Ficar em casa ou romper a casca?
Então os filhos se tornaram adultos e estão relativamente encaminhados na vida. Porém, nem pensam em sair para ganhar o mundo e acham ótimo ficar com a família (que, por sua vez, também está adorando tê-los sempre à vista). É normal ou será que existe alguma coisa de errado nisso?
por Liane Alves
É um fenômeno mundial: cada vez mais os filhos prolongam sua estada na casa dos pais, desfrutando de benesses como carinho e apoio quase inesgotáveis, liberdade, a comidinha predileta e outros confortos. Os pais parecem aceitar essa adolescência quase perpétua numa boa e, em muitos casos, estimulam a permanência dos filhos em casa até como uma estratégia para enfrentar o próprio envelhecimento. Mas há muita gente se perguntando se essa realidade é apenas mais uma faceta de um mundo em que os valores estão mudando rapidamente ou se há efetivamente algo de negativo nisso. Por isso, pais e filhos, leiam com carinho esta matéria. E experimentem, nem que seja por alguns momentos, trocar de papel e imaginar o que sente e pensa cada lado dessa história devidamente apresentada para filhos e pais abaixo.
A história dos filhos
A cosquinha que dá vontade de sair de casa já começou? Pode ser até que ela já tenha dado um pouco antes, ao sair da faculdade, aos 22 anos, ou quem sabe quando seus irmãos se casaram e você ficou para trás, aos 25, ou quando um amigo ou amiga o convidou para morar junto, aos 27. Mas parecia muito cedo ainda. Nesses momentos de dúvida, você olhou para seus pais, viu que ainda era muito ligado a eles, que gostava do conforto do seu quarto, que tinha muita liberdade e, principalmente, que a vida lá fora seria dureza. E não saiu. Não precisa se martirizar por isso: saiba que você está em ótima companhia. Filhos que ficam mais tempo em casa, até os 28, 30 ou 32 anos (se não for mais), transformaram-se num fenômeno recente, observado não só na classe média do Brasil como em vários países do mundo é a chamada geração canguru. Na Itália, por exemplo, filhos como você ficaram conhecidos como mammone (palavra que vem de mamma, a soberana mãe italiana que adora ter seus rebentos na barra da saia). Na França, o pessoal anda ficando mais com os pais porque os empregos também estão difíceis por lá. No Brasil, segundo o levantamento feito pelo geógrafo Arlindo Mello para sua tese de mestrado na Escola Nacional de Estatísticas do Rio de Janeiro, 25% por cento dos filhos que ainda moram na casa dos pais na Cidade Maravilhosa têm mais de 30 anos. É gente pra burro. Embora esse universo ainda não seja quantificado com a devida exatidão (segundo o IBGE, os jovens brasileiros que caem na vida mais cedo ainda são a maioria), a dificuldade para sobreviver e as facilidades dadas pelos pais andam conservando muita gente em casa. Portanto, você não é uma exceção isolada: muitas famílias estão mesmo abraçando seus filhos por mais tempo.
O mercado imobiliário, por exemplo, já detectou a mudança. Os enormes apartamentos com quatro suítes e cinco garagens ou os flats que se intercomunicam muitas vezes são vendidos para casais de alta renda com filhos adultos. Os proprietários mais velhos que têm apartamentos grandes não estão se desfazendo mais deles para ir para um menor. Ou os filhos ficaram com eles ou, se saíram, podem voltar, afirma Ely Whertheim, vice-presidente imobiliário do Sindicato das Construtoras de São Paulo (SindusCon-SP).
Fátima Fachin sabe muito bem disso. Aos 28 anos ela viu, abismada, seu pai comprar um apartamento com três suítes quando ela estava prestes a sair de casa para se casar, dois anos depois de sua irmã mais nova. Fátima questionou a decisão. E o pai respondeu na lata: Dou um prazo de carência de cinco anos para o casamento de vocês duas. Se der errado, estou esperando vocês aqui com sua mãe. Se não der, vendo o apartamento, compro um veleiro e vou para a Martinica. A Martinica, para o pai de Fátima, é a imagem de uma utopia, uma Pasárgada. Ele decidiu adiar seu sonho idílico por desconfiar da durabilidade do casamento de hoje e também por achá-las incapazes de sobreviver sozinhas, a partir mesmo de suas escolhas profissionais (música e artes plásticas). Pode ser pragmático, até generoso, mas, puxa, não dá para controlar a vida assim..., diz Fátima.
Luciana Alves Pereira é outra moça de 28 anos que desfrutava de um ambiente e tanto com a família. Filha de pai arquiteto, morava numa casa belíssima de madeira e vidro, fotografada por várias revistas de arquitetura. Mas, no fim do ano passado, começou a sentir que seu prazo de validade por lá já estava expirando. Por ser muito amiga e próxima dos pais, foi duro convencêlos de que queria deixá-los para experimentar a grande aventura da vida independente. Mas o destino ajudou: De repente, vi que se havia formado uma brecha em que eles não precisavam tanto mais de mim. Minha mãe estava bem, meu pai também e minha irmã já estava casada. Se não aproveitasse aquele momento em que tudo fluía, acho que depois ficaria muito difícil. Na sua decisão, está embutida bastante responsabilidade. Saí porque estava ganhando o suficiente para alugar um apartamento de quarto e sala no centro. Não tem sentido viver sozinha e esperar que pai e mãe ajudem a cobrir o cartão de crédito, diz a ajuizada Luciana. Também se sentiu feliz porque não precisou sair de casa por causa de namorado. A gente é de uma geração acostumada a zapear no controle remoto da televisão. Imagine se saísse por causa de alguém e não desse certo. Teria de voltar para casa com um gosto de fracasso na boca, com a sensação de que não conseguia sobreviver sozinha. Mesmo tendo a certeza de que pai e mãe a receberiam de braços abertos.
A história de Luciana mostra que a casa dos pais certamente estará aberta quando você precisar (ufa!). A psicóloga Lidia Aratangy, por exemplo, viu sua filha voltar com duas crianças pequenas após a moça ficar viúva com apenas 30 anos. Garanti que ela teria nosso apoio para o tempo que fosse necessário. No caso dela, isso durou um ano e meio. Mas minha filha sabia que ficar conosco era uma solução provisória, paliativa, afirma a psicóloga. Um tempo até ela poder se arrumar de novo na vida. Mesmo quando saem com menos idade, muitos jovens ainda conservam uma parte do seu ninho com os pais. É o caso do administrador de empresas Paulo Henrique (que pediu para ter o nome trocado nesta reportagem), 25 anos, que responde por um cargo de chefia numa multinacional da indústria química de São Paulo. Aluno brilhante e responsável, veio de Belo Horizonte aos 18 anos para estudar na capital paulista. Seus parcos recursos para se manter, porém, o fizeram morar em todos os ambientes possíveis.
Mesmo no último ano, já formado, trocou oito vezes de endereço, na maioria das vezes nada recomendáveis. É famoso entre os amigos como Mister Pig (ou Senhor Porco), numa alusão à infinidade de muquifos (também conhecidos como cabeça-de-porco) em que teve de morar em São Paulo. Só agora, num bom emprego e ganhando bem, Paulo decidiu se estabelecer. Mas quem vê seu desembaraço e independência como profissional nem desconfia que quase todo fim de semana ele arruma sua malinha e vai para Belo Horizonte para ver seus pais e ter a roupa lavada. De quebra, ainda volta com um a quentinha com aquela comida que só a mamãe sabe fazer.
Então, como você vê, existem dos acomodados aos que só querem uma força da família para cumprir seu projeto de vida. Aliás, essa é a grande pergunta que você deve fazer a si mesmo quando começar a coceirinha de querer sair de casa. Saber qual é seu projeto de vida esclarece a situação. Querer ficar na casa dos pais para fazer um mestrado ou curso de especialização para ter melhores chances no mercado de trabalho é uma coisa. Ficar porque tem certeza de que seu padrão de vida vai abaixar quando começar a pagar suas próprias contas é outra, diz a psicóloga Lidia Aratangy, que aconselha, inclusive, os pais a sentarem com seus filhos e perguntarem bem claramente o que eles pretendem fazer de suas vidas. Autora de livros sobre a relação de pais e filhos, Lidia, que já é avó, perturba-se com a infantilização exagerada dos jovens adultos de hoje. A infantilização começa cedo. Aos 12 anos, por exemplo, os adolescentes de hoje lêem as Aventuras do Capitão Cueca, um livro quase infantil. No meu tempo, a gente lia Erico Verissimo e boa literatura adulta. Isso faz diferença mais tarde, diz Lidia. Uma das razões para isso ocorrer talvez seja o excesso de mimos dos pais, que infantilizam os adolescentes e os deixam pouco tolerantes às frustrações como as crianças. Acontece que uma boa relação com as próprias frustrações é um dos alicerces da maturidade. Nesse caso, então, o que fazer? Terapia é bom. Mas também vôos rasos, curtos, só para sentir qual é sua autonomia. Que tal passar um tempo na casa de uma irmã? Ou de um amigo? Mesmo que o desempenho não seja muito bom, não desanime. Aprender é o maior capacidade do ser humano. A gente pode ir para a nova casa não sabendo fritar um ovo, sim. Os primeiros podem sair queimadinhos, mas depois a gente aprende, lembra a advogada Sueli Nunes, que saiu de casa aos 30 anos sem saber cozinhar, passar roupa ou limpar banheiro. Em seis meses de tentativas, já rodopiava pelo seu apartamento de lencinho na cabeça como uma borboleta feliz.
Além dos mimos, a sedução e a chantagem emocional dos pais podem gerar um aumento no tempo de estadia dos filhos. Quando eles ameaçam abrir as asas, chega uma passagem de avião para longe. Quando tentam de novo, uma fragilidade súbita de um dos genitores estanca o processo. Mas dá para saber quando é fita ou suborno,garante a dentista paulista Caritas Marcondes, que tentou sair de casa quatro vezes antes de conseguir realizar a proeza. Na verdade, a descoberta da mentira e da manipulação ajuda muito a concretizar a decisão de partir.
E, se você não quiser sair de casa, pergunte-se sinceramente por quê. Pode ser que realmente esse não seja o momento de sair. Por mil motivos que só você tem condições de descobrir. De qualquer forma, o autoconhecimento sempre vai colocar mais luz na situação. Até você conseguir resolvê-la um dia.
Isso posto, boa sorte. Mas antes leia abaixo "A história dos pais" para entender melhor o que passa na cabeça deles.
Demorô!
Planeje sua saída. Sente, faça contas, calcule seus gastos.
Tenha um dinheiro reservado para os primeiros meses.
Visite o apê que possa pagar até encontrar um de que goste.
Converse com quem já saiu e aprenda com suas experiências.
Fale francamente com seus pais e resista às seduções.
Estabeleça um prazo razoável para a saída.
Saiba antes a quem recorrer se precisar de algum dinheiro.
Decidida a questão, alugado o apê, vá em frente.
vTenha um plano B na manga (que não inclua a volta à casa dos pais).
A história dos pais
Lembra aquela vontade de sair de casa, arriscar o pescoço, meter os peitos, enfrentar desafios e cair na estrada com uma calça velha azul e desbotada? Pois é, parece não existir mais. Ou, se existe, não é bem assim. Calça desbotada ainda pode ser, mas hoje a passagem de avião dos filhos tem ida e volta bem definidas, com certeza com o mesmo endereço da hora da partida: a casa dos pais. Passar dificuldades e perrengues, vamos ser sinceros, em nome do quê? Independência? Liberdade? Bens materiais? É o que mais eles têm em casa. Porta do quarto fechada, vale tudo, ou quase tudo, desde que não se acordem os vizinhos ou prejudique a saúde, é claro. Com a vantagem de não ter de pagar pela roupa limpinha, pelo canelone de ricota e, muitas vezes, nem pela conta do celular.
Não há como negar: seus filhos gostam do ninho, da plumagem macia que você deu para eles, que os defende em parte de uma vida mais competitiva, insegura e com um número bem menor de oportunidades do que você próprio teve. Além disso, confesse, é gostoso ver as crianças ainda por perto, mesmo que elas já sejam bem grandinhas. Você se delicia com suas aventuras o namorado, a namorada, aquela viagem maluca nos Andes, as histórias dos amigos, os desafios do início da vida profissional... A presença deles traz vida, frescor, um certo encanto, a juventude que todos nós tanto amamos. Não é para se envergonhar,portanto. Os filhos ficam mais tempo em casa porque a vida mudou. E muito. Em primeiro lugar, ela esticou temos mais tempo para viver e, com isso, as fases da vida também se alongaram. A expectativa de vida hoje no Brasil, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), é de quase 72 anos. Casa-se mais tarde também, um ano a mais, em média, do que quando você era jovem, se estiver na casa dos 50. A adolescência tornou-se compridíssima. No seu tempo, dizia-se que ela ia dos 13 até os 18, vá lá,19 anos. Isto é, um adolescente (teenager, em inglês) estava no período de vida que vai dos thirteen (13) aos nineteen (19). Ao se completarem 20 anos, mudava-se de década e status o adolescente passava a ser um jovem adulto.
A própria lei brasileira considera que, aos 18 anos, uma pessoa já é plenamente responsável por seus atos. Mas certamente não pela sua sobrevivência, como se sabe. Com essa idade, um jovem (da classe média, pelo menos) ainda está no primeiro ou segundo ano da faculdade, com pouquíssimas chances de emprego e auto-suficiência. Também não pensa seriamente em se casar, em ter uma casa e filhos, em se tornar responsável por uma família, condição que atestaria sua maturidade psicológica e autonomia na sociedade. Enfim, é adulto mas naquelas, né?
A adolescência tornou-se tão longa que a psicóloga carioca Tânia Zagury dedicou um livro inteiro, Encurtando a Adolescência, a esse assunto. Hoje, considera-se que a adolescência começa bem antes, já com uns 11 anos e alonga-se até um período indeterminado, que pode ir até a casa dos 20: 22, 23, 24 anos, sabe Deus quando. Essa visão, que vem dos próprios jovens com relação a eles mesmos, foi detectada pelo psicólogo paulista Yves de la Taille, autor do livro Labirintos da Moral, que assina junto com o educador Mário Sérgio Cortella. Diante do olhar estupefato do professor, todos os alunos do quarto ano de psicologia da USP, gente dos seus 23, 24 anos, levantaram a mão quando perguntados se consideravam a si próprios como adolescentes. Acreditam nisso porque certamente não têm autonomia. Podem ter independência na casa dos pais, total liberdade de ir e vir, mas não têm auto-suficiência, diz. Esse é, segundo Yves de la Taille, o grande fator que separa sua geração da de seus filhos: a capacidade de ficar em pé nas próprias pernas vinha mais cedo e era muito desejada. Havia um certo brio em sair de casa, manter-se sozinho, enfrentar a vida para ter independência e vida própria. Esse orgulho vinha do clima cultural vigente: ao sair de casa, rompiam-se as amarras com um sistema familiar duramente contestado e abriam-se caminhos para novas formas de viver em sociedade. Para a turbulenta geração dos anos 60 e 70, independência rimava com honra. Inaugurou- se uma outra época: os ídolos dos jovens passaram a ser os próprios jovens, com sua rebeldia e amor pela liberdade. Antes, os ídolos dos jovens eram seus próprios pais, afirma De la Taille.
Mudança brutal. A juventude, com sua beleza e ímpeto de vida, tornou-se o mais desejado dos bens. Por isso, os filhos de hoje querem permanecer adolescentes até a última ponta. E os pais também. Pensem bem: ter os filhos por perto, como se fossem crianças, pode aumentar, e muito, a ilusão de eterna juventude. E adiar o momento de se reestruturar um casamento, de se perguntar o que realmente gosta de fazer na vida, procurar projetos que incluam a realização pessoal. Reencontrar a própria individualidade, depois de tantos anos se dedicando a ajudar a formar a identidade dos filhos, pode ser um processo doloroso. Além de ser uma maneira inconsciente e engenhosa de não enfrentar a própria idade e, com isso, a proximidade da etapa final da existência (que também se alongou e tornou-se mais prazerosa e criativa, ainda bem).
Sábios são os indianos, que, encerrada a vida produtiva, de exercício profissional e criação de filhos, iniciam outra etapa completamente diferente, consagrada ao autoconhecimento e aperfeiçoamento interior. Fazem retiros, peregrinações espirituais, vão atrás de mestres ou se tornam um deles. Mesmo no Ocidente, onde a procura espiritual não parece ser tão visceral e profunda, muitos pais que soltaram seus filhos para o mundo tiveram a oportunidade de experimentar o que sempre gostariam de fazer e nunca haviam conseguido: viajar, ensaiar uma atividade artística ou literária (pintar, esculpir, tocar um instrumento, escrever), fazer cursos livres, entrar numa nova faculdade para depois, quem sabe, dar aulas ou dedicar-se a uma atividade voluntária. Os pais podem, numa imagem bem prosaica, voltar a comer a coxinha do frango, depois de tantos anos tendo deixado essa parte saborosa para os filhos durante as refeições.
Os 50, 60 e 70 anos, então, podem se tornar um rico período de busca de realização. E por que não? de felicidade. Aos 57 anos, Blanca Suarez, por exemplo, que durante mais de dez anos foi relações-públicas da Maison de la France, órgão oficial do turismo francês no Brasil, abandonou a idéia de continuar nesse ramo de atividade para se dedicar à paixão de sua vida: os animais. Inscreveu- se como voluntária numa ONG,a Arca, que acolhe animais enjeitados, e, por enquanto, não pensa em voltar ao circuito de eventos, festas e viagens. Conquistei o direito de fazer só o que meu coração diz. Mãe de um médico veterinário de 25 anos que tem mais quatro anos de mestrado e doutorado pela frente e que ainda mora em sua casa, ela não esperou para conquistar o espaço próprio. Estou me preparando para quando ele for embora.
Por isso, tranqüilize-se, não é errado ter os filhos por perto, se realmente há necessidade disso e se você não se torna dependente da lufada de oxigênio que eles trazem para casa, tentando segurá-los com mimos ou chantagens emocionais. A história só fica meio esquisita quando não há essa precisão e há um certo comodismo por parte deles, uma espécie de pânico de enfrentar a vida e passar pelas eventuais dificuldades que irão se apresentar no caminho. Porque é claro que será diferente. Essa geração ama o conforto tanto quanto a geração passada gostava da liberdade. Mas o ser humano precisa de riscos e desafios para crescer, afirma Yves de la Taille. Enfim, precisa quebrar a cara às vezes. Filhotes são mesmo para sair do ninho, ainda que isso custe um pouquinho mais.
Você mesmo desempenhou o seu papel nessa mudança rumo a uma vida mais protegida. De peito aberto, sua geração ajudou a destruir convenções, balançar a moral estabelecida e dar uma sacudida geral nas ideologias. Foram derrubados os muros que bloqueavam a estrada e agora seus filhos passeiam por ela sobre asfalto macio. Eles têm mais tempo para aprender, mais abertura para viver e, de certa maneira,muito mais facilidades. Têm, em suma, acesso a informações e experiências quase inimagináveis em seu tempo. Por motivos diferentes (e são muitos, não tenha dúvida), sorte sua por ter vivido sua época. Sorte dos seus filhos por viverem a deles.
Agora, com o coração mais pacificado, leia o que acontece com seus filhos. Leia e reflita. E descubra, nele e em você, se há uma necessidade de mudança.
Chegou a hora?
Lembre-se sempre: seu filho já é um adulto.
Mesmo que não precise, faça questão de que ele ajude em casa.
Estabeleça com nitidez as responsabilidades dele.
Deixe claras as conseqüências do não cumprimento dessas regras.
Se ele pensar em sair, procure ajudá-lo no que for possível.
Não use suas dificuldades para mantê-lo em casa.
Se ele deseja ficar para ajudá-lo por alguma razão, reflita bem.
Procure retomar sua própria individualidade.
Inaugure uma fase de realização de sonhos e busca espiritual.
Então, quero sair e ao mesmo tempo não quero. Quero ter minha privacidade e minha casa só minha, quero ser independente mas adoro a companhia, o carinho, o cuidado e a proteção de papai e mamãe. Rapadura é doce mas não é mole não. Crescer é muito difícil.