quarta-feira, agosto 27, 2008

segunda-feira, agosto 25, 2008

PLEASE, FEED THE MODELS!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!




Depois da sequência de modelos literalmente morrendo de fome, alguma americana com senso de humor querendo alertar a população mundial de forma leve e engraçada que essas meninas não podem ter o peso tão baixo, criou uma camiseta com a seguinte frase:

"Please, feed the models"

A resposta da meninas foi fazer uma outra com a frase "Please, don't feed the models".

Isso porque a Moda estimula que elas sejam cada vez mais mulheres cadáver.

Não faço apologia de mulheres gordas, sou gordinha e faço regime porque quero ser pra mim uma mulher dita "normal", nem gorda, nem magra. mas acima de tudo saudável, viva, com a pele viçosa, com energia, com rubor nas faces!

Por isso condendo essa moda que impõe que mulheres comuns ou mesmo modelos, sejam moças com uma aparência de doentes, tristonhas e infelizes. Elas responderam com a tal camiseta "Don't feed the models" porque além de burrinhas e com uma limitação enorme de poder de interpretação do mundo elas morrem de medo de serem despedidas se chegarem lá na passarela com uma bochechinha fofa.

A questão é: se todas chegassem como uma bobchecha fofa e feliz mais parecida com a minha e com as mulheres comuns a MODA ia ter que rever seus conceitos e não as mulheres "normais" se sentiriam impelidas a serem "mulheres cadáveres".

Não acho bonito ser gorda. Não acho mesmo.

Mas devo admitir que adorei a revolta da modelo Velvet D'amour, aquela de 132 quilos que desfilou pro John Galliano, na foto acima desbancando essa magrelas com muito humor!


Abaixo não deixe de ler a matéria da jornalista burra burra burra, que tachou a resposta de modeletes idiotas de "inteligente"

16/02/2007 - 20h25

"Por favor, não alimente as modelos", ironiza camiseta sobre polêmica da anorexia

da Redação

Reuters

Modelo veste a camiseta no backstage de um dos desfiles da Semana de Moda de Londres (16/2)

Modelo veste a camiseta no backstage de um dos desfiles da Semana de Moda de Londres (16/2)


Elas resolveram reagir. E para quem não dá mais do que duas alfaces e um punhado de ossos magros pela perspicácia das modelos, a resposta das belas às acusações generalizadas de anorexia ainda veio carregada de inteligente ironia.

Em território de moda brasileira a revanche começou tímida, no São Paulo Fashion Week, com uma piadinha ali e outra aqui nos bastidores de desfiles. Em Londres, as modelos radicalizaram. Algumas delas passearam pelos backstages com a divertida camiseta que diz: "Please, don't feed the models" ("Por favor, não alimente as modelos"). Ponto para as magrinhas. (Carolina Vasone)
Photobucket


Ontem o camarim 8 de A Noviça Rebelde bombou! O dia foi atipicamente cansativo, porque em vez de uma sessão fizemos duas por ocasião do cancelamento da récita da última quarta (teve show do Caetano no teatro). Nesses dias mais punks nós tiramos uma força da terra e inventamos brincadeiras, lemos textos, contamos casos da vida de cada uma e sempre nos divertimos muito e nos emocionamos... é ótimo!

Outro recurso para aplacar o cansaço físico e mental que o trabalho nos exige é mais música, só que de tipos diversos pra arejar a mente.

Eu não tenho Ipod (que absurdo!!!!) mas peguei emprestado o da Manguinha, minha amiga amada. Eu já sabia que o gôsto da gata batia com o meu, mas me surpreendi com a seleção de músicas que rolaram nas paradas e entre uma Madonna aqui e um Seal ali eu vibrei mesmo, (muito!!!!!!!) de emoção quando de repente...

Luz
Quando a gente dança é luz
Quando a gente ama tudo é manha (manhã)
Tudo é muita luz

Solidão
Parei já com isso
Meu amor
Te quero comigo aqui
Pra fazer já sabe o quê

Traz o sol
Que eu abro um sorriso
Leva um som
Que eu canto contigo até
Até quando amanhecer
Ou até
quando quiser
Essa noite é só prazer e...

sexta-feira, agosto 22, 2008




LONELY

Ser amigo de alguém é:

Antes de julgá-lo, dizer uma palavra que demonstre carinho
Afagar sinceramente, abraçar antes de dar sermão
Ter carinho de verdade e demonstrá-lo
É acolher o amigo
Mas pra acolher é preciso prestar atenção nele, ter sensibilidade pra perceber quando ele precisa de você
Ser amigo é ouvir o o outro e seu sofrimento mesmo quando não compreendemos bem o que se passa com ele
Ser amigo é não colocar o outro numa situação em que ele tenha de pedir ajuda mais de uma vez quando ele está na merda, isso vai constranger e envergonhar seu amigo.
Assim ele vai se afastar de você e não será possível ajudá-lo
Ser amigo é tentar compreender de verdade o sofrimento de seu amigo e não apenas ouvir sem escutar
Ser amigo é deixar seu próprio problema ao menos um pouquinho de lado pra dar um pequeno espaço que seja do seu ombro à ele.
Pra ser amigo de verdade é preciso dedicação e paciência
Mesmo com bons amigos às vezes sinto falta deles...

domingo, agosto 17, 2008







Sempre fui desencanada com esse lance de idade. Fazer aniversário, principalmente nos momentos em que eu estava bem na vida, feliz e tudo mais, sempre foi um prazer.

Mas ontem (sábado, 16 de agosto) fiz 30 anos! Essa semana já na segunda-feira eu comecei a sentir uma tristeza de ter compreendido nos últimos 3 anos que a vida tem um tempo, não é eterna.

E fiz aquilo que muita gente faz, uma espécie de balanço sobre o que melhorei, o que foi feito, momentos felizes e tristes... inevitavelmente caí na armadilha de pensar que tudo poderia ter sido bem melhor e que me imaginei rica e magra, casada e com filhinhos quando tivesse meus 30.

Bem, não casei... (ainda) e também não consegui emagrecer (ainda) e nem ficar rica (?).

Mas nem por isso estou menos feliz. Fiquei pensando no quanto tantas vezes fui pouco generosa comigo e exigi demais de mim, que eu deveria ter conseguido isso ou ter lutado mais por aquilo. Há uma semana atrás eu fiz esse exercício cruel comigo.

Claro que é saudável ponderar, olhar pra dentro e ter auto-crítica pra poder mudar pra melhor, pra crescer, pra ser mais feliz... mas também é bem saudável reconhecer que fizemos o que pudemos fazer até aqui e que ainda há muito pra se construir.

Não cheguei a ter a crise dos 30. Acho muito "demodê". Não existem coisas mais bregas e ultrapaçadas do que ter crise dos 30, fazer 69 (sim, isso mesmo, a trepação ao contrário) e morrer de overdose.

Tive um pequeno surto porque na última hora (na verdade última semana aos 29) me emocionei ao pensar que a última década foi cheia de grandes emocões e que passou tudo tão rápido. E que ao mesmo tempo queria ter feito mais e mais (a gente sempre quer mais).

Além de conversar com amigas queridas que me lembraram do ótimo momento amoroso (meu namoradão!!!) e profissional (Noviça!!!) que vivi no último ano e ainda agora estou vivendo, eu ouvi muitos comentários lindos sobre essa nova fase que vem por aí.

Um ator colega, o querido Cássio Pandolfi, disse que seus 30 anos foram uma beleza e afirmou profeticamente do alto de seus quase 60 que este será o ano da minha vida. Fiquei tão feliz com essa fala dele! Acho que ele está certo!!!! Sim, possivelmente esse ano será o ano mais bonito de minha vida.

Isso me deixa feliz e ansiosa pra começar a aproveitar mais a vida desde já. Me sinto mais corajosa também! O 30 nos dá um poder de pesar mais as coisas.
Não é do dia pra noite que acontece, é de toda a caminhada e da dor e da delícia dos 20 até aqui.

Não sinto culpa de querer tudo o que quero e pra piorar ( na verdade melhorar!!! ) eu tenho certeza absoluta de que mereço nada menos que o melhor. Mereço ser muito amada e mereço amar com toda a potência que meu ser me impulsiona a fazê-lo. Aos 30 a gente negocia mais com a gente mesma, mas menos com o mundo exterior. A rédea é curta, rapaz! Não. Isso não é ser metida, do alto dos meus 30, afirmo que é ser bem resolvida. Não é balela de auto-ajuda, não é bem se amar (todo mundo se ama em certo ponto). Não é bem isso...

É SER DE VERDADE, SE QUERER de verdade, com FORÇA E ESPONTANEIDADE, AI! É SE QUERER TANTO... que dói.... SE QUERER TANTO a ponto de transbordar a gota d'água do copo e você se jogar junto com a gota e SE DERRAMAR na sua medida de mulher sólida que não titubeia ao apertar "ENTER" e se atira no abismo, não pra cair, mas pra voar.

Sou das que se jogam no abismo pra arriscar, pra valer e pra arrasar quarteirão.


No dia do meu aniverário, minha amiga Mari querida levou em áudio este texto lindo, o "Filtro solar" de uma escritora inglesa, na brilhante tradução, voz e espírito de Pedro Bial.



Filtro Solar

Pedro Bial

Composição: Mary Schmich

Senhoras e senhores da turma de 2003.

Filtro solar!

Nunca deixem de usar o filtro solar.
Se eu pudesse dar só uma dica sobre o futuro,
seria esta use filtro solar.

Aproveite bem, o máximo que puder,
o poder e a beleza da juventude.
Ou, então, esquece...
Você nunca vai entender mesmo o
poder e a beleza da juventude
até que tenham se apagado.

Não se preocupe com o futuro.
Ou então preocupe-se, se quiser, mas saiba que
pré-ocupação é tão eficaz quanto mascar chiclete para
tentar resolver uma equação de álgebra.

Todo dia, enfrente pelo menos uma coisa que te meta
medo de verdade.

Cante.

Não seja leviano com o coração dos outros.
Não ature gente de coração leviano.
Não perca tempo com inveja.
Às vezes se está por cima,
às vezes por baixo.
A peleja é longa e, no fim,
é só você contra você mesmo.

Não esqueça os elogios que receber.
Esqueça as ofensas.
Se conseguir isso, me ensine.
Guarde as antigas cartas de amor.
Jogue fora os extratos bancários velhos.

Estique-se.

Não se sinta culpado por não saber o que fazer da
vida.
As pessoas mais interessantes que eu conheço não
sabiam, aos vinte e dois
o que queriam fazer da vida.
Alguns dos quarentões mais interessantes que eu
conheço ainda não sabem.

Tome bastante cálcio.
Seja cuidadoso com os joelhos.
Você vai sentir falta deles.

Talvez você case, talvez não.
Talvez tenha filhos, talvez não.
Talvez se divorcie aos quarenta, talvez dance ciranda
em suas bodas de diamante.

dance...

Refrão: Brother and Sister
Together we'll make it trough
Someday a spirit will take you
And guide you there
I know you've be hurting
But I've been waiting to be there for you
And I'll be there just helping you out
Whenever I can

dance...

Dedique-se a conhecer seus pais.
É impossível prever quando eles
terão ido embora, de vez.
Seja legal com seus irmãos.
Eles são a melhor ponte
com o seu passado e
possivelmente quem vai sempre mesmo te apoiar no
futuro.

Entenda que amigos vão e vem, mas nunca abra mão de
uns poucos e bons.

More uma vez em Nova York, mas vá embora antes de
endurecer.
More uma vez no Havaí, mas se mande antes de
amolecer.

Viaje.

Cuidado com os conselhos que comprar,
mas seja paciente com aqueles que os oferecem.
Conselho é uma forma de nostalgia.
Compartilhar conselhos é um jeito de pescar o passado
do lixo,
esfregá-lo,
repintar as partes feias e reciclar tudo por mais do
que vale.

Mas, no filtro solar, acredite.

sexta-feira, agosto 01, 2008

[banho+de+mangueira.jpg]




Iuuuuuupiiiiii!!!

A VIDA ESTÁ BOA? VOCÊ ESTÁ COM VONTADE DE SAIR PULANDO FEITO UM POTRINHO NO CAMPO? ENTÃO SUA CRIANÇA INTERIOR ESTÁ NO AUGE DA FELICIDADE. MAS, SE NÃO ESTIVER, TEM JEITO DE DESPERTÁ-LA, MESMO SEM PRECISAR EMPINAR PIPA, TOMAR SORVETE OU PUXAR O CAVANHAQUE DO CHEFE

texto Liane Alves fotos Eduardo Delfim


Banho de mangueira no quintal pode terminar em guerra de esquicho e festa - é só começar

Se um marciano recém-chegado à Terra perguntasse a você o que é felicidade, que cena você escolheria para mostrar esse sentimento em seu mais puro estado? Um casal se unindo numa igreja? Um jovem recebendo seu diploma? Uma mãe amparando seu bebê pela primeira vez? Todas essas imagens expressam diferentes formas de realização, mas eu preferiria levá-lo para a beira de um rio para ver crianças brincando de pular na água, naquele tchibum sem igual na vida, correndo pela pedra para tomar impulso e mergulhar de pé com as pernas balançando para tudo que é lado. Tem alegria maior, mais pura que essa? Só a de cenas comparáveis: a menina escorregando na grama a mil por hora na chapa improvisada de madeira, o garoto pegando jacaré... Todas versões da mesma coisa: inocência e frescor, brincadeira e leveza, corpo e emoção, curiosidade e criatividade, senso de aventura e liberdade.

Se a gente reparar bem, ao nomear essas qualidades estaremos falando exatamente dos componentes básicos que garantem a felicidade. Não tem dinheiro no meio, tem? Também não tem segurança e estabilidade, tem? Esses momentos, ora veja, também não dependem nem de nada nem de ninguém. Muito menos de condições especiais, de pré-requisitos, ou de como a coisa deve ou não deve ser, essa mania de gente adulta. Porém, vamos ter de admitir: todo mundo sabe que não é mais criança. Temos outras necessidades, compromissos e responsabilidades. Criamos vínculos, travas, mordaças. Mas, hummm, será que não dá mesmo para conciliar as duas coisas? Será que não dá para buscar mais leveza e frescor, espontaneidade e alegria ou aventura e irreverência em nossas vidas? O mais legal dessa história é que dá, sim.

Você, como eu, também torcia o nariz quando ouvia falar da criança interior? E de como era importante expressá-la no dia-a-dia? Irônica, cheguei até a imaginar a cena: as crianças interiores do adultos saindo para fora das pessoas com estilingue no bolso ou com o coelho da Mônica pela mão, prontas para atingir o primeiro desavisado que aparecesse. Por isso, quando alguém vinha com essa conversa, assobiava, olhava para os lados e saltava fora. Até que um dia resolvi me aprofundar no assunto.

O criador da psicologia analítica, o suiço Carl Gustav Jung, por exemplo, passou um bom tempo de sua vida a estudar o tema. Um de seus mais brilhantes discípulos, James Hillman, também. Isso queria dizer que essa história de criança interna não era só coisa de livro de auto-ajuda. Reconheci: estava mais que na hora de saber como o contato com meu lado criança poderia ajudar a me dar mais vigor e alegria na vida.

Sob o quentinho do sol

Existem várias maneiras de contatar sua criança interna, e uma das melhores é a mais direta. Isto é, sempre que tiver chance, torne-se uma criança, desperte em você mesmo o menino ou menina que já foi um dia. Um grande mestre nos ensina como fazer isso: “Se estiver na praia, comece a catar conchinhas ou a fazer desenhos na areia; se estiver no jardim, brinque com o cachorro, observe com atenção formigas, passarinhos e borboletas. Sempre que puder estar com crianças de verdade, misture-se a elas e deixe de ser adulto. Deite-se no gramado, como uma criança pequena aproveitando o quentinho do sol. Corra pelado, como a meninada faria. No banheiro, em frente ao espelho, faça careta, ou, quando estiver na banheira, jogue água para cima, brinque com patos de plásticos ou barquinhos. As possibilidades são infinitas. O mais importante é esquecer-se da sua idade”. Essas palavras são do mestre indiano Osho. Ele nos ensinou a nos tornarmos crianças como um tipo especial e muito importante de meditação. E explica por que ela nos faz bem: “Tudo isso é necessário para conectá-lo outra vez com sua infância. Você tem que regredir, chegar ao fundo das memórias, porque as coisas só podem ser mudadas se atingirmos suas raízes”.

É isso: quando entramos em contato com a criança que já fomos, acessamos a energia e a criatividade do mundo infantil e somos rejuvenescidos pelo influxo dessa nova seiva. A gente se sente renovado, disposto. É por esse motivo que, quando estamos relaxados e felizes, inconscientemente já fazemos isso. As férias, por exemplo, favorecem o aparecimento de várias crianças interiores. Flagrei algumas com seus 40 e poucos anos empinando pipa na praia, jogando peladas na areia, disputando campeonatos de pebolim no bar ou tomando sorvete com cobertura de pastilhas de chocolate coloridas, jujuba, damasco e cereja, tudo ao mesmo tempo.

Ok, essa é uma das maneiras de arejar essa criança presa dentro do armário do peito e convidá-la para passear. Mas será a única?

Garotos são de lascar

Você era uma criança levada? Mandona? O dono da bola ou o que escolhia o pessoal na hora de jogar queimada? Ou era aquela criaturinha tímida e sensível com o cobertorzinho na mão e o último a ser escolhido na hora do jogo de vôlei? Morro de vergonha de dizer que era do segundo time, o das crianças quietinhas. Daquelas que costumam ser passadas para trás pelas mais espertas, sabe? Então, uma das questões cruciais que tinha para a psicoterapeuta junguiana Sônia Belotti era exatamente essa: a criança interior com que tenho de entrar em contato é aquela menina que sempre preferiu seu mundo interno e as paisagens da natureza? São as crianças que já fomos na vida?


O primeiro passo é aceitar a criança que já fomos um dia, do jeitinho que ela era


A resposta esconde uma sutileza. “A criança interior é aquela que imaginamos ter sido um dia. Talvez nem seja realmente a criança que realmente fomos, segundo nossos pais ou amigos, por exemplo, mas sim aquela que ficou registrada em nossa psique, com suas vivências e emoções. Ela é inteiramente subjetiva”, diz Sônia Belotti.

Bom, agora que já sabemos quem ela é, como vamos acessála em nossa memória? A terapeuta diz que uma boa maneira é verificar atentamente nossas fotografias de infância. Olhares e expressões nos dizem muito de quem a gente foi, mais até que nossas recordações, que às vezes traem o que verdadeiramente nos aconteceu. Sônia me aconselhou também a fazer uma meditação usando visualização: imaginar a garota que fui, no meu quarto, ou envolvida com minha brincadeira favorita. Quando essas imagens estivessem nítidas em minha mente, ela me disse para olhar para essa criança em seus olhos e abraçá-la, totalmente disposta a aceitá-la de coração tal como ela é. É um exercício que em psicanálise se chama de imaginação ativa.

Com uma certa resistência, fui fazer a experiência da tal visualização. Emocionei-me bastante, percebi o quanto gostava dessa menina de pijaminha de flanela que eu tinha sido.

Lembrar-se de si mesmo quando criança ajuda a contatar uma fonte inesgotável de energia

Também vi o quanto ela precisava do meu abraço, do meu aconchego. Saí da meditação com um sentimento muito bom no coração.

Outra prática proposta por Sônia para travar contato com a criança interior é deixar um retrato de infância no criado-mudo por uns tempos. E, sempre que possível, perguntar mentalmente a essa criança, antes de dormir, o que ela mais deseja na vida. A resposta, diz a especialista, pode vir em sonhos, insights (revelações instantâneas), numa coisa que você vai ler ou alguém vai lhe dizer. Seu inconsciente, que está em contato com seu ser mais essencial, vai responder. E, com base nessa resposta, suas próximas metas podem estar mais alinhadas esse seu eu mais profundo.

Investir em seus próprios sonhos (mesmo com adaptações) garante a ativação de algumas das qualidades que mais trazem felicidade à alma humana: coragem, alegria, abertura, sentido de aventura. Essa me parece uma maneira inteligente de entrar em contato com a menina ou menino que um dia fomos. Tanto quanto tomar sorvete ou jogar pingue-pongue.

Jung e os bloquinhos


Agora que já sabemos entrar em contato com a criança interna, temos de saber para que serve isso, afinal. E ninguém melhor que o psicanalista suiço Carl Gustav Jung para responder. Jung fez uma fantástica descoberta: percebeu que, ao repetir sua brincadeira favorita de infância, que era construir casinhas com blocos de madeira, pedras e areia, acionava uma enorme fonte de energia e criatividade interna. Enquanto se divertia em montar cidades usando as pecinhas de madeira, idéias brotavam aos borbotões em sua mente. Foi com base nesse expediente que ele elaborou temas importantes dentro de seu sistema de pensamento, como a teoria dos arquétipos, do inconsciente coletivo e outros temas essenciais de seu trabalho. Para completar, escreveu uma tese onde explica a enorme importância de acessar o mundo interno infantil e “regredir” voluntariamente como uma maneira de acessar uma fonte insuspeitada de vitalidade, intuição e abertura.

Seu discípulo James Hillman também dá força a essa idéia da brincadeira: “O que a psicologia profunda passou a denominar regressão é apenas o retorno à criança interna”, disse ele. É um processo de interiorização na busca de energia criativa, inovadora, que nos possibilita ampliar e desenvolver nossa jornada na busca de um sentimento de totalidade e plenitude. Por isso é que, depois de jogar pelada, furar onda ou andar de bicicleta, não há marmanjo que chegue em casa sem aquele sorrisão no rosto. Mesmo fisicamente exaustos, a vida nos parece tão boa e generosa que nos dá muita vontade de realizar coisas, amar as pessoas e ser feliz.

Realizar sonhos é outra maneira insuspeitada de expressar o que pede sua alma infantil

A criança ferida

A maioria das pessoas continua tendo contato com sua criança interior mesmo adulta, por meio de hábitos, desejos e condutas infantis. E essa criança interior que habita a alma de cada um pode vir à tona de várias formas, tanto positivas quanto negativas. Ela pode ser alegre, divertida, viva, quando expressa o arquétipo em seu lado positivo, ou melancólica, mal-humorada, teimosa ou birrenta, quando se mostra em seu lado negativo. Nesse último caso, essa exteriorização quase sempre vai revelar uma criança ferida e até hoje magoada. “O primeiro lugar em que vamos encontrar essa criança abandonada é nos sonhos, em que nós mesmos, um filho nosso ou uma criança desconhecida é negligenciada, esquecida, deixada para trás”, diz James Hillman. Acalentar, cuidar e dar segurança a essa criança ferida, seja com visualizações, seja com terapia, pode ser um passo muito importante para sua cura, segundo os parâmetros da psicologia analítica.

E Jung dizia mais ainda. Ele afirmava que toda vez que temos vontade de expressar os aspectos positivos da criança interna estamos dando claros sinais de que podemos estar a um passo de um grande evento: a obtenção da totalidade psíquica ou, em outras palavras, de atingir aquele estado de plenitude, alegria e felicidade tão bem representado pela criança quando tem todas as suas necessidade atendidas. Lembra a linda imagem usada pela compositora Dolores Duran que fala “da paz de criança dormindo”, na canção Para Enfeitar a Noite do meu Bem? O mestre da psicanálise diria que ela retrata com poesia e precisão o arquétipo da Criança Divina, que é a expressão maior e mais profunda da criança interior. É como se fosse a dimensão mais pura de nós mesmos, que pode ser atingida em alguns raros momentos durante a vida, quando temos a maravilhosa sensação de estar plenos, felizes e absolutamente integrados ao universo.

Você tinha idéia do quanto é importante travar contato com sua criança? Eu não.

Os egoistinhas


E aqueles adultos-crianças que não amadurecem nunca, chatinhos, mimados, egoístas e teimosos? Bom, eles estão em contato com o aspecto negativo de sua criança interior e tão identificados com ele que não conseguem amadurecer. É muito diferente de um adulto maduro que trava contato com seus aspectos infantis (tanto positivos quanto negativos, pois a tentativa é justamente conhecer-se melhor). Um é uma criança grande que não alcançou a saudável contrapartida da maturidade. O outro, um ser maduro que tem a sabedoria de não asfixiar a criança que já foi um dia.

Existe ainda outra classificação interessante. Adultos e crianças podem ser extrovertidos e introvertidos, segundo as concepções junguiana e freudiana. Sonhos de crianças/adultos introvertidos, que extraem mais prazer de seu centro interno, trazem características mais autocentradas: viajar sozinho de moto pelo deserto de Atacama, ter um refúgio de madeira à beira de um lago ou construir um veleiro com as próprias mãos. O contrário também vale: os extrovertidos, que extraem mais prazer com o que está fora, podem sonhar em ir com os amigos para a África do Sul na próxima Copa do Mundo, querer organizar um mutirão de Natal para ajudar crianças carentes ou dar uma festa de arromba para comemorar seus 50 anos. O ideal, porém, é que, temperados pela sabedoria da maturidade, o adulto amplie um pouco mais seu centro de prazer infantil, ou incluindo alguém, no caso dos introvertidos, ou excluindo o excesso de pessoas ou a atividade exagerada, quando se fala de extrovertidos. “A maturidade e o autoconhecimento podem trazer mais equilíbrio à criança interna”, diz Sônia. Os sonhos ficam mais ricos se compartilhados em mais justa medida e podem render mais satisfação.

Então, tá combinado: toda vez que você apostar em realizar um sonho (mesmo os atuais), tiver certeza de que o futuro vai ser benéfico e se sentir radiante e feliz, já vai saber que estará expressando sua criança interior. Também vai lembrar que as brincadeiras de infância e os exercícios de imaginação ativa, as ocasiões em que você se imagina quando pequeno, podem acessar um manancial imenso de criatividade e energia. Isso só para começar o jogo, porque tem muito mais coisas interessantes a respeito desse assunto, se a gente quiser se aprofundar. Da próxima vez que passar por uma seção de livros que falem da criança interior, juro que dou mais uma olhadinha e conto.

Sou muito muito fã da jornalista da revista "Vida Simples" Liane Alves, compartilho de tudo isso que ela refletiu sobre trazer a criança interior que está em nós, sem que isso seja um esterótipo de um adulto retardado que gosta de bala, roda gigante e cor-de-rosa. Eu e minhas amigas amamos tudo isso de forma feliz, sem o esterótipo do "baby talk", sacaram?

beijos beijos e até a próxima!

Julia Porto