) diferentes. Forma-se um círculo vicioso: se usamos sempre o circuito cerebral que nos torna tristes, por exemplo, liberamos no corpo substâncias (os neuropeptídeos) relacionadas à tristeza que, por sua vez, vão estimular o mesmo caminho no cérebro que nos deixam tristes.

O ponto em comum entre todos esses sistemas é que eles apontam para a mesma direção. Só há uma maneira de ultrapassar o padrão reativo emocional: é ter mais consciência dele. E, a partir disso, experimentar a possibilidade de outras reações, já não tão automáticas e mecânicas. É assim que se pode começar a equilibrar as emoções, a dosar sua ação e a fazer nossa auto-regulagem.


Estratégias de vida



Um dos estudos mais interessantes já feitos sobre as emoções foi realizado pelo cientista austríaco Konrad Lorenz (1903-1989), ganhador do prêmio Nobel em 1973 e diretor do Instituto Max Planck, um centro de excelência em pesquisas. Konrad era especialista em comportamento animal. E viu como nossas emoções, assim como as dos animais, estão ligadas à defesa do território, ao desejo pela liderança de um grupo ou ao ímpeto de acasalamento. Elas se manifestam como estratégias eficazes de sobrevivência. Têm sua razão de ser, portanto.

A única diferença entre nós e outros animais é que podemos raciocinar sobre as emoções e, se necessário, ser capazes de redirecionar nosso comportamento a partir da nossa observação e inteligência. Um grande passo, sem dúvida. O problema é que muitas vezes a gente tropeça.

Mas foi para nos ajudar a ter mais consciência das emoções e a lidar com elas de uma forma mais inteligente que surgiram milhares de técnicas, terapias e aquele monte de livros do Daniel Goleman, o papa da inteligência emocional. Todo o arsenal das terapias orientais (massagem, acupuntura, aromaterapia, ioga, tai chi, meditação...) está aí exatamente para isso. Os consultórios de psicologia e terapias corporais também.


Historinha grega


Conta-se que um jovem pastor queria muito tornar-se discípulo de um dos grandes filósofos de Atenas, a cidade da sabedoria. Quando soube do seu intento, o filósofo mandou um ajudante procurá-lo para propor-lhe uma difícil tarefa: durante três anos, ele seria obrigado a não expressar suas emoções negativas. Ao fazer isso, devia olhar para o que ocorria dentro de si. Além disso, devia dar três moedas a cada pessoa que o ofendesse. Durante esse tempo, o pastor cumpriu sua tarefa: a cada inveja, a cada raiva ou angústia, fechava a boca e olhava para seu mundo interno, cada vez mais consciente do seu caldeirão. Aos poucos, aprendeu a não se identifi car com o que era dito, a conhecer melhor seus mecanismos emocionais e a rir de si mesmo. Ao mesmo tempo, não se esquecia de dar as três moedas a quem o xingasse ou o ofendesse. No fim do período, arrumou suas coisas e partiu rumo à cidade da filosofia. Ao passar pela entrada, um mendigo, na verdade o filósofo disfarçado, começou a xingálo: Idiota, pastor de cabras ignorante e pretensioso, onde pensas que vais? Esta cidade é só para quem atingiu a sabedoria, e não para alguém imprestável como tu! O jovem caiu na gargalhada e disse: Até há alguns dias eu era obrigado a pagar a quem me ofendesse. Agora que estou livre desse compromisso, que maravilha, posso receber seus xingamentos inteiramente de graça... O filósofo aprumou-se, sorriu e disse: Pode entrar, meu rapaz. Atenas é sua.

sexta-feira, maio 09, 2008


A AGRESSIVIDADE designa uma tendência especificamente humana marcada pelo carácter ou vontade de cometer um ato violento sobre outrem. Pode também ser definida como uma tendência ou conjunto de tendências que se atualizam em condutas reais ou fantasmáticas, as quais visam causar dano a outrem, destruí-lo, coagi-lo, humilhá-lo, etc. (Laplanche e Pontalis, 1973).

Não percam em breve: agressividade.

domingo, maio 04, 2008


Sites estrangeiros dizem que Madonna vem ao Brasil este ano

Shows da cantora no país já teriam até datas definidas para dezembro: no dia 9 no Rio de Janeiro e no dia 11 em Fortaleza

Do EGO, no Rio


Reuters/Agência

Madonna lança o disco em show com Justin Timberlake, em Nova York

O lançamento de "Hard Candy" acaba de ser feito em Nova York e sites estrangeiros já começam a divulgar as datas da próxima turnê de Madonna . E desta vez, pelo que consta, ela pode voltar ao Brasil.

Segundo o a cantora bota o pé na estrada em agosto, começando por Zurique, na Suíça, e faz show no Rio de Janeiro no dia 9 de dezembro. Na passagem pela América do Sul, de acordo com o site, Madonna fará dois shows em Buenos Aires, dois em Santiago do Chile, um no Rio e outro em Fortaleza, marcado para o dia 11 do mesmo mês.

Já os sites de venda de ingressos têm informações desencontradas. Enquanto o SOSMasterticket dá como certa a vinda da cantora para o Brasil – os ingressos no Maracanã já teriam até preço de venda, entre R$ 400 e R$ 1.220 –, o Paperticket.com tem um buraco na agenda da cantora bem no mês de dezembro, o dos supostos shows na América do Sul.

HARD CANDY

Madonna
sacudiu Nova york na última semana. A cantora lançou na quarta-feira, 30, o seu mais novo Cd "Hard Candy", na cidade. A cantora, fez um show gratuito pata apenas 2 mil pessoas, o que provocou filas imensas em torno do Roselan Ballroom, onde aconteceu a apresentação. Os ingressos acabaram em menos de meia hora.

Durante o show, ela contou com a presença de Justin Timberlake no palco, que participa do álbum no single “4 minutes”, e que também produz o disco junto com Timbaland.


Depois de quase três décadas no topo da música internacional, Madonna brincou, dizendo que assim como os Rolling Stones, ela não consegue ter satisfação, e chegou a tocar alguns acordes de “Satisfaction”, mas rapidamente trocou a canção por “Hung Up”, do cd “Confessions on a dance floor”, de 2005. Ela também não abriu espaço para o saudosismo.

“Dane-se o presente, mas não estou pronta para voltar no tempo”, disse durante a apresentação.

Após o evento, no qual dançou sensualmente com Timberlake, os dois decidiram comemorar o sucesso da parceria em uma boate nova-iorquina.

“Nós tínhamos que celebrar e decidimos que ambos trabalhamos muito e precisávamos nos divertir”, declarou a cantora no dia seguinte, em um programa de rádio.


“Nós 'enchemos a cara”. Ela revelou ainda que estava de ressaca, após beber algumas doses de tequila com Timberlake, 20 anos mais novo que a “Material Girl”. Dominando as paradas de sucesso desde 1985, quando estourou com “Like a Virgin”, a loira tem muito o que comemorar.




sábado, maio 03, 2008


Gente! Me dei de presente esta beleza que faz parte da edição limitada da maravilhosa editora de livros de arte, Taschen. Eu vi na Siciliano semana passada e quase pirei com este livro lindo de todas as Pin-Ups do ilustrador Gil Elvgreen!!!!! Ontem entrei lá de novo e não resisti. Comprei. Como é da edição de aniversário ele custou a bagatela de R$ 49 :0 Fiquei muito muito feliz! Por isso quis postar essa dica para minhas amigas blogueiras. Sei que muitas de vocês também amam Pin-Ups. Adorei!!!!!!!! Corram pras livrarias e garantam o seu! É um belíssimo livro!!!!!!


Também há outros livros da edição limitada de aniversário, de imagens relacionadas à moda, design e animação. Vou colocar o link da Taschen abaixo pra vocês darem uma olhada. Mas o livro mais legal pra mim é o das Pin-Ups :)

http://www.taschen.com/pages/en/catalogue/anniversary/index.1.htm

TASCHEN's 25th anniversary - Special edition!

Large-format hardcover edition at a special bestseller price

Post-depression America was in desperate need of a defining iconography that would lift it out of the black and white doldrums, and it came in the form of Gil Elvgren's Technicolor fantasies of the American dream. His technique—which earned him a reputation as "The Norman Rockwell of cheesecake"—involved photographing models and then painting them into gorgeous hyper-reality, with longer legs, more flamboyant hair and gravity-defying busts, and in the process making them the perfect moral-boosting eye-candy for every homesick private.

"Glamour is back... TASCHEN offers us a look back at these calendar and advertisement goddesses of which Gil Elvgren is king." erotisme-fr.com, France

About the authors:
Charles G. Martignette is an art dealer and collector of original paintings by 20th century American illustrators and artists. His gallery in Hallandale Beach, Florida, houses the world’s largest collection of commercial illustration art.
Since 1975 he has published numerous articles about magazine, advertising, calendar, pulp, paperback, glamour and pin-up art. Paintings from his collection have been exhibited at the Smithsonian Institution as well as many other
American and European museums.

Louis K. Meisel, owner-manager of one of the oldest galleries in New York’s Soho, has published several books and articles on contemporary art. In addition to art, he collects pin-up work.

Beijos e até a próxima!

quinta-feira, maio 01, 2008


Ficar em casa ou romper a casca?

Então os filhos se tornaram adultos e estão relativamente encaminhados na vida. Porém, nem pensam em sair para ganhar o mundo e acham ótimo ficar com a família (que, por sua vez, também está adorando tê-los sempre à vista). É normal ou será que existe alguma coisa de errado nisso?

por Liane Alves


É um fenômeno mundial: cada vez mais os filhos prolongam sua estada na casa dos pais, desfrutando de benesses como carinho e apoio quase inesgotáveis, liberdade, a comidinha predileta e outros confortos. Os pais parecem aceitar essa adolescência quase perpétua numa boa e, em muitos casos, estimulam a permanência dos filhos em casa até como uma estratégia para enfrentar o próprio envelhecimento. Mas há muita gente se perguntando se essa realidade é apenas mais uma faceta de um mundo em que os valores estão mudando rapidamente ou se há efetivamente algo de negativo nisso. Por isso, pais e filhos, leiam com carinho esta matéria. E experimentem, nem que seja por alguns momentos, trocar de papel e imaginar o que sente e pensa cada lado dessa história devidamente apresentada para filhos e pais abaixo.

A história dos filhos
A cosquinha que dá vontade de sair de casa já começou? Pode ser até que ela já tenha dado um pouco antes, ao sair da faculdade, aos 22 anos, ou quem sabe quando seus irmãos se casaram e você ficou para trás, aos 25, ou quando um amigo ou amiga o convidou para morar junto, aos 27. Mas parecia muito cedo ainda. Nesses momentos de dúvida, você olhou para seus pais, viu que ainda era muito ligado a eles, que gostava do conforto do seu quarto, que tinha muita liberdade e, principalmente, que a vida lá fora seria dureza. E não saiu. Não precisa se martirizar por isso: saiba que você está em ótima companhia. Filhos que ficam mais tempo em casa, até os 28, 30 ou 32 anos (se não for mais), transformaram-se num fenômeno recente, observado não só na classe média do Brasil como em vários países do mundo é a chamada geração canguru. Na Itália, por exemplo, filhos como você ficaram conhecidos como mammone (palavra que vem de mamma, a soberana mãe italiana que adora ter seus rebentos na barra da saia). Na França, o pessoal anda ficando mais com os pais porque os empregos também estão difíceis por lá. No Brasil, segundo o levantamento feito pelo geógrafo Arlindo Mello para sua tese de mestrado na Escola Nacional de Estatísticas do Rio de Janeiro, 25% por cento dos filhos que ainda moram na casa dos pais na Cidade Maravilhosa têm mais de 30 anos. É gente pra burro. Embora esse universo ainda não seja quantificado com a devida exatidão (segundo o IBGE, os jovens brasileiros que caem na vida mais cedo ainda são a maioria), a dificuldade para sobreviver e as facilidades dadas pelos pais andam conservando muita gente em casa. Portanto, você não é uma exceção isolada: muitas famílias estão mesmo abraçando seus filhos por mais tempo.

O mercado imobiliário, por exemplo, já detectou a mudança. Os enormes apartamentos com quatro suítes e cinco garagens ou os flats que se intercomunicam muitas vezes são vendidos para casais de alta renda com filhos adultos. Os proprietários mais velhos que têm apartamentos grandes não estão se desfazendo mais deles para ir para um menor. Ou os filhos ficaram com eles ou, se saíram, podem voltar, afirma Ely Whertheim, vice-presidente imobiliário do Sindicato das Construtoras de São Paulo (SindusCon-SP).

Fátima Fachin sabe muito bem disso. Aos 28 anos ela viu, abismada, seu pai comprar um apartamento com três suítes quando ela estava prestes a sair de casa para se casar, dois anos depois de sua irmã mais nova. Fátima questionou a decisão. E o pai respondeu na lata: Dou um prazo de carência de cinco anos para o casamento de vocês duas. Se der errado, estou esperando vocês aqui com sua mãe. Se não der, vendo o apartamento, compro um veleiro e vou para a Martinica. A Martinica, para o pai de Fátima, é a imagem de uma utopia, uma Pasárgada. Ele decidiu adiar seu sonho idílico por desconfiar da durabilidade do casamento de hoje e também por achá-las incapazes de sobreviver sozinhas, a partir mesmo de suas escolhas profissionais (música e artes plásticas). Pode ser pragmático, até generoso, mas, puxa, não dá para controlar a vida assim..., diz Fátima.

Luciana Alves Pereira é outra moça de 28 anos que desfrutava de um ambiente e tanto com a família. Filha de pai arquiteto, morava numa casa belíssima de madeira e vidro, fotografada por várias revistas de arquitetura. Mas, no fim do ano passado, começou a sentir que seu prazo de validade por lá já estava expirando. Por ser muito amiga e próxima dos pais, foi duro convencêlos de que queria deixá-los para experimentar a grande aventura da vida independente. Mas o destino ajudou: De repente, vi que se havia formado uma brecha em que eles não precisavam tanto mais de mim. Minha mãe estava bem, meu pai também e minha irmã já estava casada. Se não aproveitasse aquele momento em que tudo fluía, acho que depois ficaria muito difícil. Na sua decisão, está embutida bastante responsabilidade. Saí porque estava ganhando o suficiente para alugar um apartamento de quarto e sala no centro. Não tem sentido viver sozinha e esperar que pai e mãe ajudem a cobrir o cartão de crédito, diz a ajuizada Luciana. Também se sentiu feliz porque não precisou sair de casa por causa de namorado. A gente é de uma geração acostumada a zapear no controle remoto da televisão. Imagine se saísse por causa de alguém e não desse certo. Teria de voltar para casa com um gosto de fracasso na boca, com a sensação de que não conseguia sobreviver sozinha. Mesmo tendo a certeza de que pai e mãe a receberiam de braços abertos.

A história de Luciana mostra que a casa dos pais certamente estará aberta quando você precisar (ufa!). A psicóloga Lidia Aratangy, por exemplo, viu sua filha voltar com duas crianças pequenas após a moça ficar viúva com apenas 30 anos. Garanti que ela teria nosso apoio para o tempo que fosse necessário. No caso dela, isso durou um ano e meio. Mas minha filha sabia que ficar conosco era uma solução provisória, paliativa, afirma a psicóloga. Um tempo até ela poder se arrumar de novo na vida. Mesmo quando saem com menos idade, muitos jovens ainda conservam uma parte do seu ninho com os pais. É o caso do administrador de empresas Paulo Henrique (que pediu para ter o nome trocado nesta reportagem), 25 anos, que responde por um cargo de chefia numa multinacional da indústria química de São Paulo. Aluno brilhante e responsável, veio de Belo Horizonte aos 18 anos para estudar na capital paulista. Seus parcos recursos para se manter, porém, o fizeram morar em todos os ambientes possíveis.

Mesmo no último ano, já formado, trocou oito vezes de endereço, na maioria das vezes nada recomendáveis. É famoso entre os amigos como Mister Pig (ou Senhor Porco), numa alusão à infinidade de muquifos (também conhecidos como cabeça-de-porco) em que teve de morar em São Paulo. Só agora, num bom emprego e ganhando bem, Paulo decidiu se estabelecer. Mas quem vê seu desembaraço e independência como profissional nem desconfia que quase todo fim de semana ele arruma sua malinha e vai para Belo Horizonte para ver seus pais e ter a roupa lavada. De quebra, ainda volta com um a quentinha com aquela comida que só a mamãe sabe fazer.

Então, como você vê, existem dos acomodados aos que só querem uma força da família para cumprir seu projeto de vida. Aliás, essa é a grande pergunta que você deve fazer a si mesmo quando começar a coceirinha de querer sair de casa. Saber qual é seu projeto de vida esclarece a situação. Querer ficar na casa dos pais para fazer um mestrado ou curso de especialização para ter melhores chances no mercado de trabalho é uma coisa. Ficar porque tem certeza de que seu padrão de vida vai abaixar quando começar a pagar suas próprias contas é outra, diz a psicóloga Lidia Aratangy, que aconselha, inclusive, os pais a sentarem com seus filhos e perguntarem bem claramente o que eles pretendem fazer de suas vidas. Autora de livros sobre a relação de pais e filhos, Lidia, que já é avó, perturba-se com a infantilização exagerada dos jovens adultos de hoje. A infantilização começa cedo. Aos 12 anos, por exemplo, os adolescentes de hoje lêem as Aventuras do Capitão Cueca, um livro quase infantil. No meu tempo, a gente lia Erico Verissimo e boa literatura adulta. Isso faz diferença mais tarde, diz Lidia. Uma das razões para isso ocorrer talvez seja o excesso de mimos dos pais, que infantilizam os adolescentes e os deixam pouco tolerantes às frustrações como as crianças. Acontece que uma boa relação com as próprias frustrações é um dos alicerces da maturidade. Nesse caso, então, o que fazer? Terapia é bom. Mas também vôos rasos, curtos, só para sentir qual é sua autonomia. Que tal passar um tempo na casa de uma irmã? Ou de um amigo? Mesmo que o desempenho não seja muito bom, não desanime. Aprender é o maior capacidade do ser humano. A gente pode ir para a nova casa não sabendo fritar um ovo, sim. Os primeiros podem sair queimadinhos, mas depois a gente aprende, lembra a advogada Sueli Nunes, que saiu de casa aos 30 anos sem saber cozinhar, passar roupa ou limpar banheiro. Em seis meses de tentativas, já rodopiava pelo seu apartamento de lencinho na cabeça como uma borboleta feliz.

Além dos mimos, a sedução e a chantagem emocional dos pais podem gerar um aumento no tempo de estadia dos filhos. Quando eles ameaçam abrir as asas, chega uma passagem de avião para longe. Quando tentam de novo, uma fragilidade súbita de um dos genitores estanca o processo. Mas dá para saber quando é fita ou suborno,garante a dentista paulista Caritas Marcondes, que tentou sair de casa quatro vezes antes de conseguir realizar a proeza. Na verdade, a descoberta da mentira e da manipulação ajuda muito a concretizar a decisão de partir.

E, se você não quiser sair de casa, pergunte-se sinceramente por quê. Pode ser que realmente esse não seja o momento de sair. Por mil motivos que só você tem condições de descobrir. De qualquer forma, o autoconhecimento sempre vai colocar mais luz na situação. Até você conseguir resolvê-la um dia.

Isso posto, boa sorte. Mas antes leia abaixo "A história dos pais" para entender melhor o que passa na cabeça deles.


Demorô!
Planeje sua saída. Sente, faça contas, calcule seus gastos.
Tenha um dinheiro reservado para os primeiros meses.
Visite o apê que possa pagar até encontrar um de que goste.
Converse com quem já saiu e aprenda com suas experiências.
Fale francamente com seus pais e resista às seduções.
Estabeleça um prazo razoável para a saída.
Saiba antes a quem recorrer se precisar de algum dinheiro.
Decidida a questão, alugado o apê, vá em frente.
vTenha um plano B na manga (que não inclua a volta à casa dos pais).

A história dos pais
Lembra aquela vontade de sair de casa, arriscar o pescoço, meter os peitos, enfrentar desafios e cair na estrada com uma calça velha azul e desbotada? Pois é, parece não existir mais. Ou, se existe, não é bem assim. Calça desbotada ainda pode ser, mas hoje a passagem de avião dos filhos tem ida e volta bem definidas, com certeza com o mesmo endereço da hora da partida: a casa dos pais. Passar dificuldades e perrengues, vamos ser sinceros, em nome do quê? Independência? Liberdade? Bens materiais? É o que mais eles têm em casa. Porta do quarto fechada, vale tudo, ou quase tudo, desde que não se acordem os vizinhos ou prejudique a saúde, é claro. Com a vantagem de não ter de pagar pela roupa limpinha, pelo canelone de ricota e, muitas vezes, nem pela conta do celular.

Não há como negar: seus filhos gostam do ninho, da plumagem macia que você deu para eles, que os defende em parte de uma vida mais competitiva, insegura e com um número bem menor de oportunidades do que você próprio teve. Além disso, confesse, é gostoso ver as crianças ainda por perto, mesmo que elas já sejam bem grandinhas. Você se delicia com suas aventuras o namorado, a namorada, aquela viagem maluca nos Andes, as histórias dos amigos, os desafios do início da vida profissional... A presença deles traz vida, frescor, um certo encanto, a juventude que todos nós tanto amamos. Não é para se envergonhar,portanto. Os filhos ficam mais tempo em casa porque a vida mudou. E muito. Em primeiro lugar, ela esticou temos mais tempo para viver e, com isso, as fases da vida também se alongaram. A expectativa de vida hoje no Brasil, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), é de quase 72 anos. Casa-se mais tarde também, um ano a mais, em média, do que quando você era jovem, se estiver na casa dos 50. A adolescência tornou-se compridíssima. No seu tempo, dizia-se que ela ia dos 13 até os 18, vá lá,19 anos. Isto é, um adolescente (teenager, em inglês) estava no período de vida que vai dos thirteen (13) aos nineteen (19). Ao se completarem 20 anos, mudava-se de década e status o adolescente passava a ser um jovem adulto.

A própria lei brasileira considera que, aos 18 anos, uma pessoa já é plenamente responsável por seus atos. Mas certamente não pela sua sobrevivência, como se sabe. Com essa idade, um jovem (da classe média, pelo menos) ainda está no primeiro ou segundo ano da faculdade, com pouquíssimas chances de emprego e auto-suficiência. Também não pensa seriamente em se casar, em ter uma casa e filhos, em se tornar responsável por uma família, condição que atestaria sua maturidade psicológica e autonomia na sociedade. Enfim, é adulto mas naquelas, né?

A adolescência tornou-se tão longa que a psicóloga carioca Tânia Zagury dedicou um livro inteiro, Encurtando a Adolescência, a esse assunto. Hoje, considera-se que a adolescência começa bem antes, já com uns 11 anos e alonga-se até um período indeterminado, que pode ir até a casa dos 20: 22, 23, 24 anos, sabe Deus quando. Essa visão, que vem dos próprios jovens com relação a eles mesmos, foi detectada pelo psicólogo paulista Yves de la Taille, autor do livro Labirintos da Moral, que assina junto com o educador Mário Sérgio Cortella. Diante do olhar estupefato do professor, todos os alunos do quarto ano de psicologia da USP, gente dos seus 23, 24 anos, levantaram a mão quando perguntados se consideravam a si próprios como adolescentes. Acreditam nisso porque certamente não têm autonomia. Podem ter independência na casa dos pais, total liberdade de ir e vir, mas não têm auto-suficiência, diz. Esse é, segundo Yves de la Taille, o grande fator que separa sua geração da de seus filhos: a capacidade de ficar em pé nas próprias pernas vinha mais cedo e era muito desejada. Havia um certo brio em sair de casa, manter-se sozinho, enfrentar a vida para ter independência e vida própria. Esse orgulho vinha do clima cultural vigente: ao sair de casa, rompiam-se as amarras com um sistema familiar duramente contestado e abriam-se caminhos para novas formas de viver em sociedade. Para a turbulenta geração dos anos 60 e 70, independência rimava com honra. Inaugurou- se uma outra época: os ídolos dos jovens passaram a ser os próprios jovens, com sua rebeldia e amor pela liberdade. Antes, os ídolos dos jovens eram seus próprios pais, afirma De la Taille.

Mudança brutal. A juventude, com sua beleza e ímpeto de vida, tornou-se o mais desejado dos bens. Por isso, os filhos de hoje querem permanecer adolescentes até a última ponta. E os pais também. Pensem bem: ter os filhos por perto, como se fossem crianças, pode aumentar, e muito, a ilusão de eterna juventude. E adiar o momento de se reestruturar um casamento, de se perguntar o que realmente gosta de fazer na vida, procurar projetos que incluam a realização pessoal. Reencontrar a própria individualidade, depois de tantos anos se dedicando a ajudar a formar a identidade dos filhos, pode ser um processo doloroso. Além de ser uma maneira inconsciente e engenhosa de não enfrentar a própria idade e, com isso, a proximidade da etapa final da existência (que também se alongou e tornou-se mais prazerosa e criativa, ainda bem).

Sábios são os indianos, que, encerrada a vida produtiva, de exercício profissional e criação de filhos, iniciam outra etapa completamente diferente, consagrada ao autoconhecimento e aperfeiçoamento interior. Fazem retiros, peregrinações espirituais, vão atrás de mestres ou se tornam um deles. Mesmo no Ocidente, onde a procura espiritual não parece ser tão visceral e profunda, muitos pais que soltaram seus filhos para o mundo tiveram a oportunidade de experimentar o que sempre gostariam de fazer e nunca haviam conseguido: viajar, ensaiar uma atividade artística ou literária (pintar, esculpir, tocar um instrumento, escrever), fazer cursos livres, entrar numa nova faculdade para depois, quem sabe, dar aulas ou dedicar-se a uma atividade voluntária. Os pais podem, numa imagem bem prosaica, voltar a comer a coxinha do frango, depois de tantos anos tendo deixado essa parte saborosa para os filhos durante as refeições.

Os 50, 60 e 70 anos, então, podem se tornar um rico período de busca de realização. E por que não? de felicidade. Aos 57 anos, Blanca Suarez, por exemplo, que durante mais de dez anos foi relações-públicas da Maison de la France, órgão oficial do turismo francês no Brasil, abandonou a idéia de continuar nesse ramo de atividade para se dedicar à paixão de sua vida: os animais. Inscreveu- se como voluntária numa ONG,a Arca, que acolhe animais enjeitados, e, por enquanto, não pensa em voltar ao circuito de eventos, festas e viagens. Conquistei o direito de fazer só o que meu coração diz. Mãe de um médico veterinário de 25 anos que tem mais quatro anos de mestrado e doutorado pela frente e que ainda mora em sua casa, ela não esperou para conquistar o espaço próprio. Estou me preparando para quando ele for embora.

Por isso, tranqüilize-se, não é errado ter os filhos por perto, se realmente há necessidade disso e se você não se torna dependente da lufada de oxigênio que eles trazem para casa, tentando segurá-los com mimos ou chantagens emocionais. A história só fica meio esquisita quando não há essa precisão e há um certo comodismo por parte deles, uma espécie de pânico de enfrentar a vida e passar pelas eventuais dificuldades que irão se apresentar no caminho. Porque é claro que será diferente. Essa geração ama o conforto tanto quanto a geração passada gostava da liberdade. Mas o ser humano precisa de riscos e desafios para crescer, afirma Yves de la Taille. Enfim, precisa quebrar a cara às vezes. Filhotes são mesmo para sair do ninho, ainda que isso custe um pouquinho mais.

Você mesmo desempenhou o seu papel nessa mudança rumo a uma vida mais protegida. De peito aberto, sua geração ajudou a destruir convenções, balançar a moral estabelecida e dar uma sacudida geral nas ideologias. Foram derrubados os muros que bloqueavam a estrada e agora seus filhos passeiam por ela sobre asfalto macio. Eles têm mais tempo para aprender, mais abertura para viver e, de certa maneira,muito mais facilidades. Têm, em suma, acesso a informações e experiências quase inimagináveis em seu tempo. Por motivos diferentes (e são muitos, não tenha dúvida), sorte sua por ter vivido sua época. Sorte dos seus filhos por viverem a deles.

Agora, com o coração mais pacificado, leia o que acontece com seus filhos. Leia e reflita. E descubra, nele e em você, se há uma necessidade de mudança.

Chegou a hora?
Lembre-se sempre: seu filho já é um adulto.
Mesmo que não precise, faça questão de que ele ajude em casa.
Estabeleça com nitidez as responsabilidades dele.
Deixe claras as conseqüências do não cumprimento dessas regras.
Se ele pensar em sair, procure ajudá-lo no que for possível.
Não use suas dificuldades para mantê-lo em casa.
Se ele deseja ficar para ajudá-lo por alguma razão, reflita bem.
Procure retomar sua própria individualidade.
Inaugure uma fase de realização de sonhos e busca espiritual.

Então, quero sair e ao mesmo tempo não quero. Quero ter minha privacidade e minha casa só minha, quero ser independente mas adoro a companhia, o carinho, o cuidado e a proteção de papai e mamãe. Rapadura é doce mas não é mole não. Crescer é muito difícil.