segunda-feira, setembro 15, 2008

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BÓCIO CRIATIVO


Hoje acordei acometida de "bócio criativo". Primeira informação relevante: eu tenho um *bócio. Ele está mais presente do que nunca desde que descobri em uma visita ao meu médico que ele existe e que pode estar ligeiramente aumentado devido a um desequilíbrio na tireóide. E olha que não tenho nenhum papo, nem papada, nem um aumento visível (esqueçam a foto bizarra do link porque aquele é um caso crônico limítrofe).

Meu papo verdadeiro é interno, um papo sério que eu travo comigo, internamente. Isso ocorre quando tenho surtos criativos... é divertido mas um pouco desesperador porque meu pensamento me arrebata em forma de palavras. É bonito. Meu pensamento desceu (ele desce que nem menstruação) high-tech, a sensação é de que as palavras caem como num mundo de Matrix, em uma espécie de download: as palavras caem de forma veloz, verdes, se encaixando, com aquele som digital. E mesmo em um dia como hoje, de folga, com essa chuvinha fina lá fora, eu podendo dormir até tarde sem culpa, meu criativo bócio me empurrou rumo ao computador às 9h! :0

Minha saga criativa desta segunda começou já na cama. Juro que tentei dormir e deixar pra lá, mas não deu. O escritor e sociólogo italiano Domenico De Masi definiu o momento em que precisamos ficar sem fazer nada (literalmente nada) pra vida fervilhar dentro da cabeça, produzir idéias, novos pensamentos e projetos de "ócio criativo". Esses termos prontos e embalados que a sociedade se apropria e ficam todos repetindo como uns perroquets (se pronuncia pêrroquê, é papagaio em francês) me irritam.

E como não consigo parar de pensar na palavra "bócio", hoje meu ócio criativo é bócio e pronto.

É algo mais forte que eu. Nesse turbilhão pensei mil coisas. Que quero fazer cursos de interpretação pra me aperfeiçoar e inevitavelmente pensei nas possibilidades que meu corpo me oferece, como atriz.

Então lembrei da entrevista maravilhosa da Cássia Kiss na Marília Gabriela ontem, tirando as palavras de minha boca, dizendo que ela precisa cuidar do corpo porque uma atriz obesa só faz o papel de obesa. E ela tá certa. Ela até citou a atriz do Zorra Total, não desmerecendo, mas admitindo que para uma atriz o fator peso prende mesmo. E eu sinto na pele que prende. Porque a maioria dos testes rejeita quem está fora do padrão.

Então tá. Todo mundo já sabe que eu quero e sinto uma necessidade intrinsínseca de emagrecer. E minha força de vontade há de me proporcionar um corpo que me permita trabalhar mais, ter mais papéis, mais satisfação profissional e consequentemente mais conforto pessoal, dinheiro, colares, vestidos, viagens, e poder ir a São Paulo uma vez por mês visitar a Vinte e cinco de março pra comprar bijoux incríveis pro meu acervo.

Enquanto penso em meu controle alimentar e o quanto é fundamental fazer exercício numa academia, a chuva cai lá fora, ainda mais fininha e mais fria me confirmando que exercícios ao ar livre não vão funcionar por conta do fator meteorológico.

Também pensei que preciso reunir tudo que já fiz como atriz na vida para tirar meu registro profissional. Pensei que quero aprender a mexer no photoshop pra botar em prática meu talento de designer e tive várias idéias de curtas para fazer como atriz, jogar no youtube e divulgar meu trabalho. Mas pra eu sair da toca interna, pra fazer tudo isso de forma feliz, essa chuva precisa passar. Como hoje vai ficar difícil de arregaçar as mangas estou de bloquinho em punho anotando minhas idéias, meus anseios, as prioridades... Enquanto a chuva não passa eu assumo que adoro ficar admirando a água caindo do céu. No dia da folga eu me permito este bócio poético. Ver a chuva da janela é bonito demais.

Um comentário:

Papu Morgado disse...

Adorei esta história de bócio criativo. Belo texto. Se um nódulo é um bócio somos companheiras (tenho um nódulo). Somos amigas de bócio e de ócio nos cafés da vida rsrsrs Acordou inspirada a perua! besos