terça-feira, abril 07, 2009

Think or feel, feel or think
Think or feel, feel or think by Julia Porto love on Polyvore.com


Sense and sensibility

ou
Razão versus Paixão (do radical pathos)
ou
I don't think, I feel
ou
I don't feel, I think
ou ainda
I let myself think more than feel






AFF!!!!!! Dei vários títulos ao texto a seguir porque um só não traduz minha múltipla questão existencial da última madrugada insone. Outro dia uma amiga muito querida me disse que tenho enorme potencial pra crescer na vida e que só não cresço mais porque minha ansiedade me atrapalha. Na hora eu ouvi e concordei. Sim, sou muito ansiosa. Acabo querendo rapidamente tirar conclusões sobre as coisas e me confundo. A ansiedade acaba me sabotando porque sempre tenho a ilusão que se chegar o mais rápido possível à conclusão de como me sinto com relação aos temas da vida, à idéias e às situações, vou me sentir mais calma e menos angustiada.

Só que depois desse toque da minha amiga eu passei a pensar que a tal "calma" da conclusão, o tal apaziguamento da angústia é ilusório e me impede de ter reflexões mais avançadas. Interrompo meus próprios fluxos e a forma como eu penso o mundo e como me sinto fica reduzida e perco parte do meu potencial. A conclusão de querer tanta conclusão é que no fim das contas acabo nem sabendo direito de que forma eu realmente me sinto com relação a um objeto qualquer. Tudo acarretado pelo monstro da ansiedade que habita o meu ser.

FFFFOUND!


Fiquei matutando a madrugada toda sobre o pensar e o sentir. Acho que me tornei artista, atriz, cantora... porque tem algo que não sei explicar que trasnborda em mim. E é esse "não sei o quê" de sensilbilidade em alta voltagem que me faz ser mais sentimento que razão. Se deixar minha natureza me levar eu sinto muito mais do que penso. Ah, mas se eu deixasse o "sentir" fluir mais do que o "pensar", o primeiro me engoliria. Então acabo indo pro outro extremo, da racionalização hardcore pra me proteger, pra me defender de ser assolada por mim mesma.

A própria rotina de um cantor-ator de musical já é diferente. Não tem horário civil, a organização do dia é outra. E com isso a organização mental também muda. Aliás, um parentesis, isso me alivia muito. Durante alguns anos eu acordei cedo pra trabalhar e pensava até quando aguentaria o martírio, pensava que tinha algo errado comigo porque era extremamente infeliz de acordar às 7 da matina. Me sentia fracassada de alguma forma.

THINKER
THINKER by hello_hello~ on Polyvore.com


Hoje estou me sentindo ótima acordando mais tarde, mas ainda sim a rotina física e mental de um artista é diferente. Se eu não racionalizar minimamente meu dia e o que eu sinto ao longo dele, eu posso facilmente me perder, me equivocar com meu próprio sentimento, achar que estou levemente deprimida ou ver problemas onde eles não existem. Isso pra mim de certa forma seria me deixar levar só pelo sentimento.

Quando eu penso sobre as coisas eu me sinto mais segura. E esse é um vício que minha boa análise me traz e me trouxe ao longo do tempo. Não é ficar neurótica analisando tudo não. Mas é me manter centrada, ter um foco, pensar nos objetivos da vez. Pensar em ser feliz naquele momento presente.

Como estou morando sozinha eu tenho que fazer muitas vezes o exercício de me preencher de mim mesma. Está sendo um enriquecimento pessoal e tanto.



Ainda sim tenho pensado em buscar o equilíbrio entre o sentir e o pensar. Tenho pensado em me dar mais tempo, um tempo interno de ouvir como me sinto, antes de pensar. Não sei se um caminho pode ser a meditação. Tenho uma intuição de que tentar sentir mais e pensar menos pode ser um caminho incrível para um crescimento pessoal e também pra um crescimento como atriz e cantora.

Afinal o "sentir" é a matéria prima, o filé mingnon, de um bom artista, qual seja sua especialidade.



Escrevam o que vocês blogueiras e blogueiros pensam ou sentem sobre sentir e pensar ;)))

beijos

Julia :)

segunda-feira, abril 06, 2009

CRESÇA E DIVIRTA-SE

Texto da escritora Martha Medeiros sobre seu livro "Divã" que deu origem à uma peça e ao filme estrelado pela atriz Lília Cabral


Growing up
Growing up by Julia Porto love on Polyvore.com



Tenho viajado pra lá e pra cá acompanhando algumas pré-estreias do filme Divã, baseado no meu livro homônimo. Delícia de tarefa, ainda mais quando a gente gosta de verdade do trabalho realizado, e esse filme realmente ficou enxuto, delicado e emocionante. Além disso, ainda consegue me provocar. A personagem Mercedes (vivida pela incrível Lilia Cabral) está fazendo análise e leva pro consultório muitos questionamentos sobre sua vida. Até que, passado um tempo, finalmente relaxa e se dá conta de que não há outra saída a não ser conviver com suas irrealizações. Diante disso, o analista sugere alta, no que ela rebate: “Alta? Logo agora que estou me divertindo?”

Eu tinha esquecido dessa parte do livro, e quando vi no filme, me pareceu tão cristalino: um dos sintomas do amadurecimento é justamente o resgate da nossa jovialidade, só que não a jovialidade do corpo, que isso só se consegue até certo ponto, mas a jovialidade do espírito, tão mais prioritária. Você é adulto mesmo? Então pare de reclamar, pare de buscar o impossível, pare de exigir perfeição de si mesmo, pare de querer encontrar lógica pra tudo, pare de contabilizar prós e contras, pare de julgar os outros, pare de tentar manter sua vida sob rígido controle. Simplesmente, divirta-se.

Não que seja fácil. Enquanto um corpo sarado se obtém com exercício, musculação, dieta e discernimento quanto aos hábitos cotidianos, a leveza de espírito requer justamente o contrário: a liberação das correntes. A aventura do não-domínio. Permitir-se o erro. Não se sacrificar em demasia, já que estamos todos caminhando rumo a um mesmo destino, que não é nada espetacular. É preciso perceber a hora de tirar o pé do acelerador, afinal, quem quer cruzar a linha de chegada? Mil vezes curtir a travessia.

Dia desses recebi o e-mail de uma mulher revoltada, baixo astral, carente de frescor, e fiquei imaginando como deve ser difícil viver sem abstração e sem ver graça na vida, enclausurada na dor. Ela não estava me xingando pessoalmente, e sim manifestando sua contrariedade em relação ao universo, apenas isso: odiava o mundo. Não a conheço, pode sofrer de depressão, ter um problema sério, sei lá. Mas há pessoas que apresentam quadro depressivo e ainda assim não perdem o humor nem que queiram: tiveram a sorte de nascer com esse refinado instinto de sobrevivência.

Dores, cada um tem as suas. Mas o que nos faz cultivá-las por décadas? Creio que nos apegamos com desespero a elas por não ter o que colocar no lugar, caso a dor se vá. E então se fica ruminando, alimentando a própria “má sorte”, num processo de vitimização que chega ao nível do absurdo. Por que fazemos isso conosco?

Amadurecer talvez seja descobrir que sofrer algumas perdas é inevitável, mas que não precisamos nos agarrar à dor para justificar nossa existência.




Amei este texto da Martha Medeiros e sou fã da coluna dela na Revista O Globo!!!! Espero que vocês curtam!

beijos

Julia