segunda-feira, junho 30, 2008


ALANIS COMO A GENTE

Em recente show a cantora Alanis Morissete apareceu linda e rechonchuda (gente como a gente) e revelou que já teve problenas com distúrbios alimentares. Agora, com o coração traquilo e linda ela afirma que está tudo bem. Que bom! Eu amo a Alanis e já tive a feliz oportunidade de assistí-la. AMO!






HI, KID

Que alegria enorme eu tive hoje ao assistir "Sex and the City - o filme". Amei tudo! Não tiraria nada! Está tudo lá!!!!! E as meninas Samantha, Carrie, Charlotte e Miranda estão exatamente como sempre! Lindas e maravilhosas.

A cena mais emocionante pra mim é a do buqué. Me senti vingada com relação a todos os babacas insensíveis que passaram por minha vida.

Sim, mas como realmente, tal como elas dizem no filme, o emocional não tem nada de racional e nem lógico, eu não posso ouvir a voz do Big falando: "Hey kid" ou "Hi, kid", que esqueço tudo que ele fez nossa protagonista passar durante toda a temporada e tal como ela eu sinto vontade de sucumbir, e cair nos braços dele.

Também amei a cena em que Carrie briga com a Miranda e, finalmente, diz a ela que não concorda com a separação dela do Steve (lindo, fofo, gostoso, uhuuuu!!)

Como a Miranda tem seu lado problemático foi bem de acordo, bem coerente com a personalidade dela deixar o coitado por longos seis meses por conta de uma "traição" (odeio essa palavra e acho exagerada e moralista). Ela não teria feito diferente. Então estou ok com essa parte do filme.

Mas aproveitando pra dar meu parecer sobre o comportamento feminino referente a essa parte: como assim uma mulher larga um marido fofo como o Steve porque ele transou com outra, com o AGRAVANTE MUITO AGRAVANTÍSSIMO de que Miranda não transava com o cara (MARIDO!!!! MORANDO COM ELAAAA!!!!) há seis meses (!!!!!!!!!!!!!). Alôõôôôô!!!!! Não acho nada demais ele querer transar e depois de longos seis meses (tadinho!!!!) de abstinência sexual ele escapar. Ele é tão fofo que ainda ficou angustiado com o fato e contou pra ela. Eu não agiria dessa maneira. Mesmo. Perdoaria. O coitado tava querendo e precisando. Acho ainda que o fato dele ter contado foi um pedido de socorro, tipo: "EU TE AMO!!!! TREPE COMIGO, PLEASE!!!! É COM VOCÊ QUE EU QUERO TREPAAAAAARRRR!!!).

Carrie no México na fossa me remexou as entranhas como se foi eu em meus momentos de muito sofrimento por amores perdidos. Meu botão atuo-repressor não me deixou chorar, mas fiquei entalada, com um nó na garganta de emoção. E durante toda a temporada eu acompanhei TODOS os momentos que Big aprontou e decepcionou minha amiga Carrie. Essa cena aglutinou todos os momentos que Big me decepcionou com a Carrie. Muita emoção mesmo, durante todo o filme. O reveillon, o casamento, tudo!

AMEI o filme! DEMAIS!!!! Do enredo à parte da moda e modelitos, trilha sonora... e as meninas estão lindas!

domingo, junho 29, 2008

Na cama comigo mesma

Masturbação é uma palavra horrível, assim como ósculo, refestelar, menstruação. Mas além de divertido, o ato em si propicia transas (imaginárias) magníficas, orgasmos incríveis e o silêncio
Por Michelle Vargas
Backgrounds Archive - high quality backgrounds!
Algumas das melhores transas que já tive foram comigo. Quer dizer, comigo e Sérgio Marone, comigo e algum dos meus ex’s numa noite solitária, comigo e com meu professor, comigo e um estranho que atendi na Chilli Beans etc. Na minha cabeça vale tudo e quem coordena esse espetáculo pornográfico sou eu.

Masturbação é uma palavra horrível, assim como ósculo, refestelar, menstruação. Mas além de divertido, o ato em si propicia transas (imaginárias) magníficas, orgasmos incríveis e o silêncio - e espaço – necessário pós-cópula. Sem contar que se conhecendo, fica muito mais fácil dizer ao indivíduo XX quais são suas preferências.

Se para a grande maioria dos homens esse assunto é normal, deveria ser também para mulheres. Não estou falando para sairmos por aí disputando campeonatos de siririca. Acredito apenas que esse tema não deveria ser opressor, tratado como tabu, algo que não se conversa. Masturbação é sexo sim, e de qualidade! Por isso torna-se uma prática necessária.

Porque relaxa, porque à vezes desejamos gozar e não transar, porque é gostoso imaginar, porque o fazer não deve limitar a imaginação, porque a imaginação nos faz aprender, porque somos curiosos.

Porque é rápido, porque é um momento só seu, porque temos de nos amar acima de qualquer coisa/pessoa, porque algumas paixões devem ser narcisícas, porque é uma forma de narcótico, porque é um prazer.

Porque estamos sempre pensando em sexo, porque depois a gente esquece, porque não é traição, porque é pacífico, porque não é uma disputa, porque você sempre sai ganhando.

Porque dá uma chacoalhada nas idéias, porque faz bem à circulação, porque é muita tentação, porque é apenas uma sacanagem, porque não faz mal à ninguém, porque ninguém escapa de uma onda de tesão repentina.

Porque pensar já é fazer, porque fazer é coerente com certos pensamentos, porque coerência também pode excitar, porque nem tudo é uma experiência “moral-intelectual-sentimental”, porque dá uma espalhada, porque faz bem aos músculos.

Porque te faz enfrentar um dia de cão com mais disposição, porque nem sempre é fácil fazer companhia a si próprio nas noites de inverno, porque insônia é um inferno, porque não se pode perder uma chance assim “tão a mão”, porque se fica à vontade consigo mesma, porque o pecado não existe

Porque SE houvesse pecado é para isso que serve o perdão, porque o perdão só é dado para quem realiza algo, porque pode ser de mentira, porque faz parte do mundo real, porque a verdade é um processo de crescimento, porque nem sempre é confortável encarar a realidade, porque de vez em quando é preciso uma fuga.

Porque alimenta o ego, porque o ego é a maior personificação da humanidade, porque a humanidade se alimenta do bel-prazer, porque nem sempre queremos dividir o pouco que temos, porque basta estarmos acompanhados de nós mesmos, porque – quer queiramos, quer não – morreremos conosco e numa hora dessas é melhor estarmos em boa companhia.

Se você precisa de motivos, estão aí. Esqueça o pré-conceito, o machismo passivo-agressivo social e vá ser feliz!

SE TOCA!!!

Matéria de Michele Vargas do site itodas

quinta-feira, junho 26, 2008

Black and white love image by YARIRI on Photobucket

Aganjú


(Written by Carlinhos Brown)

Te esperei na lua crescer
Ví cadeira boa sentei
Espirrei na tua gripei
Por ficar ao léo resfriei

Você me agradou me acertou
Me miseravou, me aqueceu
Me rasgou a roupa e valeu
E jurou conversas de deus

Aganjú
Aganjú
Aganjú
Aganjú
Aganjú
Aganjú

Quem sabe a labuta quitar
Sabe o trabalho que dá
Batalhar o pão e trazer
Para a casa o sobreviver

Encontrei na rua a questão
Cem por cento a falta de chão
Vou rezar prá nunca perder
Essa estrutura que é você

Aganjú
Aganjú
Aganjú
Aganjú
Aganjú
Aganjú

Assistam ao lado Bebel Gilberto cantando Aganjú, amo!


Cada pessoa é um mundo vasto de possibilidades.
Conhecer de perto as pequenezas de cada um é uma experiência repleta de ensinamentos e algo muito prazeroso. Eu adoro gente. Dedico este post aos meus amigos queridos. Dos mais antigos aos mais recentes: Mariana Torres, Tatiana Di Sabbato, Julia Maranhão, Julia Duque Estrada, Daniel Paiva, Marina Jansen, Patricia morgado, Fernando Pádua, Gabriela Bittencourt, Sérgio Sansão, Pedro Sanchez, Sandra Talarico, Maíra Lautert, Marcela Mangabeira, todas as freiras da Noviça e ainda vários queridos que por ventura eu tenha esquecido. vocês estão aqui! Deep in my heart!

GENTE

Gente olha pro céu
Gente quer saber o um
Gente é o lugar
De se perguntar o um
Das estrelas se perguntarem se tantas são
Cada estrela se espanta à própria explosão
Gente é muito bom
Gente deve ser o bom
Tem de se cuidar
De se respeitar o bom
Está certo dizer que estrelas
Estão no olhar
De alguém que o amor te elegeu
Pra amar
Marina, Bethânia, Dolores,
Renata, Leilinha,
Suzana, Dedé
Gente viva, brilhando estrelas
Na noite
Gente quer comer
Gente que ser feliz
Gente quer respirar ar pelo nariz
Não, meu nego, não traia nunca
Essa força não
Essa força que mora em seu
Coração
Gente lavando roupa
Amassando pão
Gente pobre arrancando a vida
Com a mão
No coração da mata gente quer
Prosseguir
Quer durar, quer crescer,
Gente quer luzir
Rodrigo, Roberto, Caetano,
Moreno, Francisco,
Gilberto, João
Gente é pra brilhar,
Não pra morrer de fome
Gente deste planeta do céu
De anil
Gente, não entendo gente nada
Nos viu
Gente espelho de estrelas,
Reflexo do esplendor
Se as estrelas são tantas,
Só mesmo o amor
Maurício, Lucila, Gildásio,
Ivonete, Agripino,
Gracinha, Zezé
Gente espelho da vida,
Doce mistério

Caetano Veloso

quarta-feira, junho 25, 2008

Outro ângulo

por Leandro Quintanilha

Você pode até tentar disfarçar com uma franja, mas, às vezes, é uma imperfeição o que torna você especificamente você. Um nariz assimétrico, uma testa longa (ou curta) demais, um dentinho torto... A caricatura é um retrato desconcertante que destaca as características físicas mais marcantes ou mais ridículas de uma pessoa. E tornam seu semblante autêntico e único. Políticos e artistas são temas preferenciais nos jornais e na internet, mas você não precisa ser celebridade para pagar esse mico. Hoje há caricaturistas por toda parte em feiras, congressos, aniversários até na festa da firma. Em grupo, é ainda mais divertido. Quem não aceita o próprio defeitinho de fábrica fica aliviado ao perceber que todo mundo à sua volta tem alguma coisa fora do lugar, afirma o caricaturista Figuer Maia, que trabalha em eventos há nove anos. Não precisa fazer pose: a descontração e a naturalidade é que interessam. E, por captar também a expressão, o desenho revela ainda as emoções que o rosto passa ao mundo (muitas vezes, a despeito do que o dono dele gostaria). É sua personalidade que transparece na contração das sobrancelhas, dos olhos, da boca. Submeta-se a uma caricatura e descubra se você é um tipo simpático, esnobe, sisudo, espalhafatoso... Você vai se surpreender e se reconhecer ao mesmo tempo.

Esta e a reportagem anterior são da Revista Vida Simples do mês de julho. Beijos e afagos!

Julia :)





Você não é perfeito

Por que desejamos (e raramente conseguimos) ter um corpo irretocável, um casamento de novela e um emprego de sonhos? A resposta pode estar na forma como nos relacionamos com o mundo à nossa volta

texto Elisa Correa | fotos André Spinola e Castro|ilustrações Milena Galli


No mês em que completaria 100 anos, Simone de Beauvoir ganhou de presente uma polêmica. Justo ela, que escandalizou o mundo em 1949 ao lançar O Segundo Sexo, livro que se tornou um dos pilares do movimento feminista. Para comemorar o centenário da escritora, a revista semanal francesa Le Nouvel Observateur escolheu para a capa uma foto onde a companheira de Jean-Paul Sartre aparece nua, de costas, arrumando os cabelos no espelho de um banheiro. Além das críticas recebidas pela exposição de um ícone feminista, a publicação da imagem gerou uma grande discussão por causa dos retoques feitos na foto, tirada em Chicago, em 1952. Para ficar mais apresentável e mais perto dos atuais padrões de beleza, Simone de Beauvoir foi submetida a uma sessão de Photoshop.

Se até a História precisa se adequar aos padrões vigentes, o que dizer de nós? Em um mundo onde a competição toma conta das relações, os modelos são sempre superlativos: precisamos ser os mais rápidos, desejamos ser os mais belos, lutamos para ser os mais fortes. Comparamo-nos o tempo inteiro, e parece que a perfeição está sempre no outro: no corpo da apresentadora de TV, na grande demonstração de afeto da namorada do vizinho, no empregão do ex-colega da faculdade.

Os nossos são tempos de melhoramento contínuo, de infinitos retoques, de aperfeiçoamento compulsivo. Tempos onde as imperfeições não têm vez. São vistas como falhas que nos impedem de alcançar a excelência. Mas será que elas não podem ser vistas de outro jeito? Como diferenças particulares, como expressão da personalidade, como aquilo que nos faz ser o que somos?

Demasiado humanos

Enquanto lia esses poucos parágrafos, talvez inconscientemente você tenha começado a listar seus defeitos. Os centímetros a menos, a barriga que insiste em saltar da calça, a preguiça que impede aquelas aulas de francês à noite, sua desorganização atávica. Parabéns, você lembrou que é humano. E isso já é um bom começo.

Porque não é fácil sobreviver à avalanche de histórias de transformação pessoal e receitas de superação que desabam todos os dias sobre nós. Tem sempre alguém, do alto do próprio sucesso, dizendo que querer é poder. Para o sociólogo polonês Zygmunt Bauman, esta é uma das características da pós-modernidade: saem os líderes e entram em cena os consultores, pessoas que dão conselhos para o que a gente quer, no momento em que a gente precisa. Eles alimentam nosso desejo de ter exemplos de vida, de saber como os outros se comportam quando lidam com problemas iguais aos nossos. E impulsionam a indústria do automelhoramento: programas de televisão apresentam gente como a gente contando como é possível vencer todas as dificuldades; livros e DVDs ensinam passo a passo como construir o corpo dos sonhos e conquistar o cargo de presidente de uma grande empresa.

Mas é preciso ter cuidado para não criar metas inatingíveis ao querer tanto chegar lá. O psicólogo e terapeuta de família Dalmo Silveira de Souza avisa: Se você está buscando evoluir, melhorar como ser humano, vá em frente. Agora, se através da comparação e da competição você está buscando ter um corpo irretocável e um casamento sem problemas, um emprego de cinema, é melhor uma pausa no caminho. Porque seu lá pode se transformar em lugar nenhum, exatamente o significado da palavra utopia, que vem do grego ou (não) e topos (lugar).

http://www.anitaroddick.com/images/ruby_poster.jpg

A comparação

Mas como nasce a percepção dos nossos defeitos e limitações e o desejo de querer ser e ter mais? Ao olharmos para os outros. O escritor e educador Rubem Alves vê na comparação um exercício dos olhos: Vejo-me; estou feliz. Vejo o outro. Vejo-me nos olhos do outro. Ele tem mais do que eu. Ele é mais do que eu. Vendo-me nos olhos dos outros eu me sinto humilhado. Tenho menos. Sou menos. Ele mesmo só descobriu que era pobre quando deixou o interior de Minas para morar no Rio e foi parar num colégio de cariocas ricos. Então começou a se sentir diferente, falava com sotaque caipira, não pertencia ao mundo elegante dos colegas, sentiu vergonha da sua pobreza.

Porque, até então, Rubem não sabia. Morava com a família numa casa velha de pau-a-pique, numa fazenda emprestada. Eu sou muito ligado a esse passado, foi um período de grande pobreza, mas eu não sabia que era pobre. O sentimento de infelicidade nasce da comparação. Foi um momento de grande felicidade, um período sem dor. Só dor de dente, dor de espinho no pé.

Não há como escapar da comparação. Só conseguimos avaliar o que temos e o que somos comparando nossa situação com a de um grupo de referência. É o sentimento de que podemos ser um pouco diferentes do que somos um sentimento transmitido pelas realizações superiores daqueles que consideramos nossos iguais que gera desejo e ressentimento, diz o filósofo Alain de Botton no livro Desejo de Status. Então o que fazer com esse sentimento? O que fazer se nossa vida parece tão ordinária quando comparada à dos outros?

A primeira coisa é cuidar para que a competição não tome conta das relações, sejam elas afetivas, familiares ou profissionais. Se isso acontecer e normalmente acontece , que tal transformar a competição em cooperação? Como? Percebendo que não estamos nas relações apenas para dar ou receber, e sim para cooperar, construir um bem comum. E, depois, tentar ver a vida dos outros como ela é. E não como parece ser. Já está mais que na hora de deixar de acreditar que existe um mundo cor-de-rosa. Não existe. Nem para você nem para a garota sorridente da capa de revista. Os conflitos, as idas e vindas, os erros e todas as outras mancadas do caminho fazem parte do processo de vida. Ver a perfeição apenas naquilo que não se tem ou no que os outros têm é um tipo de comportamento que só gera insatisfação.


A sombra do consumo

Talvez ajude saber que a insegurança e as imperfeições atormentam muitas pessoas que admiramos. Lembro-me de uma entrevista que fiz com o jornalista e escritor Fernando Morais em que ele disse nunca ler seus livros depois de colocar o ponto final e entregar para a gráfica: O ideal seria não ter nunca que entregar o livro para o editor. Todo dia acordar e pentear, pentear, pentear... Já pensou? Por pouco não deixamos de ler Olga e Chatô.

Mas os artistas sabem que existe um limite, que a busca da perfeição não pode impedir a criação. Chega uma hora em que é preciso tomar coragem e colocar o bonde na rua. É o que faz a cantora Fernanda Takai, perfeccionista convicta que diz estar aprendendo a viver com as imperfeições. Em tudo que me envolvo quero fazer bem, pois tem minha cara, minha assinatura. Mas, no meu caso, essa auto-exigência é positiva, porque acho que tenho evoluído como artista, diz.

E também é bom não subestimar o peso dos valores herdados. Desde pequenos fomos ensinados pela publicidade da TV, das revistas e dos outdoors a ser consumidores e, conseqüentemente, a buscar satisfação total. O problema é que a realização dos desejos é sempre projetada no futuro, no que está um pouco mais além. E aí, quando nossos desejos são atendidos, perdem automaticamente o fascínio e a capacidade de nos satisfazer. E são substituídos por outros.

Como bons consumidores, também medimos nossos relacionamentos pela satisfação. O sociólogo inglês Anthony Giddens deu até nome para esse novo tipo de relação amor confluente que substituiu a velha idéia romântica do amor exclusivo até que a morte nos separe. As relações de amor confluente duram apenas até quando e nem um dia a mais dura a satisfação de cada um dos envolvidos.

Enquanto Giddens vê essa mudança das relações como libertadora, Zygmunt Bauman acredita que, hoje, os relacionamentos são considerados como coisas a serem consumidas e não produzidas e, desse jeito, ficam submetidos aos mesmos critérios de avaliação de outros objetos de consumo. No livro The Individualized Society (A sociedade individualizada, sem edição brasileira), Bauman adverte que se o parceiro é visto pela ótica do consumo, não é mais necessário para o casal fazer funcionar o relacionamento, garantir que ele sobreviva aos altos e baixos, fazer sacrifícios para que a união dure. Basta procurar um relacionamento novo e melhor no mercado quando o velho não der mais a satisfação esperada e o prazer prometido.

Imagem e verdade

Roberto e Mariana Vieira, do nos de uma pequena fábrica de confecções em Santa Catarina, sempre acharam que num casamento perfeito não cabiam conflitos nem desentendimentos e, por isso, durante 15 anos viveram como um casal modelo. Os amigos acreditavam que eram almas gêmeas e sonhavam com um relacionamento igual. Dois anos atrás, o casamento entrou em crise. Roberto e Mariana perceberam que muitas dificuldades não foram enfrentadas para preservar a fachada de casal sem problemas que eles mesmos ajudaram a construir. E um casamento pode se sustentar sem o imperativo do relacionamento perfeito? Descobrimos que podíamos e deveríamos brigar, expor nossos sentimentos e opiniões, como todas as outras pessoas. E ainda assim continuar juntos, diz Mariana.

Por isso, antes de sair porta afora mais uma vez, talvez seja bom refletir: se você está sempre à procura da pessoa certa, se termina um relacionamento atrás do outro e ainda sonha com a mais perfeita das criaturas, é melhor se perguntar o que anda acontecendo. Com você. Com seu jeito de estar nas relações. O psicólogo Dalmo Silveira de Souza lembra que, antes de tudo, é preciso desenvolver o autoconhecimento: Não criar falsas expectativas sobre o que o outro pode dar e sim se responsabilizar por seu jeito de ser. Quando desenvolvo consciência do meu padrão de funcionamento, posso deixar de procurar ou depositar no outro o que é meu.


Perfeição de massa

Ver o mundo através das lentes do consumo nos faz exigir sempre o melhor, não importa se de um produto, de um relacionamento, de um emprego ou das pessoas que amamos. E, como o feitiço também vira contra o feiticeiro, de nós não exigimos menos que a excelência. A coisa é tão séria que virou fobia. Quem sofre de atelofobia tem medo da imperfeição. E também tem ansiedade crônica. Porque é difícil viver em uma sociedade onde o sofrimento, a tristeza, os defeitos e as fraquezas não são mais tolerados.

A indústria oferece soluções para qualquer tipo de problema e para todos os tipos de bolso: receitas para o sucesso nas prateleiras das livrarias; pílulas da felicidade na farmácia da esquina; o corpo dos sonhos em troca de cheques a perder de vista. Bem-vindos. Esses são os tempos da perfeição de massa, onde os defeitos são vistos como erros da natureza que podem ser corrigidos, deletados, deixados pa ra trás. Dentes desalinhados e pés chatos, olhar estrábico e orelhas de abano, escoliose e miopia, verrugas salientes e septos desviados são coisas do passado.

O corpo deixa de ser determinado e passa a ser inventado. Um corpo fabricado pelas nossas escolhas. Livre do sofrimento e do tempo. É o que sustenta o escritor francês Hervé Juvin no livro LAvènement du Corps (O triunfo do corpo, sem edição brasileira). Impotência, esterilidade, envelhecimento, desânimo, menopausa: tudo pode ser reparado. Músculos, cabelos, lábios e seios: tudo pode ser melhorado. O escritor vai além. Defende que, pela primeira vez, estamos diante de uma humanidade realmente dividida. Pelo corpo. Dentes quebrados ou cariados, corpos envelhecidos, mancos ou mutilados, rugas e cicatrizes separam os mundos mais que o dinheiro, escreve.

Mas, mesmo para aqueles que não podem fabricar o próprio corpo, a beleza não deixa de ser importante. Nas seis vezes em que participou de missões humanitárias na Faixa de Gaza e na Cisjordânia, o cirurgião plástico e professor da Universidade Federal de Santa Catarina Zulmar Accioli de Vasconcellos lidou com preocupações estéticas em meio à guerra. Nas cirurgias reparadoras que fez, a maioria em crianças e adolescentes com algum tipo de paralisia causada por tiros, encontrou pacientes com o desejo de recuperar os movimentos e, também, de voltar a ser aceitos socialmente.

E não adianta perguntar ao doutor Zulmar qual cirurgia é a mais importante, a mais justificável: o transplante de um polegar na mão de um menino palestino ou o implante de silicone em uma mulher de 22 anos. O sentimento do paciente com seu problema é um só. Seu sentimento é que é o mais importante. Porque, se antes o menino escondia a mão para não mostrar a falta do dedo, a moça também arqueava os ombros pra esconder a falta de peito.

Aceite suas falhas

Corremos o risco de deixar de ser aquilo que somos para nos transformarmos em um corpo sem marcas, sem história, sem humores. Em mera imagem. Se não é bem essa sua intenção, experimente olhar o mundo através de lentes não viciadas em cânones ou padrões. Lentes que permitam enxergar tudo de forma sistêmica, onde não existe certo e errado nem perfeito e imperfeito. Se tudo depende do contexto e do observador, pare e olhe para você. Mas olhe profundamente. Lembre o que disse uma vez Carl Gustav Jung, psiquiatra suíço: Quem olha para fora sonha. Quem olha para dentro desperta.

Sonhar a gente já sonha, e faz muito bem. Mas devemos despertar para um novo jeito de ver e estar no mundo, um jeito intrinsecamente ligado ao nosso ser. Para isso, é preciso deslocar o foco de atenção da aparência para a essência. Ao procurar seu traço fundamental, a soma de características que faz você ser o que é, certamente vai encontrar muitas coisas de que gosta e tantas outras de que não gosta. Mas é bom aceitar suas falhas com a mesma graça e humildade com que você aceita suas melhores qualidades, como pede a escritora e jornalista francesa Véronique Vienne em A Arte de Viver Bem com as Imperfeições, um livro que ajuda a ver consolo em nossos defeitos e humor em nossos erros.

Porque pode ser nos defeitos que você insiste em esconder que se expresse sua personalidade. A imperfeição rejeitada pode ser sua marca registrada, aquela que faz com que você seja reconhecido e lembrado. Anular as imperfeições é como matar as diferenças. É como subscrever um abaixo-assinado contra o estilo, a atitude, a essência. Contra toda e qualquer idéia independente sobre beleza.

Lembre-se de que a essência só se fará presente quando encontrar a espontaneidade de um corpo livre de travas e amarras. De que adiantam dentes artificialmente brancos numa boca que não ri? Ponha uma flor nos seus cabelos crespos, enfeite sua miopia com óculos coloridos. Use sua preguiça como antídoto contra o estresse que paira no escritório, sua rigidez para superar um momento difícil e sua gargalhada estridente para quebrar o gelo. Aprenda que mesmo aquele que você considera seu pior defeito, em muitos momentos, pode ser funcional. E pense que talvez as pessoas mais fascinantes sejam aquelas capazes de ser e permanecer naturais.


LIVROS
Desejo de Status, Alain de Botton, Rocco
The Individualized Society, Zygmunt Bauman, Polity Press
LAvènement du Corps, Hervé Juvin, Gallimard
A Arte de Viver Bem com as Imperfeições, Véronique Vienne, Publifolha
História da Beleza, Umberto Eco, Record


segunda-feira, junho 23, 2008



Minha ansiedade aceitou ceder grande parte do que ela era para a tranquilidade. Estou sempre tentando me equilibrar pra não deixar, por outro lado, que a tranquilidade vire tédio. Calma e tranquilidade na medida certa se tornam tesão e vontade. Sem pressa...devagar... e sempre.

quinta-feira, junho 19, 2008




Purple shadow, purple things, love it love it love it!!!

Estou querendo muito a sombra "Meet the fleet" da MAC. Sim, estou possuída pela 'invasão roxo-lilás' da moda. Há tendências que eu não ligo e até desgosto, mas essa tá uma febre em meu quarda-roupa e no visual. Já comprei outro dia uma meia-valça roxa que estou amando usar, é a cara do inverno!


Quanto às maguiagens
segundo especialistas em revistas de moda:

Para morenas o ideal é usar um tom mais claro, tipo lilás para não pesar na fisionomia. Para as loiras (de olhos claros), vale claro ou escuro, pois o s tons lilás-roxos ressaltam o verde ou o azul dos olhos. Lembrando que o roxão tipo a sombra
"Meet the fleet" da MAC cai melhor à noite porque é bem escuro, mesmo nas blondies. Se for usar de dia é melhor colocar pouco e esfumaçar bastante pra não correr o risco de ficar com aspecto de vampira em dia de Halloween.
Mês que vem preciso adquirir esta sombra! Love MAC!




BIG, BLOND AND BEAUTIFUL!!!!!


Adorei o filme "Hairspray"!!!! Muito divertido, colorido, bem cantado. Cheio de negões e negonas da pesada e com John Travolta engraçadíssimo no papel de "mãe".
Michelle Pfeiffer é linda, mas não canta tão bem e é magra demais. Fica insossa no contexto.

Estou terminando de assistir agora em DVD e quero ressaltar a voz maravilhosa da Queen Latifah. Ela simplesmente arrasa como a Motormouth Maybelle. Todos os atores são ótimos mas o poder da voz é dela.



terça-feira, junho 17, 2008

O inverno chegou! Para mim é a melhor estação do ano!

Coisas gostosas pra se fazer no inverno:


-Namorar.

- Banho quentinho.


- Café com leite numa chícara bem bonita, colorida e estilosa.


-Assistir DVD debaixo do edredon com o namorado ou mesmo alone.


-Usar e abusar de cachecóis e echarpes (das sóbrias às mais coloridas).

- Velas aromáticas pra dar cheirinho bom no quarto ou na sala e criar um clima aconchegante de luz e calor.

- Tomar café é muito mais gostoso!


- Dormir numa tarde chuvosa.

-Caminhar na Lagoa sem ter que se preocupar em ter aquela pressão baixa que o calor do verão causa.

-Usar meias-calças coloridas, ficar muito fashion e sentir as pernas agasalhadas.

- Usar esmaltes escuros pega muito bem, meu atual é o 'Carmen' da Risqué (é um vinho bem bonito).


- Tomar sopinhas (minha última descoberta foi a sopa de cebola do Hipódromo no B.G.) de vários sabores, que é uma refeição leve e pouco calórica.

- Fazer sauna, que é relaxante e um bom momento pra conversar e refletir.


- Usar meia colorida de dedinho e pantufas.

- Usar chapéus e bôinas estilosas da Accessorize!


-Usar mais camadas de rímel sem ficar borrada e suando.

-Tomar um bom vinho tinto e degustar um fondue de carne pois ninguém é de ferro. Tudo para aproveitar o friozinho!


Eba! O inverno chegou!


Sienna miller image by celebskirts on Photobucket

Não é o que você vê

Beleza é mais do que aparência. Personalidade e atitude também nos fazem parecer mais bonitos

por Rogério Schlegel


Da boca para fora, Vinicius de Moraes não titubeava: "Beleza é fundamental". Ele próprio, no entanto, tinha barriguinha aparente, fumava até amarelar os dentes e conseguia ser ao mesmo tempo meio careca e descabelado. Nem por isso o poetinha sofreu com falta de pretendentes. Vinicius é um bom exemplo de como são duvidosos os juízos sobre a beleza. Melhor pensar direito antes de adotá-los como verdade absoluta. Ou antes de sair perseguindo as formas de uma garota de Ipanema.

É verdade que nunca a imagem foi tão privilegiada, mas isso não quer dizer que sejamos reféns dos padrões dominantes de beleza. Primeiro, é preciso entender como esses padrões são criados. Sim, criados. Os lábios e, ah, as curvas da Gisele Bündchen podem parecer universais, mas nossa admiração por sua figura magricela é um traço cultural. Em segundo lugar, beleza não é só aparência física. Pesquisas mostram que atitudes bacanas e traços positivos de personalidade, como bom humor, fazem com que as pessoas sejam percebidas como mais bonitas. Quem está ao seu redor passa a misturar as qualidades, borrando as fronteiras entre os atributos estéticos e os de personalidade. E isso não é conversa de auto-ajuda para os feiosos. Essa confusão de sentidos, que faz o risonho parecer bonito, tem nome científico: chama-se perda da objetividade.

O melhor de tudo é que essa beleza expandida, que inclui o número de bons-dias que você dá e outros quesitos, pode ser cultivada. E não estamos falando de cumprir pena na academia de ginástica. A idéia é: ressalte o melhor que você tem por dentro e fique melhor por fora. "Você não precisa ser lindo para ser bonito", afirma o cantor Wando, uma autoridade em matéria de beleza interior. Malhar a auto-estima, anabolizar a confiança e esculpir a autenticidade são tratamentos de beleza. Como costuma dizer a publicidade de cosméticos, "todos vão notar". Não há um jeito certo de ser bonito, nem um jeito errado. Cada um encontra sua beleza.

Padrão universal

Falando assim, parece simples ser bonito. E é. Basta procurar os parâmetros do que é belo no lugar certo, ou seja, em você. Se deixar que os outros decidam isso, vai morrer esperando, porque a discussão sobre o que é beleza começou há séculos e não vai acabar nunca. Começa com os filósofos gregos, para quem a beleza estava ligada à virtude moral, o que, bem grosso modo, quer dizer o seguinte: se você é bonita, tem um narizinho arrebitado e aqueles olhos de que eu gosto tanto, provavelmente é também honesta, fiel e mais uma porção de boas coisas. A beleza estava no objeto. Só no século 18 foram perceber o óbvio: a beleza está nos olhos de quem vê. De fato, é fácil constatar isso: as madonas que pareciam lindas aos olhos dos pintores renascentistas são rechonchudas demais para os padrões anoréxicos da moda atual. Para quem não agüenta ver uma sueca ou um norueguês sem suspirar, saiba que os navegadores europeus assustavam muita gente. Para nativos da América, África e Ásia que nunca tinham visto europeus, eles pareciam fantasmas, com suas peles e cabelos claros.

Mas quem matou a charada foi o filósofo alemão Hegel, que disse, no século 19, que o prazer com o belo é um deleite narcísico. Em outras palavras: admiramos aquilo que é o reflexo de nós mesmos. "Em cada época, o que destoa do padrão vigente é considerado incômodo, estranho, feio", diz Charles Feitosa, doutor em filosofia que pesquisa a estética do feio e autor do livro Explicando a Filosofia com Arte. "Aprender a relativizar o conceito de beleza é aprender a lidar com o outro, com o diferente", diz.

Beleza pura

Mas houve quem procurasse um padrão estético absoluto, que fosse considerado bonito entre ocidentais de hoje e da Idade Média, entre ianomâmis e habitantes da Polinésia, entre nigerianos e japoneses. Nesse ramo do conhecimento, a estética, a matemática e a biologia são freqüentemente chamadas para ajudar na discussão.

Os antigos gregos e os renascentistas acreditavam que o belo poderia ser definido por equilíbrios geométricos. Bastava combinar de forma harmoniosa partes de tamanho apropriado. Eles trabalhavam até com uma receita de beleza baseada no equilíbrio espacial, chamada de proporção áurea. Por essa regra, bonito era ter nariz e orelhas com comprimento igual, e foi assim que as pessoas foram retratadas pelos artistas da Renascença. Hoje, essas antigas teses parecem simplistas, mas na verdade elas só foram substituídas por outras, que seguem em vigor, agora dando lucros aos cirurgiões plásticos, em vez de artistas. Tudo isso faz parte do esforço da humanidade para colocar ordem na grande confusão que é a realidade. Quem dera pudéssemos entender a beleza usando fórmulas matemáticas.

A biologia parece ter mais fôlego na explicação dos ideais de beleza. Tudo começa com Charles Darwin, pai da teoria da evolução, que no século 19 percebeu que os animais selecionavam parceiros sexuais pela aparência. Entre os cervos, por exemplo, machos com chifres simétricos são os preferidos. A aparência aí está relacionada à capacidade de gerar filhotes sadios e com maiores chances de sucesso na luta pela vida. Para muitos especialistas, também entre os humanos a beleza seria interpretada como sinal de bons genes. Um exemplo? Mulheres com cintura estreita são bonitas tanto para os índios peruanos do século 16 como para as francesinhas do século 21. O psicólogo Aílton Amélio, do Centro de Estudos da Timidez e do Amor, da Universidade de São Paulo, diz que a relação ideal entre cintura e quadril é 0,67 a 0,80 - ou seja, o ideal de beleza universal prevê cintura que tenha no máximo 80% da medida do quadril. É uma questão estética, que tem por trás uma explicação biológica: cinturas mais grossas geralmente indicam disfunções hormonais e menos chances de gerar filhos. As banhistas de Renoir, consideradas modelo de beleza ao tempo em que foram pintadas, estão no intervalo entre 0,67 e 0,80, segundo Amélio. Quer outra pista da universalidade? Quando ocidentais são mostradas a homens polinésios, eles consideram os corpos delas feios, mas as menos feias são justamente as que têm cintura fina.

No caso dos homens, é universalmente valorizado o espécime que tem ombros mais largos que o quadril e maxilar forte, quadrado. Também há estudos mostrando que rostos que consideramos bonitos em ambos os sexos chamam mais a atenção de bebês - mais um indício de atributos universais de beleza, pois as crianças muito pequenas nem experimentaram as influências da cultura. Em geral, sinais que indicam juventude, fertilidade e afirmação do sexo são considerados belos pelos grupos mais variados.

A ditadura da beleza

Entre os fatores que influenciam a percepção de beleza, é a cultura que parece ter papel predominante na tirania contemporânea da aparência. Há um consenso de que é exagerada a importância que se dá aos traços físicos das pessoas, sobretudo no Ocidente. "Estamos esquecendo os valores éticos e outros aspectos do ser humano", diz o filósofo Charles Feitosa. "Fala-se do aspecto físico como se estivesse em julgamento a qualidade da pessoa."

Algumas mudanças na economia e na sociedade ajudam a entender como chegamos até aqui. Vivemos na era pós-industrial, quer dizer, não é mais a indústria o centro da economia. Hoje, quem avança é o setor de serviços - o comércio, os bancos, o turismo, o lazer. Num mundo com menos operários de macacão e mais mocinhas atrás dos balcões, a aparência conta muito mais. Também o salto tecnológico nas comunicações cria um ambiente em que a imagem é tudo. Basta olhar os telefones celulares à sua volta, a cada dia com mais truques para transmitir imagens. Antes você descrevia a pessoa amada para um amigo, agora vai mostrar a foto dela no celular. É bem diferente, concorda? Também vivemos uma individualização crescente, com as pessoas cada vez mais isoladas e com menos trocas humanas. Passamos a ser julgados menos pelo que somos e mais pelo que, à distância, parecemos ser.

O resultado disso é que o padrão dominante de beleza, inventado por uma meia dúzia e divulgado por outra meia dúzia, contaminou todos os ambientes. Você liga a televisão e lá estão as bonitonas e os saradões no papel de vencedores. Você é bombardeado por peças publicitárias que associam comunhão familiar e beleza, dinheiro no bolso e beleza, ser amado e beleza, felicidade e beleza. O pior é quando isso sai da TV e alcança sua vida. Pesquisa publicada em 1994 pela revista americana American Economic Review mostrou que pessoas consideradas bonitas ganham salários em média 10% mais altos do que as feias. Você se pergunta então se belos traços físicos significam tratamento melhor no dia-a-dia e fica sabendo do teste da moeda feito por psicólogos norte-americanos. Ao encontrarem 10 centavos intencionalmente deixados numa cabine telefônica, 87% dos ocupantes devolveram a moeda quando apareceu uma mulher bonita perguntando por ela. Só 60% fizeram o mesmo por uma mulher tida como feia.

Mas chega de falar do problema. Já dissemos que há padrões aparentemente universais de beleza, que outros são criados pela cultura e que há hoje uma ditadura da imagem, que influencia, de fato, a vida de todos. Tudo isso nos empurra para que nos encaixemos nos padrões de beleza. Mas não estamos sem alternativas. Há várias.

Encontre sua beleza

Comece por não se deixar levar só pela aparência. Explicando melhor: contrariando a primeira impressão, os atributos unicamente estéticos não são o principal quesito usado pelas pessoas para avaliar as outras. Pesquisa em 37 países sobre o que homens e mulheres consideravam mais importante na hora de escolher o parceiro amoroso deu que, para os homens, a boa aparência é o décimo quesito, atrás de estabilidade emocional, inteligência e sociabilidade, por exemplo. Entre as mulheres, ficou em 13º, ultrapassada por elegância, ambição e boa perspectiva financeira.

Mesmo em carreiras em que o visual conta muito, a beleza está longe de ser o único critério de avaliação. "A maioria dos modelos e artistas sofre demais para se adequar a um padrão estabelecido", diz o modelo Paulo Zulu. "Mas o visual pode ser o cartão de entrada e também o cartão de saída. O que fica é o caráter." Para os repórteres e apresentadores de televisão, por exemplo, simpatia, naturalidade e, sobretudo, credibilidade são atributos até mais importantes do que um rosto bonito. "Há casos de gente que desponta usando apenas a aparência, mas esses acabam sendo sucessos passageiros", afirma Luciana Lancellotti, repórter da Rede Record - uma profissão que requer boa apresentação. "Não adianta nada ser maravilhoso e não criar uma relação de proximidade com o espectador." O cantor Wando diz que há espaço de sobra para artistas como ele. "Não sou lindo. Sou um tipo latino, que se bobear fica meio gordinho. Meu forte é a comunicação, e é isso que faz a beleza da gente ficar grande."

A beleza expandida

Wando toca num ponto fundamental: as atitudes e o astral são capazes de deixar você mais bonito. Tire proveito dessa miopia benigna que faz com que suas qualidades todas sejam percebidas pelos outros como beleza. É científico. Experiências demonstram que a avaliação da aparência varia com o contato interpessoal. A mesma pessoa dá notas diferentes para as características físicas de alguém antes e depois de conhecê-lo. Uma presença agradável afeta positivamente essa avaliação, "embelezando" uma pessoa antes avaliada apenas por foto. Está aí um convite para você explorar seu potencial. Abuse de seu bom humor, dê asas a sua simpatia, seja positivo e coloque seu lado bom lá para cima. Nada mais bonito do que alguém que está de bem com a vida, pouco importando a relação entre o tamanho de sua cintura e o de seu quadril. "De que vale uma bela aparência, se a pessoa não está bem com ela mesma?", diz a atriz Luciana Vendramini (aqui à direita, na foto da esquerda). Mais ainda: como é possível ter uma boa aparência sem estar de bem com a gente mesmo?

É preciso lembrar que todos temos defeitos, incompletudes, pontos fracos, mesmo o Brad Pitt. "Se você conhece seus limites e seus pontos fortes e é capaz de aceitá-los todos, será visto como alguém mais bem resolvido e mais bonito", avalia o psicanalista Cláudio Bastidas, autor do livro Outra Beleza, sobre psicanálise, literatura e estética. "O inverso também é verdadeiro: quem não se aceita transmite desconforto", diz ele.

Entre todas as qualidades lembradas pelos especialistas, a auto-estima e a autoconfiança costumam ser as armas mais poderosas na busca por essa beleza ampliada. Simples. Ambas têm um impacto direto na sua maneira de encarar o mundo e na forma como as pessoas percebem você. Quem resiste a quem olha no olho, fala de maneira enfática, mostra firmeza sem ser rude e exibe serenidade sem ser apagado? A questão é que não basta interpretar, é preciso ser seguro de fato. Esses sinais de autoconfiança aparecem nos pequenos detalhes, como na forma de gesticular ou no timbre da voz. Não dá para fingir - nem seria o caso. Gostar de si mesmo e confiar na própria capacidade podem ter efeitos mágicos em sua receita de beleza. Tanto assim que há quem acredite que vem daí parte do poder de quem tem características físicas privilegiadas. "Se uma pessoa se sente bonita, ela desenvolve uma autoconfiança maior e isso reforça sua atitude no trabalho", afirma Maria Irene Betiol, professora de psicologia da Escola de Administração de Empresas de São Paulo, da Fundação Getúlio Vargas. "Em geral, uma pessoa que se acha bonita é mais segura de saída e por causa disso deixa fluir com mais facilidade sua competência." Haveria assim uma espécie de "efeito Tostines": a pessoa é segura porque é bonita ou parece mais bonita por ser segura?

Na sedução, boas doses de confiança e dedicação costumam levar mais longe do que um rostinho bonito. "O sujeito que poderia ser considerado fisicamente feio tem armas que o bonito nunca vai desenvolver", avalia o jornalista e escritor Xico Sá, autor do livro A Divina Comédia da Fama. Ele exemplifica: o segundo tipo é mais paciente e aplicado, mais caprichoso no sexo e não costuma escorregar no egocentrismo, como faz o homem bonito. "O Rodrigo Santoro vai para ganhar por nocaute. Já o cara feio tem de ganhar por pontos e precisa ter mais consistência", diz Xico, que se autodefine como um "suposto feio". Para o escritor, não há dúvida de que as mulheres mais atraentes não são necessariamente as mais belas fisicamente. "Entre uma modelo sem um pingo de safadeza e outra mulher mais gordinha e insinuante, fico com a segunda sem vacilar." O fundamental na avaliação dele é não entregar os pontos à ditadura do físico. "Não critico quem faz plástica ou põe silicone, mas é mais saudável você descobrir onde está sua beleza particular", diz Xico.

Perceber quem você é passa a ser fundamental na busca dessa beleza expandida. É preciso descobrir sua identidade. Nesse quesito, o caso do ator Raul Cortez é lembrado pelo psiquiatra Cláudio Bastidas. Embora não se aproximasse do protótipo de beleza masculina, Cortez assumiu seu tipo físico e fez papéis de galã quando era mais jovem. Além disso, a pluralidade da sociedade, com sua riqueza de visões e grupos diferentes, é um bom estímulo para que cada um procure sua turma. Cada tribo tem sua leitura do que é bonito e de que atitudes são valorizadas. Os sociólogos têm musas diferentes dos skatistas, cuja estética é bem diversa da dos surfistas. Saiba ser diferente e procure os diferentes iguais a você.

Na busca de sua autêntica beleza, você pode até concluir que vale a pena tentar se aproximar do padrão estético dominante. Isso de fato tornará você mais feliz? A maior parte dos especialistas não vê nada de errado em caprichar no visual, desde que essa aposta não se transforme em algo doentio. "A preocupação com a aparência física é saudável, é uma afirmação da vida. O que não podemos é exagerar, supervalorizar o corpo e esquecer todo o resto", afirma o filósofo Charles Feitosa. É fundamental perceber que há valores mais nobres em jogo, especialmente a sua felicidade. E, nesse ponto, Vinicius de Moraes é incontestável: é melhor ser alegre que ser triste.

Para saber mais
O Mapa do Amor, Aílton Amélio, Gente
Outra Beleza, Cláudio Bastidas, Escuta
Explicando a Filosofia com Arte, Charles Feitosa, Ediouro

Amei este texto publicado na Revista Vida Simples!

beijos carinhosos!

sexta-feira, junho 13, 2008


FELICIDADE UMBIGAL

Ok. Eu sei que contar fatos cotidianos e falar de si próprio em blog é meio mala e um pouco Egotrip. Mas tenho certeza, que vocês, queridas leitoras desse espaço enxergam que o Barato Secreto não é um diário. Só que tem vezes que não resisto em contar ou dividir alguma felicidade muito muito grande com vocês. Bom, chega de enrolation... ganhei do namoradão mais fofo de todos os tempos uma luminária linda de luz negra onde é possível escrever recados, poemas, palavras e até desenhos, não é lindo???? Além disso a luz negra cria um ambiente roxo -lilás maravilhoso e tudo que é branco ressalta! Amei! Felipe é o namorado perfeito pra mim!!!!!! Amor, te amo, te amo, te amo pra sempre!!!!!!!!!

IN LOVE COM O ESTILO "UNHA FRANCESINHA"


Eu já gostava de unha francesinha desde que começou, mas como sou adepta fervorosa dos vermelhos (Gabriela, Gabrielle, Deixa Beijar, Zica (Beleza Natural), etc..) quase não usava clarinho. Mas desde o fim de maio, quando começaram as apresentações do musical A Noviça Rebelde, do qual faço parte, que não posso usar esmalte escuro de quarta à noite até domingo. Essa semana, por exemplo eu fiz as unhas dos pés e das mãos na segunda, de rosa Classic (Impala) com glitter da marca Jordana, que é maravilhosa também!!!!!! Não resisti!!!! Mas tive que tirar na quarta no fim da tarde :( . Ossos do ofício. E ontem, valentine's day, eu queria estar com as unhas bonitas pra mim e pro boyfriend. Aí comprei um kit da Impala pra fazer eu mesma em casa. Dá muito certo!

Vem com um esmalte branco leitoso pra fazer a pontinha e com uma base mais clarinha. Além disso o kit inclui uns adesivos ótimos pro risco branco fica retinho e perfeito. AMEI!!!! E olha que sou meio desajeitada com algumas atividades manuais, como fazer a minha prórpia unha...

Mas ficou lindo! É uma ótima saída pra quando estamos sem tempo, saco ou grana pra ir ao salão. Custa R$ 6.90 e os esmaltes duram pra caramba. Quando o adesivo acabar uma bom durex pode substituí-lo. Experimentem!!!!!!!!!!!!!!

beijos

Julia :)))

segunda-feira, junho 09, 2008




IN TREATMENT


Baseada em uma série israelense de sucesso, “In Treatment” (HBO) é um drama que mostra a vida de um terapeuta centrado, calmo e que sabe lidar muito bem com os problemas dos seus pacientes, mas quando se trata de seus problemas pessoais ele não consegue lidar da mesma forma. A série terá 45 episódios (de meia-hora), com 5 sendo exibidos por semana, um em cada dia e cada episódio será dedicado especificamente a um paciente.
Eu só posso assistir segunda e terça e mesmo assim estou adorando! Todo o tempo da série se passa na sessão de análise e você só imagina a vida dos pacientes (e do próprio analista) pelo que é dito ali. Gabriel Byrnes está maravilhoso! Um analista perfeito!!!!!!!!!!!!! E gatoooo!!!! Laura, é a paciente por quem ele é apaixonado e parece que ela tb se interessa por ele. Ela recentemente transou com um dos pacientes do analista... Muito pano pra manga... assistam que é muito legal!


Aí vai o link do seriado! E uma página na internet com vários episódios! Confiram!

http://www.hbo.com/intreatment/

http://orangotag.com/show/2570-in-treatment

sexta-feira, junho 06, 2008



AMIZADE


por Liane Alves da Revista Vida Simples

Imagine escolher uma frase, entre as milhares que já foram escritas, para definir a mais celebrada relação que existe na face da Terra. Uma frasezinha apenas, um único conjunto de palavras que possa abarcar e transmitir o que é a amizade. Dos pára-choques de caminhão aos filósofos gregos, dos ditados populares a Shakespeare, selecionei uma delas, muito singela, que é capaz de dar a exata dimensão desse tipo de amor. Ela foi escrita por um autor norteamericano de ficção científica, Ray Bradbury. Disse nosso amigo Ray que a amizade é uma casa com uma luzinha na varanda. Bonito, não? Num único flash, ele consegue passar a sensação de aconchego, calor, carinho e alegria que pode estar presente na amizade. Isto é, por mais escura que a noite possa nos parecer, a luminosidade acolhedora desse sentimento vai estar sempre aguardando nossa chegada. Ao abrigo dos amigos, podemos tirar a fantasia, a máscara e a armadura e largar paus e pedras e nos mostrar vulneráveis, frágeis, cheios de defeitos. E perceber que, ainda assim, somos aceitos. Existe bem tão precioso quanto esse num mundo tão agressivo e pontudo como o de hoje?

A amizade é o relacionamento que tem mais a cara do nosso tempo. Ou talvez, mais ainda, do futuro. Livre, aberta, democrática, ela nos convida ao exercício da tolerância, da aceitação do outro exatamente como ele é. Além disso, nos faz provar um pouquinho do gosto do amor incondicional, aquele que não perde tempo em cobranças ou exigências. Ela é tão especial que, hoje, uma boa centena de pensadores, sociólogos, psicólogos e antropólogos se dedica inteiramente ao seu estudo.

Refúgio

Há uma boa razão para isso. A amizade tem uma dimensão muito maior agora do que, digamos, 50 anos atrás.

Naquela época, boa parte do tempo livre das pessoas era ocupada pela família, com seus aniversários, casamentos, festas de Natal e intermináveis almoços de domingo. Hoje, a família numerosa fragmentou-se. Pais, mães e irmãos estão em crise com seus próprios papéis. Além disso, os relacionamentos amorosos, outra fonte de grande interesse, já não duram tanto tempo como antigamente. O afeto dos amigos tornou-se, então, um refúgio. “Nascemos num mundo seguro, previsível, rígido, formal, e agora vivemos em outro, incerto, instável e, ao mesmo tempo, cheio de possibilidades de mudanças”, afirma Jorge Forbes, psicanalista e consultor de empresas de São Paulo que escolheu a amizade nos dias de hoje como um dos seus temas preferidos.

Outro motivo para a alta crescente da amizade: a vida anda muito dura. A sociedade estimula o individualismo, a competitividade, a agressividade e a intolerância com a diferença. Exatamente por isso, aumenta a cada dia a sede das pessoas por valores mais humanos, como amor, confiança, respeito, tolerância e solidariedade, qualidades presentes em abundância nas relações entre amigos. Se não temos mais a família consangüínea para nos abastecer de compreensão e carinho, se a relação entre casais é cada dia mais instável, quem senão os amigos para fazer esse papel?

E mais um fator aumenta a importância desse sentimento: “Os vínculos de amizade tornaram-se um campo de experimentação da sociedade, um laboratório onde ela gesta os relacionamentos do futuro”, diz Jorge Forbes. Isto é, a abertura, a aceitação e a flexibilidade que caracterizam as relações entre amigos serão cada vez mais comuns no trabalho, na família e na sociedade, afirma ele. Pais mais amigos, maridos e esposas mais amigos, chefes mais amigos. Um belo futuro. Tomara que ele tenha razão.

Snoopy e Garfield

O próprio conceito de amizade já mudou muito. Antes, amigo era o que pensava igual à gente. “Éramos amigos por semelhança, comunhão de interesses”, diz Forbes. Hoje, é possível dar um passo à frente. “Amigo também pode ser uma pessoa muito diferente de nós. Posso aprender a respeitar e admirar a singularidade do outro, sem que ele precise ser igual a mim.” Não só. Também posso aceitar minha singularidade, sem querer agradar os outros. Para ele, pessoas como Chico Buarque ou Caetano Veloso, por exemplo, sustentam sua própria singularidade, sem dar o braço a torcer para ninguém. Em outras palavras, são do jeito que são, como o Snoopy e o Garfield. “Não posso imaginá-los mudando de máscara para agradar quem quer que seja”, diz Forbes.

Parece mesmo que as pessoas estejam começando a aprender a se aceitar melhor umas às outras, concedendo um pouco mais de espaço para suas manias, defeitos e incoerências. É só dar uma olhadinha num dos seriados de maior longevidade da TV americana, Friends. Os personagens são todos uns alucinados, completamente diferentes uns dos outros. O que nos une é a força da amizade. Ou seja, a capacidade de sair um pouco de si mesmo para olhar o diferente com mais carinho e aceitação.

E isso não acontece só no plano pessoal, não. Atento e pragmático, o ex-presidente dos Estados Unidos Bill Clinton reconheceu essa nova realidade mais flexível no cenário internacional.“ Se você acredita que um mundo de interdependência e fronteiras abertas é inevitável – e não pode matar ou prender todos os seus adversários – vai precisar adotar a política de ter muitos amigos e poucos inimigos.” Isso é que é ter visão de futuro. O camarada George Bush deveria escutar isso.

A cigarra e a formiga

Mas, verdade seja dita, ainda caminhamos lentamente no terreno da aceitação. Em seu livro Os Significados da Amizade, a antropóloga carioca Cláudia Barcellos Rezende analisou a diferença entre londrinos e cariocas no campo da amizade. Sabe o que ela descobriu? Que tanto londrinos como cariocas têm um discurso superhiperpoliticamente correto com relação aos amigos (“não importa a classe social, sexo ou raça, quando se trata de amizade”, dizem os brasileiros, ou “não importa a classe social”, afirmam os londrinos), mas, na prática, todos são amigos de pessoas fisicamente, culturalmente e socialmente muito semelhantes. Em resumo, a abertura à diferença está mais no discurso que na vida real. Isto é, tudo muito bom, tudo muito bem, mas amigo só vai realmente me entender se for parecido comigo.

Dou meu testemunho. Durante muito tempo fui amiga de Mitsuko (bom, ela não se chama realmente assim...). Tinha muito orgulho de ter uma amiga tão diferente, mas tão diferente mesmo, de mim. Craque em aikidô (enquanto eu ainda engatinhava no tai chi), trabalhadora incansável (enquanto eu adoro sentar num banco de praça para tomar sorvete) e taxativa nas opiniões (prefiro variar, muitas vezes só para irritar o interlocutor), Mitsuko era a própria formiguinha enquanto eu era apenas uma esforçadíssima aprendiz de cigarra. Durante cinco anos, nos divertimos muito convivendo bastante bem com nossas diferenças.

Até que, um dia, Mitsuko foi terminar seu curso de psicologia. E aí vi quanto ressentimento e raiva ela escondia debaixo do pano com relação à minha cigarrice. Minhas ações passaram a receber todas as interpretações existentes na psicologia. Passei a viver debaixo de um microscópio. E ela a fazer críticas sem dó nem piedade. Como não pretendia fazer cinco anos de faculdade para pagar na mesma moeda, um dia cansei. Venceu o prazo de validade daquela amizade. Mitsuko não conseguiu “sustentar minha singularidade”, nem eu a dela. Essa ainda é a regra geral entre amigos, sou obrigada a confessar.Mas valeu o treino.

Fiéis escudeiros

Mas, se existe alguém capaz de vencer as diferenças e que pode nos servir de exemplo, ele é exatamente Barney Rubble. Quem, além dele, seria capaz de conservar e cuidar tanto de uma amizade com alguém tão diferente de si como Fred Flintstone? Só nosso querido Barney (e talvez por isso ele seja apenas um personagem de desenho animado). Mesmo assim, tem um pulo do gato aí. Qual é o segredo de Barney para manter essa amizade impermeável aos desgastes naturais do tempo? “Em primeiro lugar, ele não perde a calma. Nada o abala, nem os berros de Fred nem suas sacanagens constantes. Ele é totalmente zen”, diz a psicóloga mineira Fátima Aquino, especialista em terapia familiar. Em outras palavras, numa amizade é sempre um dos lados que segura mais as pontas (se for você, é assim mesmo, sinto muito...). “Em segundo lugar, Barney gosta realmente de Fred. E o gostar faz ultrapassar nossos limites”, diz ela. Além disso, o louro baixinho é fiel, atencioso e dedicado por natureza, qualidades que o ajudam na manutenção de um relacionamento. Ele tem vocação para ser amigo.

Do seu lado, Fred também faz sua parte: quando erra,arrepende-se sinceramente, muitas vezes às lágrimas. “Barney e Fred são opostos complementares, faces da mesma moeda. A maioria dos desenhos ou seriados policiais de TV é construída sobre esses pares de amigos (ou inimigos) opostos: Tom e Jerry, Manda-Chuva e Batatinha, Zé Colméia e Catatau. Na verdade, esses aspectos duais e complementares estão em nosso coração”, diz Fátima.

Isso mesmo. Há um Dom Quixote e um Sancho Pança dentro de nós – entre tantos outros.Dom Quixote é nosso lado criativo, inventivo, sonhador, que arrisca a vida pelo amor de sua Dulcinéia. Sancho é nosso lado preguiçoso, simplório e pragmático – quer saber onde é a estalagem mais próxima para tomar um bom vinho e esquecer essa conversa fiada de derrotar gigantes e salvar donzelas. E um precisa do outro – Dom Quixote não daria um passo sem o lado prático de Sancho. E Sancho seria incapaz de sair do seu vilarejo se não lhe acendessem o coração as histórias do Cavaleiro Andante. Agora, quando o lado escudeiro ou cavaleiro não estiver disponível, sorte sua – ou mérito – se há um substituto de carne e osso do lado. Esse é o amigão.

Nos livros O Herói de Mil Faces (Pensamento) e O Poder do Mito (Palas Athena), o mitólogo e professor Joseph Campbell afirma que a maioria dos mitos descreve a maneira pela qual os amigos, ou auxiliares externos, ajudam o protagonista a cumprir seu destino. São seres encantados, animais que falam, anjos, gênios, magos e, principalmente, escudeiros, os fiéis companheiros de travessia. Sem eles, nada feito. Seria ótimo se a gente pudesse olhar para nossos amigos assim, como gente que está ali para nos ajudar a viver a vida.

Foi o que aconteceu com a terapeuta paulista Valéria Pasta. Após uma dolorosa separação, ela se viu num atoleiro sem fim.“Parecia que estava em um terreno de areia movediça. Não conseguia sair e me via afundando cada vez mais”, diz ela. Foi no auge do desespero que uma amiga mais decidida e maternal disse: “Agora chega!” “Se pudesse descrever visualmente esse momento, é como se ela tivesse jogado um anzol, uma corda, para me ajudar a sair dali”, conta. A amiga levou Valéria para a casa dela, cuidou da moça, a alimentou bem e deixou que ela tomasse bastante sol no jardim. Um dia, a boa samaritana sentiu que sua hóspede já estava suficientemente forte para enfrentar a vida de novo e a liberou. Valéria tinha ultrapassado a crise. E hoje ela realiza a tarefa de sua vida: dar assistência espiritual e psicológica para pacientes terminais.“ Só pode se dedicar a isso quem conheceu as dores do fundo da alma”, diz ela. E quem sobreviveu a isso, com ajuda dos amigos.

Tipos inesquecíveis

Há diferentes graus de intimidade e compromisso na amizade. Há o amigo de grandes confidências e o amigo para ir ao cinema e tomar chope. Amigos de infância ocasionalmente também voltam para nossas vidas. E sempre vamos nos lembrar com carinho daqueles amigos que nos ensinaram uma grande lição, que deram um apoio num momento muito difícil ou ainda com quem dividimos aventuras significativas. Uma grande sabedoria é distinguir quem é quem: não trocar confidências com quem se tem uma relação rasa, não exigir que os amigos de infância fiquem para sempre, não esperar que conhecidos e camaradas sejam capazes de arriscar o pescoço por nós. Cada um é um, e o maravilhoso da amizade é exatamente essa sua relatividade elástica. Reconhecendo os limites e capacidades (e, por que não, as funções) de cada amigo, podemos prolongar e cultivar amizades por muitos anos.

É prudente identificar essas diferenças. Na antiga Seleções do Reader’s Digest havia uma seção chamada “Meu Tipo Inesquecível”. Quase sempre o texto continha um depoimento de uma pessoa sobre um amigo que tinha se tornado decisivo num momento crucial da sua vida. As ilustrações variavam de um menino sardento escorregando num monte de feno a um professor maluco andando de pé numa bicicleta. Com isso, sempre imaginei que o meu tipo inesquecível tinha de ser uma pessoa importante que tinha conhecido na infância ou adolescência – até conhecer, há poucos meses, minha vizinha Nilza Campos. Cabelos brancos, criada nas fazendas de Goiás, é a pessoa mais generosa que conheci nos últimos tempos. Não raro, quando me vê afundada numa reportagem, manda uma tigelinha de sopa, “para acalmar o estômago”. É quem empresta o ferro de passar quando o meu quebra, que me indica a faxineira quando a minha vai embora. Com ela posso conversar de todo e qualquer assunto, mesmo com seus 70 anos. É uma das minhas melhores amigas e com certeza um dos “meus tipos inesquecíveis”.

Tem também o amigo de infância. Vez por outra, ele aparece. No geral, esse antigo amiguinho pode ser de uma intimidade constrangedora, principalmente quando faz questão de contar aos seus amigos atuais algo que quase o matou de vergonha há muuuuito tempo atrás, como a idade real em que você deixou de chupar dedo.

A dor e a delícia de encontrar o amigo de infância é que ele quer se relacionar com alguém que, de certa maneira, já morreu: aquele você do passado. É bom porque, pelos olhos dele, dá para medir o tamanho da mudança que sofremos ao longo da vida e atualizar a imagem que fazemos de nós mesmos. Se você gosta de reencontrá-lo, não deixa também de ser um alívio quando ele vai embora (normal, não precisa sentir culpa). Já os amigos que você conheceu na infância e que ficaram ao seu lado podem ser bem mais interessantes. Com eles, você pode testar sua capacidade de tolerância à diferença. Porque, quando crescem, os amigos de infância geralmente se tornam muito diferentes de você, com outras profissões, gostos e maneira de pensar. São, portanto, um ótimo teste.

Amigo só para tomar chope também vale. Mas será que ele é um amigo de verdade? Pergunte a um carioca como Luiz Mello. Ele tem dezenas de amigos assim, para tomar chope, escalar montanha,fazer trekking, azarar, viajar. “São amigos só para isso, ué”, diz ele. Então que seja. Por que não?

Mas difícil de encontrar mesmo é o amigo companheiro. A palavra “companheiro” significa exatamente “aquele que divide o pão”. Esse amigo dá um braço por você,enfrenta o que der e vier por sua causa. E está sempre prestando atenção no que você pode precisar. Uma boa história que fala desse tipo de amizade pode ser vista num grande filme, Perdidos na Noite. Nas ruas de Nova York, surge a amizade comovente entre um rapaz vindo do interior (John Voight fazendo papel de John Voight) e um vagabundo (Dustin Hoffman, num dos melhores desempenhos de sua carreira). Ratto, o vagabundo, convence o amigo a fazer michê para sobreviver na cidade, fazendo o gênero cowboy para mulheres solitárias. Ele segue o conselho. Mas, com tristeza, o rapaz percebe que, aos poucos, uma doença derrota seu grande amigo. Como último gesto de companheirismo, paga uma passagem para Ratto ir à Flórida, o maior sonho do vagabundo. Se você realmente quiser se inspirar nesse tipo de amizade, assista ao filme de novo.

Bom, o assunto é inesgotável. Para terminar, queria lembrar alguém que fez um tratado sobre amizade (Da Amizade, Martins Fontes) há quase 2 mil anos, o senador romano Marco Túlio Cícero. Diz ele que se os deuses nos dessem o paraíso, com suas flores e fontes, paz e abundância, beleza e harmonia, em pouquíssimo tempo a gente morreria de tédio, se não tivéssemos amigos para dividir a experiência. Enfim, sem o sal da amizade, a vida fica sem tempero, sem graça. Não é motivo suficiente para você levantar agora do sofá e ir ver um amigo?

You’ve got a friend

Em muitas tradições religiosas, Deus é considerado o amigo supremo, aquele conhece profundamente nosso coração e nos ama com nossos defeitos e limitações. Entre os muçulmanos, “O Amigo” é um dos 99 nomes de Deus. “Ele é tolerante e protetor com aquele que O ama”, diz o xeque sufi Mohammed Ragip. Afirmam os budistas tibetanos que o Buda que abençoará este milênio chama-se Maytreia, nome que significa “Amigo”. Para o guru indiano Osho, é a amizade, e não mais o temor, que irá caracterizar nossas relações com Deus. No cristianismo, a amizade também é fundamental. A única vez que Jesus Cristo chorou, segundo os Evangelhos, foi com a notícia da morte de um querido amigo, Lázaro. Jesus dava realmente um valor inestimável à amizade. Disse para seus discípulos, pouco antes de fazer sua última refeição com eles: “Já não os chamo mais de servos, mas de amigos...”. E lavou seus pés.

PARA SABER MAIS

VÍDEO
Amizade em Tempos de Risco, Seminário com Jorge Forbes gravado para o programa Café Filosófico, apresentado pela rede de emissoras educativas

terça-feira, junho 03, 2008



MÁQUINAS DESEJANTES


Meu novo blog surgiu através da inspiração de uma conversa com meu namorado sobre o quanto "fazer nada" em algumas situações, ou o que chamei de "do nothing moment" é importante. A partir disso ele começou a falar sobre a "Teoria das máquinas desejantes" de Deleuze e achei esse termo "máquinas desejantes" tão bonito e poético que resolvi criar um blog com este título.



http://maquinasdesejantes.blogspot.com/



Beijos e até mais!


CURVES!


Estou pensando em experimentar a Curves. Há uns dois anos atrás eu fiz uma semana grátis, quando uma amiga minha que estava matriculada me convidou, achei bem legal mas estava sem grana. Umas amigas dizem que pra ficar com o corpo legal é preciso suar muito e que lá no é pro meu tipo, outras dizem que é melhor meia horinha do que nada. Estou pensando em tentar a Curves porque não curti a última academia que entrei. Clima estranho, pouca atenção, sarados esquisitos... não gostei. Mas se for malhar na Curves eu quero fazer todos os dias porque minha TPM e meu-estar pedem. Vamos ver se consigo. O testemunho das moças no site da academia é animador. E tem uma vantagem bacana que é poder fazer por vários bairros da cidade e tem várias filiais, achei bacana e empolgante porque tem perto de mim e perto do meu namorado também. Estou animada, vamos ver, vamos ver... quero mudar meu corpo, mas não dá pra me iludir que farei spining, corrida na esteira, duas horas de musculação... não vou :( , apesar de ter me matriculado recentemente em uma academia tradicional... melhor mudar devagar e fazer o que assumimos que é possível fazer. Devagar e sempre. Mais uma tentativa com amor, humor e alegria.


Estou tentando me animar pra melhorar meu corpo! :)



segunda-feira, junho 02, 2008



AMAZING JOCELYN!


A cantora e compositora inglesa Joss Stone fará cinco apresentações no Brasil em junho. Segundo a gravadora EMI, a turnê terá início no dia 13 na Arena Rio, na capital carioca. Em seguida a artista se apresenta no Via Funchal, dias 15 e 16, em São Paulo; no Teatro Positivo, dia 18, em Curitiba; e no Pepsi on Stage, dia 19, em Porto Alegre. Ainda não há informações sobre os preços dos ingressos.

Com 10 milhões de álbuns vendidos no mundo todo, Joss Stone surgiu no cenário musical aos 16 anos e logo foi descrita pelo jornal “New York Post” como “rica, profunda, comovente”, “diferente de qualquer cantora de sua geração”.

Em 2003, ela lançou o álbum de covers “The soul sessions” e caiu na estrada. Seu primeiro álbum de inéditas, “Mind, body & soul”, foi lançado no ano seguinte. A cantora foi indicada para três prêmios Grammy em 2005.

Seu mais recente trabalho, “Introducing Joss Stone”, lançado no início de 2007, promove uma mistura de soul, rap e R&B com harmonias no estilo dos grupos femininos da Motown.


Joss Stone também gravou uma versão para a música “L.O.V.E.”, de Nat King Cole, que foi utilizada na campanha publicitária na TV do perfume Coco Mademoiselle, da Channel.

O comercial foi estrelado pela atriz inglesa Keira Knightley (Star Wars Episódio 1, Piratas do Caribe) e foi exibido mundialmente ano passado. Eu só descobri essa versão da música quando fui dar uma olhada no site oficial, pois ao entrar nele ela já invade seus ouvidos, adorei!

A interpretação de Miss Stone dessa canção é muito fofa, deliciosa de ouvir e até para dar uma dançadinha.

Confira a seguir o clipe no Youtube, a letra abaixo pra cantar junto e se quiser dê uma olhadinha no site oficial da moça, que é lindo e divertido! Enjoy!



http://www.youtube.com/watch?v=hYqkEb8OhzY

http://www.jossstone.com/


L.O.V.E.


L is for the way you look at me
O is for the only one I see
V is very, very extraordinary
E is even more than anyone that you can adore

Love is all that I can give to you
Love is more than just a game for two
Two in love can make it
Take my heart and please don't break it
Love was made for me and you

L is for the way you look at me
O is for the only one I see
V is very, very extraordinary
E is even more than anyone that you can adore

Love is all that I can give to you
Love is more than just a game for two
Two in love can make it
Take my heart and please don't break it

Love was made for me and you
Love was made for me and you
Love was made for me and you