QUE SAUDADES DE CASA!
Ai, que saudades de mim blogueira inveterada e ativa. Ai que saudades de usar esse computador de mesa com essa tela enorme e incrível, por onde vejo o mundo através dessa internet de conexão rapidissíssima. Daqui eu enxergo o meu próprio mundo com mais facilidade, com a praticidade perfeita que a boa tecnologia nos oferece.
E sim, que saudade de meu papaizinho, que é um apaixonado por tecnologias, e que se não fosse por ele, eu não estaria aqui usando essa beleza de computador, que tem na nossa casa no Rio.
Meu pai ama internet e quer que aqui ela possa ser acessada com a velocidade de luz e com a maior qualidade possível, ele é quase obsessivo mas uma obssessividade encaminhada para o bem da família. Que saudade de meu papaizinho.... que saudade de assistir "Sex and the City" e "GNT Fashion" com minha mãe lá no meu quarto e ficar conversando na hora de dormir e rindo de palhaçadas que fazemos que são imperdivelmente engraçadas pra nós duas.
Minha visão de minha casa carioca tem um gôsto interno de recomeço. Vim pra cá passar essa semana, porque atualmente estou noviçando de sexta a domingo. Aliás...trabalhar só de sexta a domingo é TUDÓ!!!!!!!!!!! Ainda mais com teatro musical. Ok. Fazemos duas sessões por dia em cada dia de trabalho mas em compensação (super compensação) meu sábado e domingo é de segunda a sexta e começo a minha semana às 14h de sexta-feira. Um luxo total!
Quando falei do gôsto de recomeço é porque como estamos em estado de constante mudança e aprendizado, comigo não é diferente. I'm always changing...e mudando com atenção e intenção de tentar apesar do altos e baixos, melhorar a vida, a qualidade do trabalho, das relações também, de minha relação com o mundo...
Dá uma sensação de novidade e recomeço de algo diferente essa coisa de ver "minha casa" (casa dos meus pais) de outro ângulo, do ângulo de fora. Atualmente eu moro (adorando a experiência) sozinha em São Paulo, desde fevereiro e, mesmo que seja pouco tempo cronológico, o tempo subjetivo da sensação de maravilha e angústia e dúvidas e alegrias e descobertas, sucessos aqui, fracassinhos acolá, eu coloco tudo no balaio "o sucesso de Julia em Sampa". Não no sentido piégas do sucesso do musical apenas, mas o sucesso de que morando sozinha eu literalmente "SUCEDO". Ocorre a sucessão de eventos, alguns planejados, outros nem tanto, mas a vida anda e anda bem! E é o único caminho, um excelente caminho. Eu me autoregulo em todos os sentidos. E tenho sido ótima comigo!
Tenho o meu amigo Léo Weiner, tenho o Thiago, a Rena, A Anna, a Cidália, A Gê, a Sisi... amo esses e outros amigos que não citei aqui e não me sinto solitária porque tenho a eles por lá. Também tenho a Sandra, o Felipe, a Mari, a Tati, a Lola, o Rodrigo, o Samsão, a Crismarie, todos em mim, no coração, mais ou mais longe, sempre.
Mas estou sim, sozinha. Se eu vou tomar banho ou não quem decide sou eu e apenas eu posso decidir. Calma gente, ninguém me dava banho por aqui em casa antes de me mudar, mas a presença do outro te cobra a fazer coisas, tarefas...por você mesmo. Sem dizer nada, o outro ( que pode ser mãe, pai, namorado, irmão), a presença do outro acaba te cobrando. Mas não é exatamente isso. Vou explicar: Meus pais são tranquilérrimos e meu irmão também, ninguém me cobra muita coisa por aqui. Mas eu falo da cobrança que a gente projeta no olhar do outro e na presença dele. Meu pai por exemplo...acorda cedo (na maioria das vezes) com a vitalidade e garra que ele tem pra trabalhar, isso me faz sentir que eu podia ser mais proativa com minhas coisas, assim como ele é. Mas morando com ele é fácil...é fácil fazer projeções de como ele me vê e pensar que não importa o que ele pense sobre mim, que eu me espelho nele e tudo mais.
O mais difícil, mas também o mais prazeroso do caminhar sozinho, é sentir que por ter um pai e uma mãe tão presentes, amorosos e disponíveis para cuidar de mim sempre...é que eu aprendi a ser meu pai e minha mãe. Aprendi a ser meu pai e minha mãe de mim mesma. Aprendi a cuidar de mim como eles me cuidam.
Diga-se de passagem, cuido muito bem. De modo que não fico sem banho, arrumo meu quarto, arrumo a cabeça com minhas conversas com amigos ou sozinha na hidroginástica ou com insônia, ou lendo livro de auto-ajuda (meu pai abomina mas tem vários que eu adoro e me fazem muito bem).
Eles não estão em mim só porque eu sinto saudades ou porque os amo muito. Eles estão em mim porque eu sou uma parte grande deles. Além disso quando se têm pais zelosos como os meus...eu acho que isso tem um efeito engraçado. Me cuido por mim e por eles, pra mim e pra eles.
Quando tenho alguma dúvida sobre algo nem sempre eu preciso telefonar, entra em minha cabeça um diálogo meu com meu pai e com minha mãe. Ouço o que um e outro diria...a analista também entra nessa das vozes e o Felipe também. Ouço todo mundo e pondero. Tem vezes que parece que a angústia não tem saída, mas estando atenta, ela surge de repente e com a mesma rapidez se vai. É difícil mas é bom, é dureza, mas é ótimo crescer.
Morar sozinha pra mim é uma maneira incrível de me deparar comigo mesma sem filtro e de me enfrentar cara a cara e exercitar quem sou, o que quero, porque quero e pra onde vou. Não tenho mais tanta ansiedade de saber o caminho, só saber que é o meu e que eu construo à minha maneira já é uma baita vitória pra mim.
um beijo pro meu pai e pra minha mãe e pra minhas queridas amigas bolgueiras!